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Evolução metalogenética do depósito de Cu-(Ni-Zn) Jatobá, Província Mineral de Carajás (2017)

  • Authors:
  • Autor USP: VELOSO, ANGELA SUELEM ROCHA - IGC
  • Unidade: IGC
  • Sigla do Departamento: GSA
  • Subjects: METALOGÊNESE; HIDROTERMALISMO; QUÍMICA MINERAL; ISÓTOPOS ESTÁVEIS
  • Language: Português
  • Abstract: A Província de Carajás, localizada no Cráton Amazônico, possui vários depósitos cuproauríferos que merecem atenção devido ao seu conteúdo elevado de magnetita hidrotermal e altos teores de ETR, P, Ni, Co, Pd e U, semelhantes aos dos depósitos de óxido de ferro-cobre-ouro (IOCG). O depósito Jatobá é parte de um conjunto de depósitos IOCG reconhecidos no Cinturão Sul do Cobre em Carajás. Estes depósitos, que incluem Sossego, Cristalino, Alvo 118, Bacaba, Castanha, Bacurim, Visconde e outros, estão localizados em estruturas subsidiárias na Zona de Cisalhamento Canaã de direção E-W e WNW-ESE. As rochas hospedeiras do depósito Jatobá compreendem metadiabásio, metabasalto amigdaloidal, brechas metavolcaniclásticas félsicas, metalapilli tufos máficos e metariodacito porfirítico (LA-ICP-MS U-Pb em zircão, 2.700 ± 16 Ma, MSWD = 22), atribuídos ao Supergrupo Itacaiúnas. As rochas hospedeiras menos alteradas derivadas de protólitos máficos registram paragênese de fácies xisto verdeinferior (albita-actinolita I). A intensa e pervasiva alteração hidrotermal foi prévia, sin-tectônica e tardia em relação ao desenvolvimento da zona de cisalhamento Canaã. A alteração hidrotermal precoce abrange silicificação, alteração sódica (albita I, scapolita I), sódica-cálcica (ferropargasita) e potássica (biotita I, turmalina, Cl-apatita I, Ce-allanita I). Os porfiroclastos de albita (I) e escapolita (I) são amendoados e apresentam sombra de pressão nas rochas miloníticas, indicando a sua blastese anterior ao desenvolvimento da zona de cisalhamento. Os principais estágios de alteração hidrotermal sintectônica compreendem alteração sódicocálcica (escapolita II), cálcico (actinolita II, Cl-apatita II, Ce-allanita II, quartzo) e potássica (Cl-Khastingsita I, biotita II, quartz, Co-magnetita IV, Cl-apatita III, Ce-allanita III) controlada pela foliação milonítica. Veios com magnetita (III) e corpos de magnetitamaciça (IV) representam envelopes proximais de zonas mineralizadas. Os magnetititos são cortados por actinolita fibrosa (II), magnetita (V) e Cl-apatita, que também promovem a sua brechação. A alteração hidrotermal tardi tectônica é representada por cloritização e por veios de escapolita (III), que por sua vez são cortadas por vênulas com escapolita (IV), Cl-K-hastingsita (II) e biotita (III). As zonas mineralizadas em cobre-ouro-(níquel) no depósito de Jatobá compreendem corpos de minério verticais a subvertidos espacialmente relacionados a diques de metadiabásio e zonas de contato entre metariodacitos e metabasaltos. As zonas mineralizadas foram formadas em quatro estágios. O estágio de mineralização (I) é espacialmente relacionado a corpos de magnetita maciça e à alteração cálcica sintectônica (actinolita II-magnetita V). Caracteriza-se pela associação de Nipirrtotita, Ni-pirita e Cl-apatita (II), e subordinadamente, Co-calcopirita, Ce-allanita II, Co-pentlandita, quartzo e Ce-monazita. A transição para o estágio de mineralização (II) foi acompanhada por diminuição dos teores de Ni e Co e da quantidade de pirrotita e actinolita. O estilo de mineralização evoluiu de frentes de substituição controladas pela foliação milonítica a zonas de brechas hidráulicas. O estágio de mineralização (II) foi relacionado ao desenvolvimento da alteração potássica sintectônica (II) e representado por um sistema de corpos fortemente orientados e interligados com biotita (II), Clapatita (III), Co-magnetita (IV), Ilmenita (I), Ce-allanita (III) e quartzo, além de porções discretas contendo Ni-pirita e Co-calcopirita. Brechas com matriz constituída de biotita (II) e Co-calcopirita (± Ni-pirita ± Ni-pirrotita) e fragmentos de magnetita maciça representam os corpos mais ricos em cobre formados nesse estágio. O terceiro estágio de mineralização do depósito de Jatobá se distingue dos outros por seu controle estruturalexercido por estruturas dúcteis-rúpteis. Esse estágio foi sincrônico à alteração hidrotermal com biotita mais clara ou verde (III), escapolita (IV), F-Cl-apatita (IV), Cl-K hastingsita (II), Co-calcopirita e siegenita I (± Co-pirita, ± Co-magnetita ± cassiterita). O estágio de mineralização tardia (IV), o mais expressivo no depósito Jatobá, foi concomitante à formação de clorita (II), quartzo, epidoto e calcita. Ocorre em uma variedade de veios ramificados e brechas com Co-calcopirita, Co-pirita, esfalerita, molibdenita, uraninita e monazita. Outros tipos de veios tardios compreendem aqueles com quartzo-calcopirita-feldspato potássico (± molibdenita, Copentlandita e siegenita II) e vênulas finas com clorita-calcopirita, hematita, carbonatos de terras raras (bastnäsita, coskrenita e sahamalita), pirita, esfalerita, ilmenita, marcassita, leucoxênio e adulária. Os dados litoquímicos para amostras de minério mostram que o estágio inicial de mineralização (I) se caracteriza pelo maior conteúdo de Fe2O3 (71,49 a 63,91%), Ni (3930 a 1270 ppm), Co (2320 a 670 ppm), V (740 a 590 ppm), Pd (81 a 372 ppb) e Pt (2 a 17 ppb). Os conteúdos mais alto de ΣETR (até 6773,92 ppm), U (até 48,50 ppm), Th (até 23,30 ppm), P2O5 (até 7,97%), Sn (até 24 ppm), Nb (até 7,50 ppm), W (até 322,50 ppm), Zn (até 482 ppm) e ouro (até 1310,80 ppm) foram caracterizados em amostras de minério formadas durante o estágio de mineralização (IV). A concentração elevada de Ti, V, Ni e Cr em magnetita do depósito Jatobá aponta para condições de alta temperatura (> 500 °C) durante a sua formação, semelhante à dos sistemas magmático-hidrotermais (por exemplo, IOCG, óxido de ferro-apatita (IOA) do tipo Kiruna e depósitos de cobre do tipo pórfiro), especialmente durante o evento inicial de mineralização. Os dados de isótopos de oxigênio apontam para a diminuição da temperatura do estágio de metassomatismo de ferro pré-mineralização(558 oC) aos estágios de mineralização (II = 507 oC; III = 422 oC; IV = 327 oC). No entanto, uma variação relativamente pequena dos valores calculados de 18OH2O (9,53 ‰ a 5,41 ‰) foi registrada durante a evolução paragenetica do depósito Jatobá. Os valores de 18OH2O e DH2O (-44,88 ‰ a -30,25 ‰) se sobrepõem ao das águas magmáticas primárias e água magmática félsica. O aumento gradual do conteúdo de Cl na estrutura da escapolita (I) a (III) também indica uma evolução progressiva a partir de fluidos hipersalinos de alta temperatura e tamponamento das atividades de cloro no sistema. A composição química da escapolita, juntamente aos dados de isótopos estáveis, pode apontar para limitada mistura de fluidos envolvendo fluidos externamente derivados. Os valores de 34S de sulfetos (0,27 ‰ a 1,80 ‰) indicam fontes magmáticas de enxofre. O aumento dos valores de 34Ssulfetos durante a evolução paragenética foi acompanhado da diminuição dos teores de Ni + Co e V e aumento do teor de Sn + W + Nb em amostras de minério, sugerindo que parte do enxofre e metais podem ter sido lixiviados de rochas máficas-(ultramáficas). A composição altamente radiogênica dos isótopos de Pb em calcopirita (206Pb/204Pb = 99,35 a 245,73; 207Pb/204Pb = 32,53 a 62,24; 208Pb/204Pb = 55,58 a 172,6) sugerem idade arqueana para o último estágio de mineralização (IV). Tais assinaturas podem ter resultado de perturbações no sistema devido ao alto conteúdo de U nos fluidos hidrotermais e à incorporação de Pb (ou U) radiogênicos no sulfeto a partir de uma fonte externa após a sua formação. O conjunto de dados indica que o depósito de Jatobá foi formado nas raízes de um sistema mineral IOCG arqueano mineral partir de fluxo canalizado de fluidos magmáticos. A assinatura de minério de Jatobá pode refletir evolução estreitamente relacionada com o extensivo magmatismo alcalino reconhecido na Província Carajás emca. 2,74 Ga, com herança de granitos tipo A e gabros, a partir de intensos processos de interação fluido-rocha envolvendo fluidos alcalinos residuais.
  • Imprenta:
  • Data da defesa: 22.09.2017
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    • ABNT

      VELOSO, Ângela Suélem Rocha. Evolução metalogenética do depósito de Cu-(Ni-Zn) Jatobá, Província Mineral de Carajás. 2017. Tese (Doutorado) – Universidade de São Paulo, São Paulo, 2017. Disponível em: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/44/44137/tde-21012019-150709/. Acesso em: 24 abr. 2024.
    • APA

      Veloso, Â. S. R. (2017). Evolução metalogenética do depósito de Cu-(Ni-Zn) Jatobá, Província Mineral de Carajás (Tese (Doutorado). Universidade de São Paulo, São Paulo. Recuperado de https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/44/44137/tde-21012019-150709/
    • NLM

      Veloso ÂSR. Evolução metalogenética do depósito de Cu-(Ni-Zn) Jatobá, Província Mineral de Carajás [Internet]. 2017 ;[citado 2024 abr. 24 ] Available from: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/44/44137/tde-21012019-150709/
    • Vancouver

      Veloso ÂSR. Evolução metalogenética do depósito de Cu-(Ni-Zn) Jatobá, Província Mineral de Carajás [Internet]. 2017 ;[citado 2024 abr. 24 ] Available from: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/44/44137/tde-21012019-150709/


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