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Retorno dos EUA à Unesco reforça multilateralismo: Dallari avalia que a decisão norte-americana tem como razão imediata o temor da crescente influência da China na Unesco e em outros espaços de cooperação internacional, como a OMS. [Entrevista a Sandra Capomaccio] (2023)

  • Autor:
  • Autor USP: DALLARI, PEDRO BOHOMOLETZ DE ABREU - IRI
  • Unidade: IRI
  • Subjects: DIREITOS HUMANOS; ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL; ESTADOS UNIDOS
  • Keywords: Multilateralismo
  • Language: Português
  • Abstract: Há pouco mais de dez dias, os Estados Unidos voltaram a fazer parte da Unesco, e isso é muito significativo para o reforço do multilateralismo e da governança mundial, dada a grande relevância do país e daquela organização internacional. Fundada em 1945, logo após o final da Segunda Guerra Mundial, a Unesco é uma das mais destacadas organizações especializadas do sistema coordenado pela ONU, a Organização das Nações Unidas. A sigla Unesco corresponde à Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura, cuja denominação já define bem seu campo específico de atuação, que é vital para a promoção da cidadania e dos direitos humanos. Os Estados Unidos são um dos membros fundadores da Unesco, mas haviam se desligado em 2018, na Presidência de Donald Trump, por considerarem que a organização adotava postura sistemática contra os interesses do Estado de Israel, tradicional aliado norte-americano. Antes disso, em 2011, no governo do presidente Barack Obama, a contribuição financeira norte-americana já havia sido interrompida, em protesto contra a admissão da Palestina como Estado-membro da organização. Entre outros efeitos, o retorno dos Estados Unidos acarretará uma elevação substancial nos recursos financeiros da Unesco. Por conta do peso de sua economia, a contribuição regular do país equivalerá a 22% do orçamento anual da organização, que é de mais de US$ 500 milhões. E o governo do presidente Joe Biden se comprometeu a pagar adicionalmente US$ 619 milhões, valor da contribuição que deixou de ser entregue pelos norte-americanos entre 2011 e 2018. A decisão norte-americana de pleitear seu retorno certamente tem como razão imediata o temor da crescente influência da China na Unesco e em outros espaços de cooperação internacional, como a Organização Mundial da Saúde. A maior influência chinesa seria uma decorrênciajustamente da decisão do governo Trump de renegar o multilateralismo, postura que o governo Biden tem procurado reverter. Em evidente protesto contra essa suposta motivação antichinesa dos norte-americanos, a China votou pela rejeição do pedido de readmissão, tendo sido acompanhada por outros nove países fortemente contrários aos Estados Unidos, como a Rússia, o Irã e a Coreia do Norte. No entanto, esses dez votos contrários e as cinco abstenções foram largamente superados pelos 132 votos de países favoráveis à volta dos Estados Unidos à Unesco, inclusive o voto do Brasil. E existe uma clara razão para essa larga maioria, que não passa pela rivalidade entre Estados Unidos e China. É que há uma noção generalizada de que a rápida aceleração de crises que colocam em risco as condições para a sobrevivência da espécie humana no nosso planeta exige o reforço do multilateralismo, isto é, da necessidade dos países de todo o mundo, especialmente as grandes potências, buscarem o entendimento imprescindível para que se consiga superar essas crises, ou ao menos minimizar seus efeitos. Isso vale para assuntos como a elevação do aquecimento global, a persistência de conflitos armados, a falta de controle sobre as armas nucleares e a ameaça de novas pandemias. E o reforço do multilateralismo é necessário, também, para se enfrentar desafios que fazem parte do campo de atuação da Unesco, que, entre outros encargos, será um dos principais ambientes de discussão e definição de políticas globais relacionadas à inteligência artificial e à enorme insegurança que a extrema velocidade de sua expansão está gerando. Portanto, o retorno dos Estados Unidos à Unesco é uma boa notícia
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    • ABNT

      DALLARI, Pedro Bohomoletz de Abreu. Retorno dos EUA à Unesco reforça multilateralismo: Dallari avalia que a decisão norte-americana tem como razão imediata o temor da crescente influência da China na Unesco e em outros espaços de cooperação internacional, como a OMS. [Entrevista a Sandra Capomaccio]. Globalização e Cidadania. São Paulo, SP: Rádio USP (93,7 MHz). Disponível em: https://jornal.usp.br/?p=657877. Acesso em: 25 abr. 2025. , 2023
    • APA

      Dallari, P. B. de A. (2023). Retorno dos EUA à Unesco reforça multilateralismo: Dallari avalia que a decisão norte-americana tem como razão imediata o temor da crescente influência da China na Unesco e em outros espaços de cooperação internacional, como a OMS. [Entrevista a Sandra Capomaccio]. Globalização e Cidadania. São Paulo, SP: Rádio USP (93,7 MHz). Recuperado de https://jornal.usp.br/?p=657877
    • NLM

      Dallari PB de A. Retorno dos EUA à Unesco reforça multilateralismo: Dallari avalia que a decisão norte-americana tem como razão imediata o temor da crescente influência da China na Unesco e em outros espaços de cooperação internacional, como a OMS. [Entrevista a Sandra Capomaccio] [Internet]. Globalização e Cidadania. 2023 ;[citado 2025 abr. 25 ] Available from: https://jornal.usp.br/?p=657877
    • Vancouver

      Dallari PB de A. Retorno dos EUA à Unesco reforça multilateralismo: Dallari avalia que a decisão norte-americana tem como razão imediata o temor da crescente influência da China na Unesco e em outros espaços de cooperação internacional, como a OMS. [Entrevista a Sandra Capomaccio] [Internet]. Globalização e Cidadania. 2023 ;[citado 2025 abr. 25 ] Available from: https://jornal.usp.br/?p=657877


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