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Estudo comparado dos venenos de Philodryas olfersii (Lichtenstein, 1823) e Philodryas patagoniensis (Girard, 1857) (Serpentes: Colubridae) (2005)

  • Authors:
  • Autor USP: ROCHA, MARISA MARIA TEIXEIRA DA - IB
  • Unidade: IB
  • Sigla do Departamento: BIF
  • Subjects: SERPENTES; VENENOS DE ORIGEM ANIMAL
  • Language: Português
  • Abstract: Os acidentes ofídicos são um dos grandes problemas de saúde pública na América Latina e, no Brasil, as serpentes peçonhentas são consideradas os principais agentes etiológicos. Porém, dados epidemiológicos recentes têm demonstrado que entre 20 e 40% do total destes acidentes são causados por serpentes não peçonhentas, principalmente as da família Colubridae, correspondendo a mais de 65% das serpentes descritas para o grupo até o momento. Embora a maioria dos colubrídeos seja considerada não peçonhenta, as serpentes da série opistóglifa apresentam a Glândula de Duvernoy, que produz secreção tóxica, ligada a dentes inoculadores posteriores. As serpentes opistóglifas do gênero Philodryas têm distribuição restrita à América do Sul, com dezessete espécies, sendo que somente sete ocorrem no Brasil, causando acidentes de importância médica, inclusive um óbito registrado pelo envenenamento por Philodryas olfersii. Os envenenamentos causados por serpentes gênero Philodryas caracterizam-se por ação local intensa com dor, edema e hemorragia sendo, por vezes, erroneamente identificados como acidetnes botrópicos. Devido à importância dos acidentes e à escassa informação sobre os venenos dos colubrídeos brasileiros, este estudo foi desenvolvido com a finalidade de comparar as atividades biológicas e bioquímicas dos venenos de P. olfersii e P. patagoniensis, bem como o potencial imunogênico, suas ações imunobiológicas e imunoquímicas e possível soroneutralização com osoro antibotrópico comercial, visando oferecer subsídios na área de tratamento clínico dos acidentes, e a melhor compreensão dos mecanismos de ação destas toxinas. No Brasil, somente P. olfersii tem recebido maior atenção quanto à elucidação da composição de suas secreções. Foram determinadas para o veneno desta espécie as atividades hemorrágica, edematogênica, fibrinolítica, além de já terem sido isoladas cinco proteinases fibrin(ogen)olíticas e uma fração miotóxica deste veneno. Os venenos de P. olfersii e P. patagoniensis apresentaram teores de proteínas totais entre 75 e 90%. Os teores de carboidratos livres foram os esperados para a maioria dos venenos de serpentes: P; patagoniensis apresentou 4,2% de carboidratos, valor semelhante ao de B. jararaca, enquanto P. olfersii apresentou somente 2,5%. Os perfis eletroforéticos foram semelhantes, com pesos moleculares variando entre 62 e 14 kDa, com quatro bandas majoritárias nos pesos aproximados de 62.0, 48.0, 35.0 e 30.0 kDa. A atividade proteolítica sobre a caseína de ambos os venenos foi intensa, com valores acima de 200 U/mg, além de apresentarem intensa atividade gelatinástica na região entre os pesos moleculares 43 e 67 kDa. Hidrolisaram o fibrinogênio, degradando suas cadeiras A'alfa' e B'beta' como foram capazes de digerir a matriz de placa de fibrina apresentando, portanto, as ações fibri(ogen)olíticas. As atividades coagulante, desfibrinante, fosfolipásica e miotóxica forampraticamente nulas. A atividde hialuronidásia mostrou-se diferente nos dois venenos: o P. olfersii foi duas vezes mais ativo sobre o ácido hialurônico, quando comparado com os venenos de P. patagoniensis e B. jararaca. Quanto às ações locais, os venenos apresentaram intensa atividade nociceptiva, sendo que o veneno de P. patagoniensis provocou reatividade em camundongos semelhantes ao de B. jararaca. Os venenos de P. olfersii e P. patagoniensis apresentaram atividade edematogênica máxima de 30 minutos, e as Doses mínimas endematogênicas (DME) foram estatisticamente semelhantes. Quanto à ação hemorrágica, os tempos foram significativamente diferentes, de 4 e 2 horas, e as Doses Mínimas Hemorrágicas (DMH) semelhantes, sendo 24,1 e 26,9 'mü'g/rato, respectivamente. Os venenos apresentaram importante atividade necrosante, sendo o de P. patagoniensis o mais ativo, com Dose Mínima Necosante (DMN) de 63,5 'mü'g/animal, semelhante aos valores para B. jararaca. O agente quelante EDTA (inibidor de metaloproteinase) foi capaz de inibir significativamente as atividades fribrin(ogen)olítica, hemorrágica e letal de ambos os venenos, corroborando a hipótese da supremacia de metaloproteinases nos venenos de colubrídeos. A análise anatomopatológica, tanto em camundongos como em coelhos, mostrou que os venenos de P. olfersii de P. patagoniensis provocam processos inflamatório, endematogênico e hemorrágico importantes. Coelhos albinos foram iminizados e osvenenos foram capazes de induzir a produção de anticorpos, além de reagirem de modo cruzado com o veneno de B. jararaca, e com o soro antibotrópico comercial demonstrado através dos ensaios de ELISA e Western Blot. Os venenos apresentaram DL50 iguais, em torno de 60 'mü'g/camundongo, e mostraram toxicidades semelhantes aos venenos de serpentes do gênero Bothrops. O soro antibotrópico comercial neutralizou a toxicidade e a ação hemorrágica dos venenos, sugerindo que, nos acidentes causados por serpentes do gênero Philodryas, este soro pode ser utilizado como tratamento
  • Imprenta:
  • Data da defesa: 17.10.2005

  • How to cite
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    • ABNT

      ROCHA, Marisa Maria Teixeira da. Estudo comparado dos venenos de Philodryas olfersii (Lichtenstein, 1823) e Philodryas patagoniensis (Girard, 1857) (Serpentes: Colubridae). 2005. Tese (Doutorado) – Universidade de São Paulo, São Paulo, 2005. . Acesso em: 25 abr. 2025.
    • APA

      Rocha, M. M. T. da. (2005). Estudo comparado dos venenos de Philodryas olfersii (Lichtenstein, 1823) e Philodryas patagoniensis (Girard, 1857) (Serpentes: Colubridae) (Tese (Doutorado). Universidade de São Paulo, São Paulo.
    • NLM

      Rocha MMT da. Estudo comparado dos venenos de Philodryas olfersii (Lichtenstein, 1823) e Philodryas patagoniensis (Girard, 1857) (Serpentes: Colubridae). 2005 ;[citado 2025 abr. 25 ]
    • Vancouver

      Rocha MMT da. Estudo comparado dos venenos de Philodryas olfersii (Lichtenstein, 1823) e Philodryas patagoniensis (Girard, 1857) (Serpentes: Colubridae). 2005 ;[citado 2025 abr. 25 ]

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