A trajetória da família cuidadora - análise dos dez anos de convivência com o adoecimento mental (2009)
- Autor:
- Autor USP: GALERA, SUELI APARECIDA FRARI - EERP
- Unidade: EERP
- Sigla do Departamento: ERP
- Subjects: ESQUIZOFRENIA; FAMÍLIA (PSICOLOGIA); ENFERMAGEM PSIQUIÁTRICA
- Language: Português
- Abstract: Esta tese esta fundamentada em um projeto de pesquisa que vem sendo desenvolvido desde o ano de 2006 com o objetivo de conhecer o processo de ajustamento de famílias com problemas crônicos de saúde mental. As mudanças na política de saúde e social, os avanços no tratamento farmacológico, a desinstitucionalização e a substituição do modelo focado na cura e centrado no hospital, pelo modelo de reabilitação biopsicossocial estão entre os fatores que contribuíram para aumentar o número de pessoas com doença mental grave, vivendo na comunidade, principalmente junto à família. A finalidade desta tese e contribuir com os estudos que se preocupam em conhecer melhor como as famílias de portadores de transtorno mental grave e persistente incluem a honrosa tarefa de cuidar de seu familiar doente no contexto atual. Dois campos da pesquisa com famílias de portadores de doença mental são apresentados, os estudos que focalizam a sobrecarga familiar e os estudos sobre a experiência de conviver com o adoecimento mental. A discussão sobre os conhecimentos produzidos nesses dois campos suscitaram questionamentos que buscamos resolver com esta pesquisa, a saber: Como a família se organiza para cuidar do seu doente após o diagnóstico de esquizofrenia feito por um médico do serviço de saúde mental? Quais termos a família utiliza para descrever a experiência de incluir os cuidados com o doente mental no contexto familiar? Quando os termos são introduzidos? Isto é, com quanto tempo de convivência os termos são introduzidos no discurso familiar? O objetivo desta pesquisa foi descrever a trajetória de famílias no processo de incluir os cuidados com o adoecimento mental de um familiar, identificando pontos importantes para a construção do papel de cuidadora. A pesquisa apóia nos pressupostos do interacionismo simbólico, teoria dos sistemas aplicada à família e no métodobiográfico interpretativo. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto USP. A coleta de dados foi realizada através de uma entrevista com dois membros de famílias que estão convivendo com o adoecimento mental (esquizofrenia) nos primeiros cinco anos após o diagnóstico médico e no período seguinte entre seis e dez anos de convivência. Os entrevistados foram selecionados a partir de dois serviços abertos. As entrevistas foram gravadas, transcritas e analisadas de acordo com o referencial teórico metodológico adotado. Foram identificados trechos em que o entrevistado narrava eventos, padrões de comportamento e temas relacionados ao adoecimento e aos cuidados adotados pela família. Em seguida os trechos foram datados, identificados e recortados das entrevistas. Os trechos recortados foram colocados juntos em ordem cronológica e os eventos, temas e padrões foram destacados. Foram analisadas 24 entrevistas, sendo 12 com familiares de pacientes diagnosticados no período de até cinco anos, e 12 com familiares de pacientes diagnosticados no período de mais de cinco anos a até dez anos. Nas histórias contadas pelos entrevistados foram identificados quatro momentos: o primeiro, anterior ao diagnóstico de esquizofrenia, nomeado "Percebendo a mudança"; o segundo coincide com o diagnóstico médico e início do tratamento para esquizofrenia; o terceiro momento ocorre quando o quadro agudo do doente regride e há grande esperança de tudo voltar a ser como era antes; o quarto momento e um desdobramento da experiência adquirida com a convivência após a melhora. Este quarto momento foi identificado em todas as histórias de familiares que conviviam há mais de cinco anos com o adoecimento e em relatos de familiares que estavam convivendo por cinco anos. Estes quatro momentos descreveram como os cuidados com o adoecidomentalmente foram incluídos no cotidiano e nas relações familiares, ao longo de um período de dez anos. Além de descrever a trajetória familiar, esta pesquisa aponta para a necessidade de aprofundar as questões sobre o equilíbrio entre os cuidados relativos à autonomia e supervisão do familiar doente, e sobre os limites que determinam o quê é doença e o quê é comportamento inadequado para o doente. Outro aspecto importante a ser salientado é que a coleta e análise dos dados podem ainda não estar tão bem ajustada, quanto se pretendia no início da pesquisa. É provável que sejam necessários alguns ajustes que permitam ao leitor que se interessar por aplicar o método possa fazê-lo sem muitas dificuldades. O referencial teórico metodológico se mostrou bastante forte para guiar o aprendizado e o aprofundamento de estudos sobre o papel de cuidadora da família
- Imprenta:
- Publisher place: Ribeirão Preto
- Date published: 2009
- Data da defesa: 06.10.2009
-
ABNT
GALERA, Sueli Aparecida Frari. A trajetória da família cuidadora - análise dos dez anos de convivência com o adoecimento mental. 2009. Tese (Livre Docência) – Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto, 2009. . Acesso em: 28 mar. 2024. -
APA
Galera, S. A. F. (2009). A trajetória da família cuidadora - análise dos dez anos de convivência com o adoecimento mental (Tese (Livre Docência). Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto. -
NLM
Galera SAF. A trajetória da família cuidadora - análise dos dez anos de convivência com o adoecimento mental. 2009 ;[citado 2024 mar. 28 ] -
Vancouver
Galera SAF. A trajetória da família cuidadora - análise dos dez anos de convivência com o adoecimento mental. 2009 ;[citado 2024 mar. 28 ] - Crenças familiares: influências no cotidiano de pacientes com transtornos mentais
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