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Aspectos Neurológicos na Abordagem Multidisciplinar do Transtorno do Déficit de Atenção/Hiperatividade (2013)

  • Autor:
  • Autor USP: CASELLA, ERASMO BARBANTE - FM
  • Unidade: FM
  • Sigla do Departamento: MNE
  • Subjects: EPILEPSIA; NEUROPSICOLOGIA; ATENÇÃO; PSICOMOTRICIDADE; QUALIDADE DE VIDA; RESPIRAÇÃO BUCAL; LINGUAGEM; MATEMÁTICA; RECOMPENSAS
  • Language: Português
  • Abstract: o Transtorno do Déficit de Atenção/Hiperatividade (TDAH) tem base neurobiológica e é um dos distúrbios neuropsiquiátricos mais frequentes entre crianças e adolescentes, persistindo na vida adulta em 40-50% dos casos. A incidência é de 5%-8%, independentemente de cultura ou localização geográfica. Nossa linha de pesquisa tem investigado a relação entre a neurologia clínica e os prejuízos associados ao TDAH e ainda as influências da terapêutica. Neste texto sistematizamos criticamente as pesquisas realizadas e/ou idealizadas no ambulatório de Distúrbios de Aprendizado do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, com a participação voluntária de profissionais de outras disciplinas, que são apresentadas a seguir: (1) Avaliação Neuropsicológica das funções executivas e da atenção em crianças com TDAH. (Manuscrlto l): Investigamos 23 meninos de nove a 12 anos de idade, diagnóstico de TDAH sem comorbidades, estabelecido segundo os critérios do DSM-IV, com QI~89, que não tivessem sido medicados para o TDAH, comparando-os com 15 controles, com as mesmas características, mas sem TDAH. Todos foram submetidos a uma bateria de testes para avaliação de atenção e funções executivas. Observou-se diferenças significativas entre o grupo de pacientes e controles no desempenho da atenção e das funções executivas, de acordo com os testes realizados (apresentados em ordem decrescente de importância): Tarefa 2 (erros por ação), Tarefa 3 (tempo de reação), Tarefa 2 (tempo de reação) , Tarefa 1 (erros por ação)(todos estes do TAVIS 3R), o subteste Completar Figuras do teste WISC 111 - Terceira Edição e o Teste das Trilhas, parte B. (2) TDAH e epilepsia: eficácia e segurança do metilfenidato em crianças e adolescentes com crises epilépticas não controladas. (Manuscrito 2) Estudamos 24 pacientes com pelo menos duas crises epilépticas nos últimos seis meses e diagnóstico de TDAH.Os pacientes foram tratados com metilfenidato, ocorrendo melhora dos sintomas do TDAH em 70,8% dos casos, não ocorrendo aumento no número de crises epilépticas em 22 pacientes (91,6%). (3) Perfil psicomotor de crianças com TDAH do tipo combinado (Manuscrito 3): Foram avaliados 34 meninos, entre sete a 11 anos de idade, com TDAH tipo combinado, sem comorbidades (exceto o transtorno desafiador de oposição), sem tratamento prévio, que foram comparados com 32 crianças, com as mesmas características em relação a sexo e idade. Todos foram avaliados pela Escala de Desenvolvimento Motor, descrita por Rosa Neto, na qual foram utilizados todos os testes propostos: motricidade fina, motricidade global, equilíbrio, esquema corporal, organização espacial e temporal. Os resultados permitiram identificar a presença de dificuldades no desempenho psicomotor de crianças com TDAH do tipo combinado, que apresentaram quocientes motores inferiores em todas as áreas em relação ao grupo controle. Houve diferenças estatisticamente significantes entre os grupos quanto à idade motora geral, quociente motor geral, equilíbrio, organização espacial, motricidade fina e global. (4) Qualidade de vida em crianças com TDAH. (Manuscrito 4): Investigamos a percepção da qualidade de vida em crianças, de oito a 12 anos de idade, com TDAH (45 pacientes) e cuidadores em relação a um grupo controle (43 indivíduos), utilizando a escala de qualidade de vida PedsQL TM 4.0. Os resultados demonstraram que os portadores e pais e/ou cuidadores tem clara consciência das limitações funcionais decorrentes do TDAH. De acordo com a percepção dos cuidadores, as crianças com TDAH apresentaram diferenças significativas em todos os domínios investigados: aspecto social, atividade escolar, saúde psicosocial, qualidade global de vida, funcionamento físico e aspecto emocional. Na percepção dos próprios pacientes, ocorreram diferença significativas nos domínios: aspectosocial, atividade escolar, saúde psicosocial e qualidade global de vida. (5) Distúrbios da linguagem falada no TDAH. (Manuscrito 5): Foram avaliados trinta e sete pacientes, de sete a 14 anos de idade, com TDAH pelos critérios do DSM-IV, QI = ou >85 e sem comorbidades definidas. Fizeram parte do grupo controle 34 crianças, com características semelhantes, exceto o TDAH. Os objetivos foram avaliar o tipo e a freqüência das alterações da linguagem oral e verificar a evolução desses distúrbios após tratamento com metilfenidato. Foram utilizados os seguintes métodos de avaliação: Teste de Imitação - Teste de linguagem Infantil nas áreas de Fonologia, Vocabulário, Fluência e Pragmática, Teste de Vocabulário - Teste de Nomeação de Boston e Avaliação do Discurso Narrativo em uma tarefa de recontagem de estória. Os resultados demonstram uma maior incidência de alterações no grupo de pacientes, tais como: maior incidência de alterações fonêmicas, menor número de nomeações corretas e de lembrança de frases em tarefa de recontagem de estória, na qual também ocorreu maior número de erros. Os indivíduos do grupo com TDAH apresentaram maior incidência de disfluências e também menor velocidade em relação ao número de palavras e sílabas por minuto. A reavaliação dos pacientes, após a introdução da medicação determinou melhora em quase todos os parâmetros, exceto em relação ao número e tipo de erros na recontagem da estória. (6)lnfluência do tratamento da respiração oral na sintomatologia de crianças com TDAH. (Manuscrito 6): Investigamos pacientes com respiração oral de causas não obstrutivas e TDAH, em tratamento medicamentoso com metilfenidato, analisando as interferências sintomáticas e os resultados de uma intervenção no padrão respiratório com a utilização de um tratamento ortopédico funcional, orientação para oclusão labial e ginástica respiratória.Foram estudados oito pacientes com TDAH e respiração oral, que receberam as intervenções para correção do distúrbio respiratório, comparados com nove pacientes com as mesmas características, mas não submetidos a tratamento do distúrbio respiratório. As análises dos escores das escalas Conners e SNAP-IV, antes do início da terapêutica respiratória e depois de seis, doze e dezoito meses, permitiram identificar no grupo tratado melhora significativa dos escores das duas escalas, com exceção do questionário Conners para pais, nas variáveis furtos e comportamento anti- social. No grupo controle, não foram notadas diferenças significativas nos escores, com exceção da variável hiperatividade do questionárío Conners para pais. No término da coleta dos dados, duas das oito crianças do grupo submetido ao tratamento funcional, tiveram a medicação para o TOAH suspensa pelo neurologista. As nove crianças do grupo controle continuavam recebendo o metilfenidato. Os pacientes submetidos ao tratamento ortopédico funcional demonstraram modificação no padrão respiratório. Nenhum dos pacientes do grupo controle apresentou qualquer modificação no padrão respiratório. Além destes estudos, já finalizados, atualmente estão em fase adiantada mais dois estudos nesta mesma linha de pesquisa: (7) Avaliação das funções executivas e da atenção, antes e depois do uso do metilfenidato em crianças com TOAH (Manuscrito 7): Investigamos 23 meninos, nove a 12 anos de idade, diagnóstico de TOAH, sem comorbidades, estabelecido segundo os critérios do OSM-IV, com 01~89, que não tivessem sido medicados para o TOAH, comparando com 30 controles, com as mesmas características, exceto o TOAH. Todos foram avaliados inicialmente e após três meses com uma bateria de testes para avaliação de atenção e de funções executivas. Os resultados foram significativamente melhores na maioria dos testes efetuadosapós a terapêutica medicamentosa, sugerindo melhora da atenção, memória operacional, controle inibitório e tempo de reação. (8) Dificuldades Aritméticas em indivíduos com TDAH: avaliação clínica e por neuroimagem functional (Manuscrito 8): O braço clínico deste estudo está baseado na aplicação de três testes que abordam a aritmética. Os pacientes estão sendo avaliados antes e depois do uso de metilfenidato, explorando se esta medicação influencia as habilidades aritméticas ou em outras capacidades que possam melhorar o raciocínio aritmético. Em paralelo, os pacientes, com ou sem dificuldade em matemática, estão sendo avaliados no tocante aos padrões de ativação cerebral, ao executar tarefas de cálculos exatos e aproximados, pela neuroimagem funcional. Até o momento, foram avaliados 40 crianças de nove a 12 anos de idade, 01 ~ 85, sendo 20 com TOAH, sem comorbidades, exceto o transtorno desafiador de oposição, e 20 controles. Os pacientes são avaliados em momentos diferentes: pelo menos uma semana sem medicação; e no mínimo com dois meses de medicação. O número de indivíduos considerados com dificuldades aritméticas, foi significativamente maior no grupo com TDAH. A avaliação dos pacientes após a introdução do estimulante resultou em melhora significativa nos testes de aritmética em relação ao primeiro momento. Esse conjunto de trabalhos abriu perspectivas para iniciarmos um projeto colaborativo com Human Developmental Neurobiology Unit, Okinawa Institute of Science and Technology Graduate Universit (OIST), que por sua vez permitiu a instalação de um laboratório de pesquisa em atenção com a participação de alunos de iniciação científica da Faculdade de Medicina da USP. Neste projeto estamos participando de uma avaliação internacional com o título "Experimental study of altered reward sensitivity: Examining medication effects, cross-national continuityand environmental influences" (Manuscrito 9), tendo sido já avaliados por nós 22 pacientes com TDAH em dois momentos (com e sem medicação) e mais 16 crianças em apenas um momento (com ou sem medicação), nas quais, o segundo exame deverá ocorrer em breve. As avaliações das crianças do grupo controle estão sendo iniciadas neste momento. Esta pesquisa visa testar a hipótese do Déficit na Transferência da Dopamina (Tripp & Wickens, 2008) poder explicar parcialmente os sintomas do TDAH e se o padrão de respostas é semelhante em diferentes países, independentemente de variações geográficas e culturais
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  • Data da defesa: 11.01.2013

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    • ABNT

      CASELLA, Erasmo Barbante. Aspectos Neurológicos na Abordagem Multidisciplinar do Transtorno do Déficit de Atenção/Hiperatividade. 2013. Tese (Livre Docência) – Universidade de São Paulo, São Paulo, 2013. . Acesso em: 17 out. 2024.
    • APA

      Casella, E. B. (2013). Aspectos Neurológicos na Abordagem Multidisciplinar do Transtorno do Déficit de Atenção/Hiperatividade (Tese (Livre Docência). Universidade de São Paulo, São Paulo.
    • NLM

      Casella EB. Aspectos Neurológicos na Abordagem Multidisciplinar do Transtorno do Déficit de Atenção/Hiperatividade. 2013 ;[citado 2024 out. 17 ]
    • Vancouver

      Casella EB. Aspectos Neurológicos na Abordagem Multidisciplinar do Transtorno do Déficit de Atenção/Hiperatividade. 2013 ;[citado 2024 out. 17 ]


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