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Efeito dometoprolol na reversão da disfunção cardíaca em cirróticos não alcoólicos: estudo randomizado (2015)

  • Autores:
  • Autor USP: SILVESTRE, ODILSON MARCOS - FM
  • Unidade: FM
  • Sigla do Departamento: MCP
  • Assuntos: ENSAIO CLÍNICO CONTROLADO RANDOMIZADO; CIRROSE HEPÁTICA; MIOCARDIOPATIAS; VENTRÍCULO CARDÍACO; FÁRMACOS (SISTEMA CARDIOVASCULAR); HIPERTENSÃO PORTAL; BETA-BLOQUEADORES; ADRENÉRGICOS
  • Palavras-chave do autor: Cardiomyopathies; Cardiac remodeling; Cirrhosis; Portal hypertension; Adrenergic beta-antagonists; Metoprolol; Radomized controlled trial
  • Idioma: Português
  • Resumo: Introdução: A disfunção cardíaca relacionada à cirrose acomete pacientes com insuficiência hepática avançada e pode estar associada a complicações como a síndrome hepatorrenal. Diferente do que ocorre na insuficiência cardíaca, em que o tratamento farmacológico com betabloqueadores é reconhecidamente eficaz em reverter o remodelamento cardíaco e aumentar a sobrevida, ainda não foi testada nenhuma modalidade terapêutica que possa bloquear o efeito remodelador e a progressão da disfunção cardíaca nos pacientes com cirrose. Formulamos a hipótese que o uso de betabloqueador poderia ter efeito benéfico sobre as alterações cardíacas morfológicas e funcionais observadas em pacientes com cirrose. Objetivos: o objetivo primário foi avaliar a eficácia do metoprolol na reversão da disfunção cardíaca em pacientes com cirrose não alcoólica. Os objetivos secundários compreenderam: reversão das alterações ecocardiográficas, biomarcadores da ativação neuro-humoral, eletrofisiológicas, eventos clínicos e efeitos adversos. Avaliou-se também o impacto da resposta inotrópica anormal no prognóstico da cirrose. Material e métodos: conduzimos um estudo prospectivo, randomizado, duplo-cego, placebo-controlado fase II, com análise “por intenção de tratar”. Os critérios de inclusão foram cirrose de etiologia fase II, com análiseanálise “por intenção de tratar”. Os critérios de inclusão foram cirrose de etiologia não alcoólica, escore MELD entre 10 e 20 pontos e idade entre 18 e 60 anos. Os critérios de exclusão foram doença cardiovascular prévia, doenças sistêmicas com acometimento cardíaco e contraindicação ao uso de betabloqueadores. No momento da inclusão e após 180 dias de tratamento, realizamos avaliação clínica, dosagem de biomarcadores (noradrenalina, troponina, peptídeo natriurético tipo B e atividade da renina plasmática), mensuração indireta da atividade simpática (ECG dinâmico de 24 horas) e ecocardiograma sob estresse com dobutamina. A disfunção cardíaca foi caracterizada pela resposta inotrópica anormal ao eco-estresse (incremento do débito cardíaco ≤30% após o estresse em relação ao basal, medido pela integral velocidade-tempo na via de saída do ventrículo esquerdo). O desfecho primário foi definido como o aumento ≥30% da resposta inotrópica ao estresse. Os eventos clínicos avaliados como desfecho foram: ascite, síndrome hepatorrenal, encefalopatia, infecções, hemorragia digestiva varicosa, internações e mortalidade. Considerando a possibilidade de erro alfa de 0,05, erro beta de 0,2 e diferença de proporções na melhora da VTI (≥de 30%) entre os grupos, o tamanho amostral foi estimado em 72 pacientes. O protocolo foi aprovado pela Comissão de ética institucional e registrado na base de dados internacional ClinicalTrials.gov (NCT01676285, acrônimo “Cardiac Remodeling in cirrhosis - CARE cirrhosis”). Resultados: No período de junho de 2011 a dezembro de 2013, 478 pacientes com cirrose foram prospectivamente avaliados e 190 preencheram os critérios de elegibilidade, sendo incluídos 125 pacientes. Desses, 78 (62%) apresentaramresposta inotrópica anormal ao estresse farmacológico. Os demais 47 (38%) pacientes com resposta inotrópica normal foram seguidos sem intervenção farmacológica. Os pacientes com resposta anormal foram randomizados para receber tratamento (succinato de metoprolol, n=41 ou placebo, n=37). Três (7,3%) dos pacientes no grupo metoprolol e 9 (24,3%) no grupo placebo apresentaram normalização da resposta inotrópica ao estresse, diferença não estatisticamente significante (p=0,057). Não houve diferença entre os grupos metoprolol e placebo em relação à reversão das alterações ecocardiográficas, laboratoriais e eletrofisiológicas. Não houve diferença quanto aos desfechos clínicos isolados ou combinados na comparação entre metoprolol e placebo: síndrome hepatorrenal n=1 (2,4%) versus n=0, p=0,99; ascite n= 4 (12%) versus n=2 (5,4%), p=0,27; infecções bacterianas n= 2 (4,8%) versus n=2 (5,4%), p=0,94; encefalopatia hepática n= 5 (12,1%) versus n=6 (16.2%), p=0,59, hemorragia varicosa n=0 em ambos os grupos; internações n=6 (14,6%) versus n=8 (21,6%), p=0,45; morte n=5 (12,1%) versus n= 2 (5,4%), p=0,94; respectivamente. Não houve diferença entre metoprolol e placebo em relação ao surgimento de efeitos adversos n=4 (9,7%) versus n=6 (16,2%), respectivamente, p=0,5. Os pacientes no grupo com resposta inotrópica anormal apresentaram maiores taxas de desfechos combinados (26 (33,3%) versus 8(17,0%), p=0,03) em relação àqueles com resposta inotrópica normal. Conclusão: embora seguro, o metoprolol não foi eficaz na reversão da disfunção cardíaca em pacientes com cirrose não alcoólica. Não houve benefício na terapia com metoprolol em relação aos desfechos ecocardiográficos, laboratoriais, eletrofisiológicos e clínicos, incluindo mortalidade. Os pacientes com resposta inotrópica normal tiveram melhor evolução em relação àquelescom resposta inotrópica normal. Conclusão: embora seguro, o metoprolol não foi eficaz na reversão da disfunção cardíaca em pacientes com cirrose não alcoólica. Não houve benefício na terapia com metoprolol em relação aos desfechos ecocardiográficos, laboratoriais, eletrofisiológicos e clínicos, incluindo mortalidade. Os pacientes com resposta inotrópica normal tiveram melhor evolução em relação àqueles com resposta inotrópica anormal
  • Imprenta:
  • Data da defesa: 17.12.2014
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    • ABNT

      SILVESTRE, Odilson Marcos. Efeito dometoprolol na reversão da disfunção cardíaca em cirróticos não alcoólicos: estudo randomizado. 2015. Tese (Doutorado) – Universidade de São Paulo, São Paulo, 2015. Disponível em: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5131/tde-15042019-152921/. Acesso em: 30 jul. 2024.
    • APA

      Silvestre, O. M. (2015). Efeito dometoprolol na reversão da disfunção cardíaca em cirróticos não alcoólicos: estudo randomizado (Tese (Doutorado). Universidade de São Paulo, São Paulo. Recuperado de http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5131/tde-15042019-152921/
    • NLM

      Silvestre OM. Efeito dometoprolol na reversão da disfunção cardíaca em cirróticos não alcoólicos: estudo randomizado [Internet]. 2015 ;[citado 2024 jul. 30 ] Available from: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5131/tde-15042019-152921/
    • Vancouver

      Silvestre OM. Efeito dometoprolol na reversão da disfunção cardíaca em cirróticos não alcoólicos: estudo randomizado [Internet]. 2015 ;[citado 2024 jul. 30 ] Available from: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5131/tde-15042019-152921/

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