Fácies sedimentares e proveniência da Formação Bebedouro, Neoproterozócio (BA) (2008)
- Authors:
- Autor USP: FIGUEIREDO, FELIPE TORRES - IGC
- Unidade: IGC
- Sigla do Departamento: GSA
- Subjects: NEOPROTEROZOICO; GELEIRAS; DEPÓSITOS GLACIAIS; DIAMICTITO; GLACIAÇÃO
- Language: Português
- Abstract: O registro sedimentar do final do Neoproterozóico tem sido alvo de intensas pesquisas desde a retomada dos modelos de glaciação extrema e rápidas mudanças climáticas, com destaque para a hipótese Snowball Earth. Esses modelos baseiam-se na identificação, em todos os continentes, de sucessões neoproterozóicas que compreendem diamictitos sobrepostos por carbonatos, interpretados, respectivamente, como depósitos glaciais e pós-glaciais. A fim de explicar o caráter global da distribuição dos diamictitos e sua aparente transição rápida para carbonatos, alguns autores propuseram hipóteses de que o planeta teria sofrido mudanças climáticas extremas, e de que estas teriam ocorrido na forma de três eventos glaciais durante o Criogeniano e o Ediacarano (Sturtian, Marinoan e Gaskiers). Outros autores consideram que a correlação global destes depósitos pode ser explicada pelo modelo Zipper-rift, que considera a existência de geleiras de altitude, condicionadas pelo soerguimento das ombreiras de sistemas de rifts, supostamente abertos durante a fragmentação do supercontinente Rodínia. Apesar de intensos esforços para correlacionar estas sucessões, ainda persistem dúvidas a esse respeito. Isto se deve, em parte, à ênfase dada ao estudo das sucessões carbonáticas sobrejacentes, em detrimento das pesquisas nos próprios diamictitos. Dentro desse contexto, o presente estudo tem como alvo a sucessão sedimentar inferior do Grupo Una, interpretada como representativa do eventoSturtian, localizada na porção norte do Cráton do São Francisco, Bahia, Brasil. Foram realizadas análises de fácies, de associações de fácies e de proveniência sedimentar com o objetivo de testar os modelos de dinâmica glacial propostos para o período e avaliar localmente o caráter da transição entre diamictitos e carbonatos. O Grupo Una apresenta ára de afloramento de aproximadamente 16.000 km2 e compreende depósitos sedimentares isentos de metamorfismo, ) que se encontram distribuídos em três sinclinais (Salitre, Irecê e Una-Utinga). Na base, compreende arenitos, diamictitos e pelitos com clastos esparsos da Formação Bebedouro, interpretada em termos das associações de fácies (1) Transicional marinha influenciada por banquisas e/ou icebergs e (2) Marinha de plataforma continental. A passagem para a unidade de topo ocorre de forma brusca, em contato plano com dolomitos maciços a laminados com pseudomorfos de aragonita, sobrepostos por ritmitos de calcarenitos e calcilutitos com laminação plano-paralela, laminação cruzada cavalgante, estromatólitos e slumps, dividos nas associações de fácies de (3) Plataforma carbonática rasa influenciada por ondas e (4) Rampa carbonática influenciada por escorregamentos. Dados de contagem de litotipos em clastos e seções delgadas indicam variação lateral de proveniência, com fontes particulares para cada uma das áreas investigadas. Essa variação é interpretada como resultado de aporte de geleiras de vale ou do tipooutlet na margem glacio-marinha, indicando a presença de altos topográficos. A datação U-Pb SHRIMP de seixos revelou predomínio de fontes próximas, com contribuição local de fontes mais distantes, sugerindo alguma deposição a partir de icebergs provenientes da margem oposta da bacia, talvez a mais de 150 km à leste, sobre os Blocos Jequié ou Itabuna-Salvador-Curaçá. Datações de cristais de zircão detrítico da matriz dos diamictitos confirmam os dados obtidos a partir de seixos, e permitem a identificação de uma fonte jovem, de fora do cráton, com cerca de 850 Ma. Esse dado limita a idade máxima da unidade. Ainda que a proveniência da Formação Bebedouro indique a existência de altos topográficos adjacentes à bacia, a ausência de controles tectônicos na sedimentação, evidenciada pela grande persistência lateral de sistemas deposicionais com pouca variação de espessura, não corrobora o modelo de ) desenvolvimento das geleiras neoproterozóicas em margens de sistemas de rifts.
- Imprenta:
- Data da defesa: 19.12.2008
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ABNT
FIGUEIREDO, Felipe T. Fácies sedimentares e proveniência da Formação Bebedouro, Neoproterozócio (BA). 2008. Dissertação (Mestrado) – Universidade de São Paulo, São Paulo, 2008. Disponível em: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/44/44141/tde-03022009-155523/. Acesso em: 04 nov. 2024. -
APA
Figueiredo, F. T. (2008). Fácies sedimentares e proveniência da Formação Bebedouro, Neoproterozócio (BA) (Dissertação (Mestrado). Universidade de São Paulo, São Paulo. Recuperado de http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/44/44141/tde-03022009-155523/ -
NLM
Figueiredo FT. Fácies sedimentares e proveniência da Formação Bebedouro, Neoproterozócio (BA) [Internet]. 2008 ;[citado 2024 nov. 04 ] Available from: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/44/44141/tde-03022009-155523/ -
Vancouver
Figueiredo FT. Fácies sedimentares e proveniência da Formação Bebedouro, Neoproterozócio (BA) [Internet]. 2008 ;[citado 2024 nov. 04 ] Available from: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/44/44141/tde-03022009-155523/ - Proveniência e arquitetura de depósitos fluviais das sub-bacias Tucano Central e Norte, Cretáceo (BA)
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