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Espaço rural e relações intergeracionais: considerações a partir de uma experiência em assentamento da reforma agrária (2016)

  • Autor:
  • Autor USP: SILVA, ANA PAULA SOARES DA - FFCLRP
  • Unidade: FFCLRP
  • Sigla do Departamento: 594
  • Subjects: PSICOLOGIA; ASSENTAMENTO RURAL; INFÂNCIA; CULTURA
  • Language: Português
  • Abstract: A pesquisa tem seu interesse situado nas vivências entre adultos e crianças, enquanto grupos geracionais que partilham, negociam e reconstroem, no tempo e no espaço, a cultura de suas comunidades. Os grupos de interesse são aqueles constituídos por moradores de áreas rurais, mais especificamente de assentamentos da reforma agrária. A construção do objeto de pesquisa decorreu de investigações anteriores e da participação em processos formativos com adultos e crianças em assentamento rural. Os resultados das pesquisas indicavam a tensão entre aspectos próprios de áreas urbanas e aqueles peculiares aos contextos investigados, presente nas práticas educativas formais e não formais. Isto acenava para a necessidade de conhecer as relações entre adultos e crianças em consideração aos elementos que caracterizam uma determinada forma rural, nas dinâmicas da relação rural-urbano. Para compreender esse processo, a pesquisa defende que é necessário trazer as formas de ocupação do espaço para a trama de significações das vivências de adultos e crianças, de modo a abordar as dinâmicas intergeracionais encarnadas no espaço e por ele mediadas. A pesquisa orienta-se por a perspectiva histórico-cultural e por contribuições de outras áreas, fazendo uso dos conceitos de periurbanidade, esperança projetual e apropriação do espaço. O objetivo geral é investigar como as características e as significações do espaço atuam na mediação das relações intergeracionais em um assentamento da reforma agrária, em seu processo inicial de implantação. Como estratégia de aproximação ao tema, são apresentadas algumas concepções sobre o rural debatidas no meio acadêmico, que ajudam a decifrar os conteúdos e as dinâmicas singulares ou não desse espaço. Também é realizado um levantamento da produção nacional da Psicologia no e sobre o espaço rural. A revisão priorizou artigospublicados em revistas online e utilizou como fontes a Biblioteca Virtual em Saúde Psicologia BVS-PSI ULAPSI Brasil e o Portal de Periódicos CAPES. O corpus da pesquisa empírica é proveniente dos registros de uma experiência de intervenção no âmbito de uma prática educativa coletiva com crianças e jovens, desenvolvida de 2007 a 2012. O assentamento localiza-se em área periurbana de Ribeirão Preto (SP), é vinculado ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra — MST e seu modelo de produção é agroflorestal. Videogravações das atividades com adultos e crianças, desenhos e outros documentos escritos e fotográficos compuseram o conjunto do material. Do total de material videogravado, foram selecionados episódios de treze encontros. Também foram realizadas entrevistas com sete adultos responsáveis pelo setor de educação e envolvidos no processo de implantação do modelo agroflorestal. Os núcleos de significações identificados no conjunto do material indicaram que o projeto do assentamento estrutura possibilidades dos adultos recuperarem uma ruralidade perdida nas suas trajetórias de vida, desejada de ser partilhada com as gerações mais novas. Ao mesmo tempo, a localização fronteiriça apresenta um risco de perder o modo de vida projetado no espaço, que se reflete em práticas de vigilância, de disciplinamento moral e de cuidado das crianças e jovens. A esperança projetual depositada no modelo do assentamento e a condição periurbana constituem-se como orientadores das ações dos adultos na construção de um destino comum. O modelo de assentamento agroflorestal atua como um sistema simbólico,carregado de significações positivas, que medeia os processos de apropriação do espaço. As transformações provocadas no espaço e nos assentados, em termos de conhecimento e relação com a natureza, autorizam os adultos a se apresentarem como sujeitos que constroem legados para as gerações mais novas, cujos patrimônios são, antes de tudo, conquistas e valores humanos e ambientais. A dimensão temporal longa imposta pelo sistema agroflorestal faz sobrepor o futuro no tempo presente e antecipa as preocupações dos assentados acerca da continuidade de trajetórias familiares, permeadas pelos discursos agroecológicos, e da existência do assentamento. O assentamento e o seu projeto tornam-se uma herança, um patrimônio. Contudo, esse patrimônio não tem materialidade conquistada; ele necessita ser cultivado entre as gerações para ser perene. A pesquisa permite conhecer um espaço rural vivo e dinâmico, no qual os projetos para sua existência orientam e medeiam as relações intergeracionais e são por elas (re)criados, no conjunto das condições materiais e simbólicas.
  • Imprenta:
  • Data da defesa: 22.11.2016

  • How to cite
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    • ABNT

      SILVA, Ana Paula Soares da. Espaço rural e relações intergeracionais: considerações a partir de uma experiência em assentamento da reforma agrária. 2016. Tese (Livre Docência) – Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto, 2016. . Acesso em: 08 out. 2024.
    • APA

      Silva, A. P. S. da. (2016). Espaço rural e relações intergeracionais: considerações a partir de uma experiência em assentamento da reforma agrária (Tese (Livre Docência). Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto.
    • NLM

      Silva APS da. Espaço rural e relações intergeracionais: considerações a partir de uma experiência em assentamento da reforma agrária. 2016 ;[citado 2024 out. 08 ]
    • Vancouver

      Silva APS da. Espaço rural e relações intergeracionais: considerações a partir de uma experiência em assentamento da reforma agrária. 2016 ;[citado 2024 out. 08 ]


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