Evolução da homeostase osmótica em caranguejos semiterrestres: a fisiologia osmorregulatória na terrestrialização de Uca (Decapoda, Brachyura) (2011)
- Authors:
- Autor USP: FARIA, SAMUEL COELHO DE - FFCLRP
- Unidade: FFCLRP
- Sigla do Departamento: 592
- Subjects: DECAPODA; FISIOLOGIA (EVOLUÇÃO); REGULAÇÃO DA TEMPERATURA CORPORAL ANIMAL
- Language: Português
- Abstract: A homeostase de um milieu intérieur diante variações ambientais de, por exemplo, temperatura, p’O IND. 2’ e p’CO IND. 2’, pH, água ou salinidade é resultado de processos fisiológicos que atenuam a influência destes ou que permitem a coexistência com tais. Admite-se, historicamente, que a evolução de fenômenos fisiológicos está diretamente associada à conquista de nichos osmóticos distintos, como a diversificação de habitats em terra. Contudo, há 56 anos, Warren Gross questionou o valor adaptativo da fisiologia osmorregulatória em caranguejos terrestres, reclamando por novos estudos que recuperassem os mecanismos evolutivos adjacentes às transformações fisiológicos na colonização da terra firme. Engajado em respondê-lo e em testar a hipótese de uma evolução osmorregulatória associada à terrestrialização de caranguejos, o presente trabalho caracterizou a fisiologia osmótica em diversas populações das dez espécies de 'chama-marés' (Brachyura, Uca) distribuídas pela costa brasileira, gênero cujas espécies compõem um gradiente distribucional desde o baixo entre-marés até regiões a dezenas de quilômetros da costa. Mediu-se a osmolalidade da hemolinfa em exemplares de cada população de cada espécie após exposição direta a meios desde água destilada (<0,5 ‰, 15 mOsm/kg ‘H IND. 2’O) à hipersalina (118‰, 3540 mOsm/kg ‘H IND. 2’O) por cinco dias, sendo uma curva resposta confeccionada para a extração de variados parâmetros fisiológicos. Ainda, amostras de músculo foram retiradas para quantificar a concentração total de aminoácidos livres intracelulares [AAL], bem como estimar a contribuição desses osmólitos orgânicos à osmolalidade intracelular. Os achados demonstram que: (i) as populações de 'chama-marés' da costa brasileira expressam diferença na magnitude de cada parâmetro auferido; (ii) a sobrevivência é notável, desde águadestilada até água do mar a≈390%; (iii) a forte homeostase osmótica da hemolinfa resulta de um poder regulatório médio de 0,25, este correspondente a uma alteração de ≈470 mOsm/kg ‘H IND. 2’O na osmolalidade extracelular diante uma mudança de ≈1900 mOsm/kg ‘H IND. 2’O do meio externo; (iv) e a mobilização da [AAL] não parece responder à exposição salina após 5 dias. Pelo fato da literatura documentar o clado de 'chama-marés' indo-pacífico como mais marinho que os clados americanos, mais terrestres, a aplicação de estatísticas filogenéticas comparativas em 24 espécies de Uca, de ambas as regiões, e para as quais existem dados osmorregulatórios, pôde resgatar a história evolutiva da homeostase osmótica nesse grupo. Espécies proximamente relacionadas não compartilham nichos osmóticos semelhantes, estes que ainda demonstram distribuição homoplástica; alguns parâmetros fisiológicos de fato demonstram uma evolução adaptativa, enquanto outros uma evolução fortemente imbricada em heranças compartilhadas, embora em cooptação da salinidade em níveis mais inclusivos. Assim, a evolução da homeostase osmótica em Uca aparenta refletir tanto regimes seletivos específicos quanto os eventos cladogenéticos do grupo, sendo seleção natural e a deriva genética alguns dos possíveis mecanismos evolutivos contíguos às transformações macroevolutivas nos 'chama-marés', como a diversificação das comunidades no espaço e a conquista da terra firme
- Imprenta:
- Publisher place: Ribeirão Preto
- Date published: 2011
- Data da defesa: 29.08.2011
-
ABNT
FARIA, Samuel Coelho de. Evolução da homeostase osmótica em caranguejos semiterrestres: a fisiologia osmorregulatória na terrestrialização de Uca (Decapoda, Brachyura). 2011. Dissertação (Mestrado) – Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto, 2011. . Acesso em: 29 abr. 2025. -
APA
Faria, S. C. de. (2011). Evolução da homeostase osmótica em caranguejos semiterrestres: a fisiologia osmorregulatória na terrestrialização de Uca (Decapoda, Brachyura) (Dissertação (Mestrado). Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto. -
NLM
Faria SC de. Evolução da homeostase osmótica em caranguejos semiterrestres: a fisiologia osmorregulatória na terrestrialização de Uca (Decapoda, Brachyura). 2011 ;[citado 2025 abr. 29 ] -
Vancouver
Faria SC de. Evolução da homeostase osmótica em caranguejos semiterrestres: a fisiologia osmorregulatória na terrestrialização de Uca (Decapoda, Brachyura). 2011 ;[citado 2025 abr. 29 ] - Aquecimento global é a principal causa da morte dos recifes de corais [Depoimento]
- Uma macrofisiologia em caranguejos neotropicais do entremarés: temperatura e filogenia na evolução de compromissos funcionais
- Conheça fatores que contribuem para o declínio populacional do caranguejo guaruçá [Depoimento]
- Repórter Canção Nova faz uma viagem ao fundo do mar [Depoimento]
- The adaptationist programme in the crustacean physiology
- Is citrate synthase an energy biomarker in Southwestern Atlantic corals? A comparative, biochemical approach under a simulated scenario of climate change
- Osmoionic homeostasis in molluscs bivalves inhabitants of different osmotic niches: physiological and evolutionary patterns
- Learning evolution from crustacean physiology: a phylogenetic perspective on habitat diversification
- Reporter Eco: edição especial da Semana do Meio Ambiente [Depoimento]
- Can hyper/hypo-osmoregulating fiddler crabs from the Atlantic coast of South America mobilize intracellular free amino acids as osmotic effectors during salinity challenge?
How to cite
A citação é gerada automaticamente e pode não estar totalmente de acordo com as normas