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Sistemas deposicionais eólicos no Quaternário costeiro do Brasil (2007)

  • Autor:
  • Autor USP: GIANNINI, PAULO CESAR FONSECA - IGC
  • Unidade: IGC
  • Sigla do Departamento: GSA
  • Subjects: SISTEMAS DEPOSICIONAIS; SEDIMENTOLOGIA EÓLICA; QUATERNÁRIO; CAMPO DE DUNAS
  • Language: Português
  • Abstract: Os sistemas deposicionais eólicos ativos da costa brasileira incluem campos de dunas livres e depósitos vegetados. O campo de dunas livres encontra-se em quatro áreas principais: 1. no trecho que vai dos Lençóis Maranhenses ao extremo sul do Rio Grande do Norte; 2. nas vizinhanças da desembocadura do rio São Francisco, SE/AL; 3. na região de Cabo Frio, RJ; e 4. entre a ilha de Santa Catarina, SC, e o extremo sul do Rio Grande do Sul. Os depósitos vegetados, principalmente dunas frontais, nebkhas e lobos de ruptura de deflação (blowouts), predominam nas demais áreas costeiras do país. Os elementos morfológicos identificados nestes sistemas eólicos podem ser divididos, quanto à sua função, em quatro grupos. O primeiro grupo, ou de estoque inicial, é o único de ocorrência universal. Nele podem estar presentes dunas frontais, franjas de areia, protodunas e dunas sem vegetação de orientação transversal ao vento. O segundo grupo, ou de deflação, possui a função de separar duas acumulações principais (estoque inicial e estoque final) segundo uma distância de equilíbrio. Inclui rupturas de deflação, rastros lineares residuais, retrocordões e dunas parabólicas. O terceiro grupo, de superposição ou cavalgamento, inclui dunas barcanas e, mais tipicamente, cadeias barcanóides. Seu papel é o de elevar a acumulação até uma altura de equilíbrio, através de superposição sobre megaforma de hierarquia maior, representada pelo campo de dunas livre, e ao mesmo tempo, através docavalgamento das formas de leito de mesma hierarquia. O quarto grupo, dos elementos de avanço, compreende cordões de precipitação e lobos deposicionais e possui a função de estender o campo de dunas, lateral e longitudinalmente, até sua distância de equilíbrio. Sob condição de desbalanço construtivo (influxo maior que efluxo) em dado grupo funcional de elementos, o excesso de areia tende a ser consumido na formação e alimentação de outros grupos mais interiores. Os grupos funcionais constituem domínios do espaço interligados dentro do sistema e, por extensão, verdadeiras associações de fácies: os elementos de estoque inicial compões a associação praia-duna (A); os elementos de deflação reúnem-se na associação planície deflacionar (B); e os elementos de cavalgamento e de avanço, isolados ou associados, definem a associação campo de dunas livres (C). As relações entre as associações faciológicas podem ser desdobradas em quatro categorias conforme o equilíbrio entre matéria e energia (e entre influxo e efluxo) seja atingido na associação praia-duna (A), na relação entre associação praia-duna e a associação planície de deflação (A-B) ou na relação entre as associações praia-duna, planície de deflação e campo de dunas livres (A-B-C). Relação direta entre as associações praia-duna e campo de dunas livres (A-C) representa equilíbrio entre influxo e efluxo seguramente ainda não atingido. Destas relações saem oito estágios morfodinâmicos desistemas eólicos, numerados de 1 a 8 em grau crescente de relação saldo eólico / espaço de acumulação. Uma vez alcançada a distância e a altura de equilíbrio, a evolução do sistema varia conforme o saldo influxo-efluxo como todo torne-se nulo ou mantenha-se positivo. Com saldo eólico nulo, o sistema mantém-se em equilíbrio dinâmico de estado estacionário. Fácies de deflação e/ou avanço, caso presentes, passam simplesmente a migrar. Esta migração leva ao distanciamento entre campo de dunas e área fonte além da distância de equilíbrio e, a médio prazo, à estabilização do sistema. Ao mesmo tempo, porém, um novo sistema tende a surgir junto à praia. Se o balanço influxo-efluxo no sistema como todo permanece positivo, o sistema mantém-se através de retroalimentação negativa, com a subdivisão em duas porções, separadas por planície de deflação, de modo que a porção mais proximal passe a atuar como fonte para a distal. Ocorre assim a "duplicação" de campos de dunas ativos. Se a relação entre o saldo eólico influxo-efluxo e o espaço de acumulação cai bruscamente, o sistema desloca-se em retroalimentação positiva para outro estágio morfodinâmico, em que a retenção de areia seja menor. Inversamente, se o saldo relativo aumenta de modo abrupto, o sistema desloca-se para estágio morfodinâmico de retenção maior de areia eólica. Por exemplo, em costa com comportamento transgressivo, a erosão e recolocação em circulação de depósitossubaquosos preexistentes elevam a probabilidade de alimentação do sistema eólico, ao mesmo tempo em que reduzem o espaço de acumulação. A retroalimentação positiva do sistema atua no sentido de aumentar a saturação de areias eólicas e, portanto, a distância e a altura de equilíbrio. Sob comportamento regressivo persistente, a sucessão de regimes de saldo eólico cada vez menor pode conduzir, por exemplo, à transformação de campos de dunas livres em feixes de cordões dunares. Já sob comportamentos transgressivos, cordões de dunas frontais podem sofrer deflação crescente e permitir o estabelecimento gradual de campos de dunas livres. Este é o tipo de processo aqui evocado para explicar a formação das duas seqüências de depósitos eólicos, deduzidas em Santa Catarina, mas extensível a grande parte dos setores costeiros brasileiros com vocação atual ou recente para formação de campos de dunas livres. A seqüência eólica A, mais antiga, relaciona-se ao NRM alto do último interglacial, enquanto a seqüência B, mais nova, associa-se ao NRM alto do Holoceno. Os depósitos representativos de três gerações eólicas mais novas (2, 3 e 4), integrantes da seqüência B, teriam se diferenciado no contexto de retroalimentações negativas posteriores à máxima inundação marinho-lagunar do Holoceno.
  • Imprenta:
  • Data da defesa: 17.07.2007
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    • ABNT

      GIANNINI, Paulo César Fonseca. Sistemas deposicionais eólicos no Quaternário costeiro do Brasil. 2007. Tese (Livre Docência) – Universidade de São Paulo, São Paulo, 2007. Disponível em: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/livredocencia/44/tde-20012014-175413/. Acesso em: 27 dez. 2025.
    • APA

      Giannini, P. C. F. (2007). Sistemas deposicionais eólicos no Quaternário costeiro do Brasil (Tese (Livre Docência). Universidade de São Paulo, São Paulo. Recuperado de http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/livredocencia/44/tde-20012014-175413/
    • NLM

      Giannini PCF. Sistemas deposicionais eólicos no Quaternário costeiro do Brasil [Internet]. 2007 ;[citado 2025 dez. 27 ] Available from: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/livredocencia/44/tde-20012014-175413/
    • Vancouver

      Giannini PCF. Sistemas deposicionais eólicos no Quaternário costeiro do Brasil [Internet]. 2007 ;[citado 2025 dez. 27 ] Available from: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/livredocencia/44/tde-20012014-175413/


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