Efeito da fluoxetina sobre a memória de extinção envolve a modulação da via BDNF/TrkB hipocampal (2017)
- Authors:
- Autor USP: DINIZ, CASSIANO RICARDO ALVES FARIA - FMRP
- Unidade: FMRP
- Sigla do Departamento: RFA
- Subjects: MEDO; HIPOCAMPO; DORSO; ANTIDEPRESSIVOS
- Language: Português
- Abstract: O transtorno de estresse pós-traumático (TEPT) é o produto de uma resposta mal adaptativa de medo condicionado à exposição a estressores e traumas intensos. No TEPT, pistas neutras e similares às pistas presentes durante o evento traumático são associadas uma a outra e se tornam gatilhos ambientais para sintomas que incluem revivência mental do trauma, hiperexcitação autonômica e comportamento de esquiva. O TEPT surge a partir de uma generalização de pistas ambientais e da incapacidade de eliminar ou atenuar a resposta condicionada de medo (extinção). O modelo animal do medo condicionado ao som permite o estudo da resposta condicionada ao associar um som (estímulo neutro) com um choque (estímulo incondicionado), o qual é aversivo ao rato. O som torna-se então o estímulo condicionado, o qual passa a engatilhar a resposta de medo condicionado. É possível extinguir a resposta condicionada ao reexpor o animal ao som repetidas vezes, na ausência do estímulo aversivo. Evidências indicam que ambos humanos e animais com déficits na memória de extinção apresentam alterações morfológicas e funcionais no hipocampo. Fármacos antidepressivos atenuam essas alterações e favorecem a memória de extinção, efeito que parece depender dos níveis hipocampais de BDNF (brain derived neurotrophicfactor), uma neurotrofina importante para a plasticidade neuronal. Embora o hipocampo seja uma unidade funcional contínua, a estrutura pode ser dividida em porção dorsal (HD) e ventral (HV), para as quais tem sido descrito diferentes papéis na modulação de funções comportamentais e/ou cognitivas, bem como diferenças neuroanatômicas e moleculares. No entanto, não está claro se haveria uma participação diferencial nos níveis de BDNF entre as subdivisões hipocampais no efeito dos antidepressivos sobre a memória de extinção. A fim de agregar conhecimento a esse tópico esse trabalho avaliouse o efeito da fluoxetina (FLX) sobre a memória de extinção depende da modulação dos níveis de BDNF tanto no HD quanto HV. No primeiro experimento, observamos que o tratamento por doze dias com FLX facilitou a memória de extinção, enquanto o tratamento agudo com FLX não foi capaz de promover qualquer alteração comportamental. Com relação ao HD, verificou-se que apenas o tratamento crônico com FLX aumentou os níveis locais de BDNF. Como esperado, a infusão de K252a (inibidor funcional dos receptores de BDNF - TrkB) no HD, logo após o protocolo de extinção, preveniu o efeito do tratamento crônico com FLX sobre a memória de extinção. Curiosamente, a infusão de BDNF diretamente no HD, logo após o protocolo de extinção, teve efeito oposto ao tratamento crônico com FLX ao prejudicar a consolidação da memória de extinção. A exposição do animal ao protocolo de extinção per si foi capaz de diminuir os níveis de pTrkB no HD, efeito este que o tratamento crônico com FLX preveniu. O próprio protocolo de extinção também promoveu uma diminuição dos níveis de caspase 3 no HD, porém, este efeito não foi alterado pelo tratamento crônico com FLX. Quanto ao HV, apenas o tratamento agudo com FLX foi capaz de aumentar os níveis de BDNF, contudo, a infusão de K252a nessa estrutura logo após o protocolo de extinção conseguiu prevenir o efeito do tratamento crônico com FLX. A infusão de BDNF diretamente sobre o HV, logo após o protocolo de extinção, mimetizou o efeito do tratamento crônico com FLX ao favorecer a consolidação da memória de extinção. A exposição do animal ao protocolo de extinção foi suficiente para diminuir os níveis de pTrkB no HV, ao passo que o tratamento crônico com FLX reforçou esta alteração. O protocolo de extinção per si foi também capaz de diminuir os níveis de caspase 3 no HV e novamente este efeito foi reforçado com o tratamentocrônico com FLX. Por fim, a administração intracerebroventricular de ANA-12 (antagonista dos receptores TrkB), logo após o protocolo de extinção, facilitou a consolidação da memória de extinção. Em conjunto, todos os dados sugerem que o efeito da fluoxetina sobre a memória de extinção depende da modulação dos níveis de BDNF tanto no HD quanto no HV
- Imprenta:
- Publisher place: Ribeirão Preto
- Date published: 2017
- Data da defesa: 28.04.2017
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ABNT
DINIZ, Cassiano Ricardo Alves Faria. Efeito da fluoxetina sobre a memória de extinção envolve a modulação da via BDNF/TrkB hipocampal. 2017. Tese (Doutorado) – Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto, 2017. . Acesso em: 19 mar. 2024. -
APA
Diniz, C. R. A. F. (2017). Efeito da fluoxetina sobre a memória de extinção envolve a modulação da via BDNF/TrkB hipocampal (Tese (Doutorado). Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto. -
NLM
Diniz CRAF. Efeito da fluoxetina sobre a memória de extinção envolve a modulação da via BDNF/TrkB hipocampal. 2017 ;[citado 2024 mar. 19 ] -
Vancouver
Diniz CRAF. Efeito da fluoxetina sobre a memória de extinção envolve a modulação da via BDNF/TrkB hipocampal. 2017 ;[citado 2024 mar. 19 ] - Estudo do envolvimento da via NMDA-NO do eixo dorso-ventral do hipocampo sobre o comportamento induzido pelo estresse de nado forçado
- Facilitation of TRKB activation by the angiotensin II receptor type-2 (AT2R) agonist C21
- Dorsal hippocampal muscarinic cholinergic receptors orchestrate behavioral and autonomic changes induced by contextual fear retrieval
- The interaction between hippocampal cholinergic and nitrergic neurotransmission coordinates NMDA-dependent behavior and autonomic changes induced by contextual fear retrieval
- Nitric oxide signalling and antidepressant action revisited
- Dual mechanism of TRKB activation by anandamide through CB1 and TRPV1 receptors
- Crotoxin-induced mice lung impairment: role of nicotinic acetylcholine receptors and COX-derived prostanoids
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