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Numerus Clausus dos direitos reais e autonomia nos contratos de disposição (2009)

  • Authors:
  • Autor USP: VANZELLA, RAFAEL DOMINGOS FAIARDO - FD
  • Unidade: FD
  • Sigla do Departamento: DCV
  • Subjects: DIREITOS REAIS; BOA-FÉ; DIREITO DAS COISAS; DIREITO DE PROPRIEDADE; OBRIGAÇÃO PROPTER REM; DIREITO DAS OBRIGAÇÕES; NEGÓCIO JURÍDICO
  • Language: Português
  • Abstract: Esta tese analisa um regime jurídico convencionalmente designado "numerus clausus dos direitos reais", examinando-o sob três aspectos. O primeiro deles concerne às funções que esse regime desempenha no interior do ordenamento jurídico. Em um sistema de direito patrimonial privado que promove a autonomia contratual e predispõe restrições jurídico-negociais ao poder de dispor, entre as quais se ressaltam os direitos subjetivos reais, o regime de numerus clausus se apresenta como uma previsão legal dos tipos de contratos que restringem o poder de dispor e, assim, modificam o poder de adquirir do sujeito passivo universal. Conquanto sofram essa modificação em sua esfera jurídica, esses sujeitos de direito não tomam parte na celebração daqueles contratos. De maneira que as funções do numerus clausus dirigem-se, fundamentalmente, ao concerto de um fenômeno de heteronomia privada: por meio de um "catálogo", o adquirente pode não apenas conhecer quais são os contratos que, a despeito de sua declaração jurídico-negocial, afetam os seus interesses econômico-sociais, mas também desconsiderar a eficácia, sobre si, dos contratos que, extrapolando aquele catálogo, circunscrevem-se, seguramente, a só quem, dele, foi parte. Em segundo lugar, sustenta-se uma qualidade negativa e outra positiva no numerus clausus. Negativamente, esse regime jurídico se identifica por uma grave limitação na autonomia contratual, especialmente na autonomia dos contratos de disposição. Nessesentido, e porque o poder de dispor não é uma posição jurídica exclusiva da titularidade de direitos subjetivos reais, assim como as conseqüências de suas restrições não despontam apenas no direito das coisas, não apenas a disposição contratual de direitos subjetivos reais, mas também a disposição contratual de créditos, de participações societárias e de propriedade imaterial submete-se, igualmente, a um numerus clausus. Essa circunstância remete a uma duplici dade de regimes de autonomia contratual no direito dos contratos: enquanto não há um tipo de contrato em gênero (tipicidade vinculativa) e predominam as regras cogentes (tipicidade fixa) para os contratos de disposição, os contratos obrigacionais obedecem a uma tipicidade aberta. Positivamente, por seu turno, o numerus clausus legitima uma poderosa técnica jurídica de oponibilidade de interesses econômico-sociais: o contrato de disposição. Selecionando um dos poucos tipos de contratos de disposição predispostos pela lei, os contratantes afetam, por meio da regra da prioridade e da imunidade contra disposição, a eficácia de contratos de cuja formação não tomam parte, sejam contratos subseqüentes, obrigacionais ou de disposição, sejam contratos precedentes, meramente obrigacionais. Sem dúvida, o ordenamento jurídico apresenta outras técnicas jurídicas de oponibilidade de interesses econômico-sociais aos terceiros-adquirentes, geralmente ligadas a procedimentos de publicidade, tais como aboa-fé. Muito embora elas manifestem efeitos semelhantes, por vezes contradizendo o regime de numerus clausus, não se verifica uma derrogação desse último, identificada, por vezes, como uma "realização dos direitos obrigacionais". No fundo, em se tratando de fatos jurídicos inconfundíveis, as metódicas de argumentação e aplicação do direito, pressupostas em cada um deles, são, outrossim, diferentes. Essas diferenças correspondem, por fim, ao terceiro e último daqueles três aspectos sob os quais se analisa o numerus clausus. Efetua-se, para tanto, o estudo de dois casos representativos, colhidos da jurisprudência brasileira, a qual aplica ora esse último regime, ora a boa-fé, sem que isso signifique nenhuma contradição, uma vez que a excepcionalidade dessa última confirma o caráter do numerus clausus como a regulação motriz do tráfico jurídico, orientada à segurança da aquisição e à estabilidade de determinadas relações de intercâmbio dos bens econômicos
  • Imprenta:
  • Data da defesa: 29.05.2009
  • Acesso à fonte
    How to cite
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    • ABNT

      VANZELLA, Rafael Domingos Faiardo. Numerus Clausus dos direitos reais e autonomia nos contratos de disposição. 2009. Tese (Doutorado) – Universidade de São Paulo, São Paulo, 2009. Disponível em: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/2/2131/tde-10112011-164402/. Acesso em: 28 set. 2024.
    • APA

      Vanzella, R. D. F. (2009). Numerus Clausus dos direitos reais e autonomia nos contratos de disposição (Tese (Doutorado). Universidade de São Paulo, São Paulo. Recuperado de http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/2/2131/tde-10112011-164402/
    • NLM

      Vanzella RDF. Numerus Clausus dos direitos reais e autonomia nos contratos de disposição [Internet]. 2009 ;[citado 2024 set. 28 ] Available from: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/2/2131/tde-10112011-164402/
    • Vancouver

      Vanzella RDF. Numerus Clausus dos direitos reais e autonomia nos contratos de disposição [Internet]. 2009 ;[citado 2024 set. 28 ] Available from: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/2/2131/tde-10112011-164402/

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