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A impostura do mestre: da antropologia freudiana à desautorização moderna do ato de educar (2005)

  • Authors:
  • Autor USP: PEREIRA, MARCELO RICARDO - FE
  • Unidade: FE
  • Subjects: PSICANÁLISE; ANTROPOLOGIA; PSICOLOGIA EDUCACIONAL; ANTROPOLOGIA EDUCACIONAL
  • Language: Português
  • Abstract: O discurso docente atual interroga como os professores de nossa modernidade tardia sentem-se "desvalorizados", "desmoralizados" e, sobretudo, "desautorizados". Também os teóricos da profissão docente entendem que a função de professor sofreu considerável desgaste intelectual, social, cultural e econômico. No imaginário social, o "mestre" nostalgicamente idealizado, abnegado e sublimado de outrora cedeu lugar a um profissional sucumbido à atual massificação educacional contemporânea. De modo análogo, o prenuncio nietzschiano "Deus está morto" tem se repetido em grande parte da literatura acadêmica seja da filosofia à psicanálise. Teorias sobre a falência de instituições sociais, o aumento da violência urbana e da criminalidade, a perplexidade de projetos educacionais ante a diversidade cultural, entre outras, vêm associadas a uma crise política da autoridade, a um declínio de um Deus-pai e à deposição de uma sociedade eminentemente patriarcal. Vivemos entre uma Vatersehnsucht (nostalgia do pai) e uma ética fraterna, revivificada na modernidade pelas revoluções liberais, como a francesa de 1789, que impingiu-nos os direitos de liberdade, fraternidade e igualdade. "No início foi o ato". Eis a aposta de Freud ao asseverar que o assassínio do Urvater (o tirano de Totem e tabu) inventa o gênero humano ao instituir o pai enquanto morto. Entretanto, o pai primevo,) para sempre morto ao instituir a cu1tura parece ser tomado com visível embaraço pela mística moderna,que o vê muitas vezes apenas como o tirano encarnado e opressor. O Pater Pantôcrato, de Platão, o Zeus, ordenador grego do cosmos, ou Deus do destino na revelação judáico-cristã, parece ter perdido seu fôlego na pólis moderna. Será mesmo? Será que esse pai - mestre e Deus - foi morto pelos revolucionários? Ou será que, desde sempre morto, assim como instituiu Freud, ele atualmente vestiu-se de novas modalidades pós-modernas, tornou-se disjunto do mestre e de Deus e permanece sendo mesmo o grande estofo da vinculação social? O mestre, ou seja, aquele que governa o outro, não será por isso condenado indefinidamente a uma impostura? Em nossa esfera educacional, um professor, ao fazer-se mestre, reinaugura a ordem paterna com seu ato, mesmo tendo as ortopedias pedagógicas lhe ordenando uma desautorização política? Essa tese parte da noção do vínculo social construído pela psicanálise, culminando na idéia de Nome-do-Paí, como efeito lógico, suplente e nomeador. Teoriza sobre uma possível invenção antropológica do mestre, mostra sua impostura constitutiva e sua desautorização política na modernidade, ao mesmo tempo que lhe devolve sua 'mestria per si' como causa de desejo ou como ato provisório da transmissão. O mestre pode ser, então, como na terminologia de Freud, um "Deus de prótese".
  • Imprenta:
  • Data da defesa: 04.11.2005

  • How to cite
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    • ABNT

      PEREIRA, Marcelo Ricardo. A impostura do mestre: da antropologia freudiana à desautorização moderna do ato de educar. 2005. Tese (Doutorado) – Universidade de São Paulo, São Paulo, 2005. . Acesso em: 29 dez. 2025.
    • APA

      Pereira, M. R. (2005). A impostura do mestre: da antropologia freudiana à desautorização moderna do ato de educar (Tese (Doutorado). Universidade de São Paulo, São Paulo.
    • NLM

      Pereira MR. A impostura do mestre: da antropologia freudiana à desautorização moderna do ato de educar. 2005 ;[citado 2025 dez. 29 ]
    • Vancouver

      Pereira MR. A impostura do mestre: da antropologia freudiana à desautorização moderna do ato de educar. 2005 ;[citado 2025 dez. 29 ]

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