Efeito da proteção desencadeada pelo estrógeno na linhagem C6 de glioma de rato (2011)
- Authors:
- Autor USP: FRANCO, LUCAS AUGUSTO MOYSÉS - ICB
- Unidade: ICB
- Sigla do Departamento: BMF
- Subjects: ESTRÓGENOS; ESTRESSE OXIDATIVO; NEUROFARMACOLOGIA; RATOS
- Language: Português
- Abstract: Nas últimas décadas foi claramente estabelecida a função protetora de estrogênios naturais e sintéticos para os neurônios no encéfalo de mamíferos utilizando diferentes abordagens in vitro e in vivo Historicamente, os efeitos do E2 (estrógeno) são atribuídos, principalmente, à sua ligação com um de seus dois receptores nucleares clássicos ESR1 e ESR2. É citada a participação do E2 também na modulação de respostas rápidas que podem ser moduladas por seu receptor metabotópico denominado GPER-1. É evidente que muitos dos efeitos protetores do E2 não são diretos, e podem envolver a ativação de células não-neuronais, como por exemplo, astrócitos e microglia, que além de estarem envolvidas em uma ampla variedade de funções, incluindo a regulação do metabolismo neuronal, atividade neuronal, plasticidade e transmissão sináptica como as células da glia, que parecem estar envolvidas primariamente neste efeito de neuroproteção. As ações do E2 e SERMs (moduladores seletivos de receptores de estrógeno) nas células da glia envolvem sinalização pelo ER iniciada no núcleo, na membrana, ou no citoplasma, assim como mecanismos independentes de ERs. Há provas convincentes de que a neurodegeneração no SNC e processos neuropatológicos agudos/crônicos estão freqüentemente associados a distúrbios e disfunções de mitocôndrias, uma vez que nesses quadros pode-se observar a atividade mitocondrial mais elevada, o que gera maior produção de espécies reativas de oxigênio (ERO) como subproduto da reação.Vale ressaltar que um importante mecanismo de ação envolvido nos efeitos neuroprotetores de compostos estrogênicos está relacionado com a regulação da função mitocondrial. A função da mitocôndria intacta é essencial para a homeostasia da energia e sobrevivência celular, mas a sua falha tem sido de grande correlação com a etiologia de doenças neurodegenerativas como Alzheimer, Parkinson, entre outras. O controle da ação das EROs no SNC é de grande importância uma vez que este tem a capacidade direta de modular os TLR-4 e a expressão de citocinas. O papel da microglia ativada presente nos quadros inflamatórios e neurotóxicos no SNC também pode ser controlados pela diminuição de EROs. O E2 tem capacidade de desempenhar um papel neuroprotetor atenuando o efeito do estresse oxidativo em células do SNC. Esta ação poderia estar vinculada a sua atividade nos receptores clássicos, não-clássicos ou simplesmente pela sua ação antioxidante. Sendo o E2 um agente farmacológico ideal para a diminuição dos efeitos negativos das EROs no SNC, é importante elucidarmos o papel das vias clássica, via ESR, e não-clássica, via GPER, sobre a modulação deste efeito. Vale salientar que em função da sua recente caracterização, pouco se sabe a respeito das funções fisiológicas do GPER no SNC, ou mais especificamente nas células da glia, onde eles podem atuar modulando a via AKT-CREB-BDNF, uma das possíveis vias de sinalização responsáveis pela proteção exercida pelo E2. Assim, os objetivos deste trabalho foram de avaliar possíveis efeitos protetores do 17β-estradiol em modelo de estresse oxidativo por peróxido de hidrogênio em cultura de linhagem de células C6 de glioma de rato.Para tanto, analisamos a participação dos receptores de E2 (ESR1, ESR2 e GPER-1) na proteção desencadeada por esse hormônio em linhagem de células C6 de glioma de rato, utilizando peróxido de hidrogênio como fonte de estresse oxidativo e de moduladores seletivos dos ER (SERMs): Tamoxifeno e Fulvestranto; bem como do agonista G1 para o GPER. Também verificamos se o efeito de proteção desencadeado pelo E2, SERMs ou G1 ativam a via AKT-CREB-BDNF, já que essa é, teoricamente, uma das possíveis vias de sinalização responsáveis pela proteção exercida pelo E2, em nosso modelo experimental. Para verificar a presença da proteína dos ER nas células C6, em nosso modelo experimental, realizamos ensaios de imunofluorescência, Western Blot e RT-PCR. Nossos resultados demonstram que as células C6 apresentam os receptores ESR1 e GPER-1 e que o tratamento prolongado com E2 leva a migração desses receptores para a região nuclear. Ao realizarmos uma curva concentração-resposta com duas densidades de células por poço (2 x 102 e 2 x 103) para a toxicidade do H2O2 em cultura de células C6 (24 hrs), sendo o grupo controle tratado com veiculo (PBS), os resultados mostraram que o efeito tóxico induzido pelo tratamento com H2O2 é dependente da densidade de células por poço, onde um incremento de 10 vezes no número de células é capaz de gerar uma curva dose-resposta em U (2 x 103 células) ou U invertido (2 x 102 células) para a H2O2.Avaliamos os efeitos do E2 na modulação da toxicidade induzida por H2O2 em células C6. O efeito protetor do E2 (10nM) é dependente da densidade celular, uma vez que numa densidade menor de células (2 x 102 células/poço), o tratamento com E2 foi capaz de atenuar os efeitos tóxicos induzidos pela exposição da células C6 ao H2O2. Como o E2 se liga tanto aos receptores clássicos e não clássicos, realizamos o pré-tratamento com G1, agonista do receptor GPER-1, para isolarmos tal ação. O pré-tratamento (20min) com G1 nas concentrações de 0,1 e 1nM foi capaz de atenuar a morte celular induzida por H2O2 (75µM, 24hrs). Demonstramos que o Tamoxifeno na concentração de 1μM e Fulvestranto, com 10μM exercem papeis de agonista e antagonista, respectivamente. Foi observado também que nossos tratamentos com E2, SERMs, G1 e H2O2 modulam expressivamente os níveis de BDNF, mas que tal efeito é independente da via AKT-CREB-BDNF, uma vez que tais tratamentos não alteram os padrões p-CREB citoplasmático e alteram fracamente a expressão da AKT em comparação com os grupos estudados, ou seja, o tratamento com H2O2 foi capaz de ativar a proteína quinase AKT. O mesmo aconteceu quando as células foram expostas ao E2, quando comparadas ao grupo controle.O pré-tratamento das C6 com Tamoxifeno, Fulvestranto e G1 não teve efeito na ativação da quinase AKT, na ausência de H2O2. É importante ressaltar a ação que o G1 exerce 24h após tratamento, modulando de forma expressiva o aumento do RNAm para o BDNF, nas células submetidas ao tratamento com G1 e no tratamento concomitante do H2O2 com G1. Demonstrando então que o G1 tem um papel não só na resposta rápida, mas também de indução tardia a uma resposta protetora, independente de estímulo tóxico. Os resultados desse estudo abrem novas perspectivas no estudo da sinalização associada ao estrógeno que envolve receptores GPER-1. Esta nova abordagem pode levar a descoberta de compostos que ativem vias protetoras, sem inibir elementos de regulação que removam o controle natural da sinalização de sobrevida celular. A compreensão destes processos parecem ser o grande desafio para a busca de uma terapia a base de estrógeno no tratamento das doenças neurodegenerativas.
- Imprenta:
- Data da defesa: 24.02.2011
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ABNT
FRANCO, Lucas Augusto Moysés. Efeito da proteção desencadeada pelo estrógeno na linhagem C6 de glioma de rato. 2011. Dissertação (Mestrado) – Universidade de São Paulo, São Paulo, 2011. Disponível em: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/42/42136/tde-16082011-093651/. Acesso em: 15 nov. 2024. -
APA
Franco, L. A. M. (2011). Efeito da proteção desencadeada pelo estrógeno na linhagem C6 de glioma de rato (Dissertação (Mestrado). Universidade de São Paulo, São Paulo. Recuperado de http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/42/42136/tde-16082011-093651/ -
NLM
Franco LAM. Efeito da proteção desencadeada pelo estrógeno na linhagem C6 de glioma de rato [Internet]. 2011 ;[citado 2024 nov. 15 ] Available from: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/42/42136/tde-16082011-093651/ -
Vancouver
Franco LAM. Efeito da proteção desencadeada pelo estrógeno na linhagem C6 de glioma de rato [Internet]. 2011 ;[citado 2024 nov. 15 ] Available from: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/42/42136/tde-16082011-093651/ - Perfil farmacogenômico de pacientes com doença de Chagas em tratamento com benznidazol
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