Exportar registro bibliográfico

Estudo da recomposição florística do componente arbustivo-arbóreo em áreas utilizadas para o plantio de exóticas em um cerrado de Luiz Antônio - SP (2005)

  • Authors:
  • Autor USP: GIMENEZ, VALERIA MARIA MELLEIRO - FFCLRP
  • Unidade: FFCLRP
  • Sigla do Departamento: 592
  • Subjects: CERRADO; FLORA; COMUNIDADES VEGETAIS
  • Language: Português
  • Abstract: A restauração e a conservação da cobertura vegetal tem sido objeto de estudo em todo o mundo, na expectativa de reverter o acelerado processo de degradação dos recursos naturais. O Cerrado é considerado a floresta mais degradada do mundo, restando no Estado de São Paulo cerca de 1% na forma de fragmentos. No último século, extensas áreas foram substituídas por reflorestamentos homogêneos de pinus e eucaliptos que, após o abandono iniciam o processo de sucessão. Este trabalho apresenta a comparação florística e fitossociológica do componente arbustivo-arbóreo de sete áreas de um Cerrado em Luiz Antônio-SP, com o objetivo de avaliar a recomposição florística, após diferentes períodos de abandono das áreas. Uma área é de Cerrado stricto sensu preservado (CE) e as demais são plantações de exóticas (eucalipto e pinus), diferentes quanto ao tempo de abandono (Eu1980, Eu1990, Eu2000, Pi1980, Pi1990, Pi2000). Em cada área (talhões de 200x200m), foram coletadas amostras de solo e distribuídas três parcelas de 10x20m, amostrando-se todos os indivíduos com PAS'> OU ='5cm. As análises químicas e granulométricas do solo indicaram latossolo ácido, arenoso, eutrófico em Pi1990, Pi2000, Eu2000 e distrófico nas demais áreas. Os maiores teores de matéria orgânica e alumínio concentram-se entre 0-20 cm de profundidade. Os resultados evidenciam fatores influentes na regeneração natural, mas insuficientes para explicar a recomposição diferenciada das áreas de eucalipto e pinus.A análise florística amostrou 4.070 espécimes pertencentes a 210 espécies distribuídas .em 124 gêneros e 49 famílias. As famílias com maior riqueza em número de espécies foram: .Fabaceae (28), Myrtaceae (22), Bignoniaceae e Rubiaceae (13 cada uma), Malpighiaceae (12), .Asteraceae (11), Erythroxylaceae e Melastomataceae (8 cada uma), Vochysiaceae (7), : Annonaceae, Apocynaceae e Malvaceae (6 cada uma). Em conjunto, essas famílias perfazem ... 2/3 (140) das espécies amostradas e são também as mais abundantes, concentrando cerca de 59,1% (2.385) dos indivíduos. Algumas espécies são notadamente abundantes, tais como: Xylopia aromatica, Ocotea corymbosa, Siparuna guianensis, Miconia albicans, Copaifera langsdorffii, Aegiphila sellowiana e Eugenia punicifolia, perfazendo 47,9% (1.932) dos espécimes amostrados na área. Foram identificadas 127 espécies comuns a outros Cerrados paulistas, entre as quais seis são típicas de floresta, 91 de Cerrado e 30 comuns ao Cerrado e floresta, indicando que as áreas de estudo pertencem a uma faixa de transição vegetacional com predominância de espécies do Cerrado. CE tem a maior riqueza (115 espécies) e abundância (1.533 indivíduos), seguida pelas áreas de eucalipto (Eu1980 = 75/459, Eu1990 = 72/499, Eu2000 = 87/781) e pinus (Pi1980 = 69/289, Pi1990 = 55/234, Pi2000 = 58/259).15 espécies (7,1%) ocorrem em todas as áreas e 87 (41,4%) são exclusivas de alguma das sete áreas amostradas. CE concentra omaior número de espécies de ocorrência restrita (40 = 46%); 28 (13,3%) são exclusivas de eucalipto e 19 (9,1 %) de pinus. As espécies exclusivas do Cerrado pertencem a 48% das famílias amostradas e as espécies das áreas de pinus ou eucalipto não apresentam diferenças relacionadas à idade ou cultura que expliquem tal exclusividade. A vegetação em recomposição não apresenta estratificação definida. As áreas de eucalipto têm sub-bosque mais complexo em densidade e riqueza de espécies que as de pinus, onde a taxa de recolonização é mais baixa. Variação na compactação do solo, na riqueza de espécies e no nível de infestação de gramíneas e lianas, indica um manejo diferenciado nas áreas de corte raso. O efeito de borda é evidente, principalmente nessas áreas, e mais intenso nas , de pinus. Algumas espécies mostraram diferenças nas fenofases: produção bianual de flores, frutos e deciduidade. ... continuação) Zoocoria é a síndrome predominante, muito expressiva em Pi1980. CE mostra a proporção 1:1 entre árvores e arbustos; as áreas com exóticas têm desvios para uma maior proporção de árvores em eucalipto e arbustos em Pi1980 e Pi2000. Os fanerófitos predominam e não há diferenças significativas entre as áreas. Os parâmetros fitossociológicos demonstram a dominância das espécies exóticas com altos índices de valor de importância (IVI) e área basal. As famílias de maior IVI, excluindo-se as exóticas foram: Fabaceae, Myrtaceae, Bignoniaceae, Rubiaceae,Malpighiaceae, Asteraceae, Melastomataceae, Erytroxylaceae, Apocynaceae e Vochysiaceae. A distribuição diamétrica e de altura indica povoamentos com alta freqüência de indivíduos na menor classe; os valores de altura e diâmetro mostram correlação positiva (Pearson), mesmo com expressiva incidência de rebrotas (13,21 %). É notável a incidência em CE (18,3%), áreas com pinus (Pi2000 = 15,05% e Pi1980 = 12,27%) e Eu2000 = 12,55%. Algumas espécies, notadamente as de ocorrência em todas as áreas, como Xylopia aromatica e Miconia albicans apresentaram indivíduos originados por rebrota em todas elas; Aegiphila sellowiana, Qualea grandiflora e Siparuna guianensis (em cinco), Brosimum gaudichaudii, Copaifera langsdorffii e Ocotea corymbosa (em quatro). Entre as exóticas, apenas três indivíduos de eucalipto apresentaram regeneração por esse processo. A exótica constitui componente importante nas áreas em que ainda convive com as nativas, representando mais de 52% (eucalipto) e mais de 73% (pinus) da dominância relativa, devido a sua expressiva área basal. Nestas áreas, espécies como Xylopia aromatica e Siparuna guianensis adquirem também grande importância, devido as suas altas abundâncias. Excluindo-se as exóticas, X. aromatica e S. guianensis, as três espécies mais importantes de CE (Ocotea corymbosa, Copaifera langsdorffii e Pterodon emarginatus) ... figuram entre as cinco mais importantes de eucalipto. Nas áreas de pinus, Aegiphila selowianadestaca-se e apenas O. corymbosa está entre os 10 maiores IVI's em todas as áreas. Em todas as áreas há um grande número de espécies raras, únicas e com IVI'> OU ='5%. O entorno da unidade de conservação mostra inúmeras dificuldades para expandir seus limites, elevando o risco potencial dessas espécies serem perdidas. A maioria dos indivíduos ocupa o estrato médio, inclusive espécies de alta posição sociológica, como Ocotea corymbosa, Copaifera langsdorffii, Eugenia punicifolia, Aegiphila sellowiana, Xylopia aromatica e Siparuna guianensis, que são também muito abundantes. A grande maioria das espécies é pouco abundante e de pequena dominância. Do mesmo modo, a distribuição espacial parece estar associada à maior abundância e IVI, predominando a forma agrupada. A similaridade entre as áreas, medida pelo índice de Sorensen-Dice, mostra que CE apresenta uma baixa similaridade com as áreas de exóticas, principalmente com as de plantio de pinus e que Pi 1980 tem nítido distanciamento das demais áreas com exóticas. Comparadas entre si, as áreas de eucalipto apresentam alta similaridade (variando de 57 a 65,5%) e no caso de .pinus, apenas Pi1980-Pi1990 tem similaridade menor que 50%. O índice de Shannon alcançou o valor médio de H'=3,31 em áreas de pinus, H'=3,14 em eucalipto e, H'=3,61 no Cerrado preservado, semelhante a outras áreas de Cerrado s. s. A equabilidade apresenta diferenças discretas entre as áreas e o índice de dominância de Simpson (J) indicaque as áreas de eucalipto (Eu2000 e Eu1990) e CE têm as maiores diversidades. A avaliação do estágio real de recomposição natural pode estar mascarada pela alta densidade e IVI de espécies com estratégia reprodutiva por xilopódio, além de rebrota. Para as espécies exóticas não foram amostradas plântulas ou representantes nas classes inferiores de altura ... ou diâmetro, sugerindo que estas espécies não estão se regenerando nas áreas. Todas as observações sugerem que a recomposição natural resultante da sucessão secundária após o abandono das áreas está ocorrendo, mas é ineficiente quando comparada ao Cerrado s.s. A presença de espécimes exóticos parece interferir de forma decisiva na recomposição natural das áreas e a retirada destes espécimes é altamente recomendável.
  • Imprenta:
  • Data da defesa: 28.09.2005

  • How to cite
    A citação é gerada automaticamente e pode não estar totalmente de acordo com as normas

    • ABNT

      GIMENEZ, Valeria Maria Melleiro. Estudo da recomposição florística do componente arbustivo-arbóreo em áreas utilizadas para o plantio de exóticas em um cerrado de Luiz Antônio - SP. 2005. Dissertação (Mestrado) – Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto, 2005. . Acesso em: 19 abr. 2024.
    • APA

      Gimenez, V. M. M. (2005). Estudo da recomposição florística do componente arbustivo-arbóreo em áreas utilizadas para o plantio de exóticas em um cerrado de Luiz Antônio - SP (Dissertação (Mestrado). Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto.
    • NLM

      Gimenez VMM. Estudo da recomposição florística do componente arbustivo-arbóreo em áreas utilizadas para o plantio de exóticas em um cerrado de Luiz Antônio - SP. 2005 ;[citado 2024 abr. 19 ]
    • Vancouver

      Gimenez VMM. Estudo da recomposição florística do componente arbustivo-arbóreo em áreas utilizadas para o plantio de exóticas em um cerrado de Luiz Antônio - SP. 2005 ;[citado 2024 abr. 19 ]

    Últimas obras dos mesmos autores vinculados com a USP cadastradas na BDPI:

    Digital Library of Intellectual Production of Universidade de São Paulo     2012 - 2024