O diagnóstico médico como narrativa social: revistas médicas paulistas 1889-1912 (2016)
- Autor:
- Autor USP: SILVA, MÁRCIA REGINA BARROS DA - FFLCH
- Unidade: FFLCH
- Assuntos: DIAGNÓSTICO; SOCIOLOGIA
- Idioma: Português
- Resumo: O objetivo desta apresentação é discutir a inserção da ciência nos processos de mudanças políticas e sociais por meio da análise de artigos publicados nas revistas médicas paulistas criadas no final do século XIX. A ação de qualificar a sociedade paulista para além do dado médico se verificava nas indicações ‘sociologizantes’ que os artigos faziam para assentar a informação científica. Em vários textos o cientista embasava discussões sobre doenças em um amplo diagnóstico das relações humanas, de trabalho e de vivência, dos moradores de São Paulo. Como veremos nestas associações as distinções de classe se naturalizavam, e a presumível solução para os problemas apontados passava em geral por indicativos de construção de autoridade tanto quanto por questões de tratamento e saúde. Em um periódico importante como a Revista Médica de São Paulo (jornal pratica de medicina, cirurgia e higiene), criada em 1898, podemos ver o médico Adolpho Lutz num momento de construção deste tipo de associação, entre dado científico e diagnóstico sanitário-sociológico das condições de vida em São Paulo, como a helmintíase, por exemplo. Para o embate da medicina com as doenças epidêmicas Adolpho Lutz apontava ao médico o dever de funções que não deveriam se concentrar apenas no ato diagnóstico e na cura. Tais ações deveriam sim ser mais “complexificadas”, pois deveriam estar concentradas tanto no âmbito da atividade clínica, quanto na busca pela posse dos saberes mais atualizados. Isto porque o médico deveria tanto ser efetivo no tratamento, quanto, e talvez principalmente, atuar no esclarecimento à população desinformada, ignorante e até mesmo obtusa para com as coisas da saúde. O procedimento não era especialmente exclusivo de Lutz, mas adotado de modo sistemático por grande parte do grupo médico dirigente, que também pertenciam aos quadros da produçãomédico-experimental “de ponta” naquele momento, conforme visto em grande quantidade de artigos consultados para o período. É possível apontar que o procedimento de avaliação comportamental indicado no texto de Adolpho Lutz, por exemplo, não tem mais lugar neste tipo de texto tornado cada vez mais técnico. Isso pode se confirmar no acompanhamento de conjuntos de revistas médicas em período de tempos maiores, como o projeto anterior tem procurado apontar, perfil que o texto técnico adquire e que cada vez mais pretende afastá-lo de um discurso político explícito. Todavia o texto científico condiciona ainda toda uma ação política-institucional, que claramente apresenta diversos desdobramentos sociais.
- Imprenta:
- Editora: SBHC
- Local: Rio de Janeiro
- Data de publicação: 2016
- Fonte:
- Título do periódico: Caderno de resumo
- Nome do evento: Seminário Nacional de História da Ciência e da Tecnologia
-
ABNT
SILVA, Márcia Regina Barros da. O diagnóstico médico como narrativa social: revistas médicas paulistas 1889-1912. 2016, Anais.. Rio de Janeiro: SBHC, 2016. . Acesso em: 25 abr. 2024. -
APA
Silva, M. R. B. da. (2016). O diagnóstico médico como narrativa social: revistas médicas paulistas 1889-1912. In Caderno de resumo. Rio de Janeiro: SBHC. -
NLM
Silva MRB da. O diagnóstico médico como narrativa social: revistas médicas paulistas 1889-1912. Caderno de resumo. 2016 ;[citado 2024 abr. 25 ] -
Vancouver
Silva MRB da. O diagnóstico médico como narrativa social: revistas médicas paulistas 1889-1912. Caderno de resumo. 2016 ;[citado 2024 abr. 25 ] - Desigualdades raciais no Brasil: um desafio persistente
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