A integração na saúde e o uso racional de medicamentos (2015)
- Autor:
- Autor USP: AIZENSTEIN, MOACYR LUIZ - ICB
- Unidade: ICB
- Assunto: MEDICAMENTOS
- Language: Português
- Abstract: A saúde do brasileiro vai mal. A despeito dos esforços do Ministério da Saúde e da abrangência do Sistema Único de Saúde (SUS), os resultados para a melhora da qualidade da saúde do brasileiro são modestos. Embora o investimento brasileiro em saúde seja considerado baixo, ele é superior ao dos demais países do BRICS (Rússia, Índia, China e África do Sul), especialmente considerando-se os gastos com medicamentos. As despesas do Ministério da Saúde com a compra de medicamentos vêm aumentando. Em 2011 foi de R$ 8,4 bilhões, o equivalente a 11,6% do valor total gasto com a saúde. Em 2014 as despesas passaram para R$ 12,9 bilhões, o que corresponde a 13,9% do valor total destinado para custeio de todo o SUS. De acordo com especialistas, o peso financeiro para o governo é ainda maior, pois esses números só mostram as despesas federais com produtos comprados diretamente pelo Ministério. A necessidade de integração entre os diversos setores da área da saúde é sempre um tema recorrente nas avaliações sobre os desperdícios dos recursos já escassos. Essa integração deve incluir o trabalho conjunto dos diferentes profissionais da saúde favorecendo a prática do Uso Racional de Medicamentos (URM). O Uso Racional de Medicamentos é a atitude que garante ao paciente receber medicação apropriada para sua situação clínica, nas doses adequadas às suas necessidades individuais, pelo tempo necessário e ao menor custo possível. Em outras palavras é a atividade que procura maximizar a atividade terapêutica, minimizar os riscos para o paciente e evitar custos desnecessários. O URM se inicia na prevenção e segue pela identificação e resolução dos possíveis problemas relacionados aos medicamentos para o paciente. Para que isso possa ocorrer, faz-se necessária uma análise da situação e das necessidades individuais do paciente e de seu estado clínico, assim como de todo seu histórico farmacoterapêuticoTrabalhos científicos mostram que doenças decorrentes da utilização incorreta de medicamentos representam 4% das internações graves em hospitais. Desse total de internações, a não adesão ao tratamento é responsável por 58% dos casos, enquanto efeitos adversos representam 32% e os restantes 10% estão por conta da prescrição inadequada. Em alguns países da Europa e nos Estados Unidos, as atividades dos profissionais da área da saúde ocorrem através de uma integração e colaboração entre a equipe de saúde no cuidado direto com o paciente. Resultados publicados no Journal of American Medical Association sugerem que a interação dos profissionais nas unidades de terapia intensiva de hospitais americanos tem diminuído em até 66% a incidência de efeitos adversos causados por medicamentos e reduzido em até 20% o tempo de internação desses pacientes, devido à racionalidade nas prescrições, dispensações e administrações. A inovação e o desenvolvimento tecnológico têm permitido a introdução de novos compostos para a prevenção e o tratamento de doenças antes incuráveis. Apesar do alto custo de novos agentes terapêuticos introduzidos recentemente, o seu uso racional poderia diminuir significativamente os custos com a saúde ao evitar e reduzir internações, diminuir o tempo de estadia hospitalar e evitar a necessidade de procedimentos médicos invasivos. Somente a integração no processo de medicação, envolvendo prescrição, dispensação e administração, seguida do acompanhamento do paciente, permitirá maior eficácia e segurança no tratamento e, consequentemente, melhores resultados clínicos.As medidas para implantação da prática do Uso Racional de Medicamentos passam por: • Estabelecimento de protocolos em ambientes hospitalares, relacionando diagnóstico clínico e tratamento farmacoterapêutico adequado, baseado em evidências, com treinamento da equipe e revisões periódicas. • Implantação, em todos os setores de saúde, de lista de medicamentos padrão, baseada em evidências científicas e elaborada por um Comitê de Farmácia e Terapêutica. • Implantação da disciplina Uso Racional de Medicamentos nas escolas da área de saúde. • Educação continuada para profissionais. • Implantação de residência hospitalar multiprofissional para integração entre os diversos profissionais da área de saúde. • Implantação de medidas educativas para a população, evitando a autoadministração. • Implantação de medidas regulatórias no registro, propaganda, distribuição e consumo de medicamentos. Moacyr Luiz Aizenstein (aizenst@icb.usp.br) é professor do Departamento de Farmacologia do Instituto de Ciências Biomédicas (ICB) da USP, autor do livro Fundamentos para o Uso Racional de Medicamentos e coordenador do Curso de Extensão Semipresencial Fundamentos para o Uso Racional de Medicamentos.
- Imprenta:
- Source:
- Título do periódico: Jornal da USP
- Volume/Número/Paginação/Ano: 03 ago. a 09 ago. 2015. p. 2
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ABNT
AIZENSTEIN, Moacyr Luiz. A integração na saúde e o uso racional de medicamentos. Tradução . Jornal da USP, São Paulo, 2015. , p. 03 ago. a 09 ago. 2015. 2. Acesso em: 19 mar. 2024. -
APA
Aizenstein, M. L. (2015). A integração na saúde e o uso racional de medicamentos. Jornal da USP, p. 03 ago. a 09 ago. 2015. 2. São Paulo: Instituto de Ciências Biomédicas, Universidade de São Paulo. -
NLM
Aizenstein ML. A integração na saúde e o uso racional de medicamentos. Jornal da USP. 2015 ;03 ago. a 09 ago. 2015. 2.[citado 2024 mar. 19 ] -
Vancouver
Aizenstein ML. A integração na saúde e o uso racional de medicamentos. Jornal da USP. 2015 ;03 ago. a 09 ago. 2015. 2.[citado 2024 mar. 19 ] - Fundamentos de farmacoepidemiologia
- Fundamentos para o uso racional de medicamentos
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