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Manisfestações fonoaudiológicas na doença de PARKINSON (2004)

  • Authors:
  • USP affiliated authors: LAMONICA, DIONISIA APARECIDA CUSIN - FOB ; CALDANA, MAGALI DE LOURDES - FOB
  • Unidade: FOB
  • Assunto: DOENÇA DE PARKINSON
  • Language: Português
  • Abstract: A doença de Parkinson (DP) é uma alteração degenerativa primária, progressiva e lenta do sistema nervoso, que comumente se inicia a partir dos 50 anos de idade, sendo possível encontrar pacientes com início da doença mais precoce (Meneses e Teive, 1996; Oxtoby e Willimas, 2000; Ferraz e Mourão, 2003). Pode acometer todas as raças e ambos os sexos, com ligeiro predomínio no sexo masculino (Lamônica, 1997). Manifesta-se, freqüentemente, sob a forma de sintomas motores e não-motores. A tétrade clássica de sintomas motores é composta pelo tremor de repouso, rigidez muscular, bradicinesia (acinesia ou hipocinesia) e distúrbios do equilíbrio postural ou da marcha (Limongi, 2001). Também podem estar presentes dados clínicos não-motores, como comprometimento da memória, alteração do sono, depressão, distúrbio do sistema nervoso autonômico (alterações cardiovasculares, genito-urinárias, gastrintestinais, entre outros), disfunção sexual, dores, câimbras, parestesias, bradifrenia, disfunção olfatória e demências (Meneses e Teive, 1996; Limongi, 2001). Os distúrbios vegetativos são comuns e evidenciam um predomínio das funções presididas pelo sistema parassimpático. As expressões gestuais dos pacientes parkinsonianos estão severamente diminuídas como conseqüência da hipocinesia. Percebe-se a raridade do piscar, resultado da redução da mímica facial que se torna impassível diante das diferentes emoções (Lamônica, 1997). Devido à característica evolutiva do quadro, os pacientesparkinsonianos, numa fase mais avançada, evoluem com dificuldade progressiva para realizar funções simples relacionadas às atividades de vida diária e tornam-se cada vez mais dependentes. Assim, o tratamento da DP envolve uma ) equipe de profissionais atuando no tratamento medicamentoso, cirúrgico e/ou terapêutico. No que se refere à fonoaudiologia, o interesse se situa nas manifestações encontradas nos parkinsonianos que se refletem em dificuldades de expressão oral e escrita, bem como nas alterações neurovegetativas que alteram sua alimentação e comunicação (Lamônica, 1997). As conseqüências desses sintomas refletem diretamente no cotidiano dessas pessoas, interferindo substancialmente na sua qualidade de vida e na de seus familiares. Assim, um tratamento interdisciplinar torna-se importante devido à complexidade dos sintomas apresentados. Para um tratamento fonoaudiológico efetivo, é imprescindível uma avaliação detalhada das estruturas e processos envolvidos na comunicação e alimentação. Uma vez compreendido esses sintomas, poderão ser estabelecidas estratégias que atenuem os efeitos negativos da doença. OBJETIVO: Investigar as manifestações fonoaudiológicas em portadores da Doença de Parkinson, no que se refere aos seguintes aspectos: comunicação oral e gráfica, processos perceptuais, sistema sensório-motor oral, funções estomatognáticas, voz e audição. MÉTODO: O projeto foi encaminhado à apreciação do Comitê de Ética em Pesquisa e recebeu suaaprovação (processo nº 053/2002), segundo as determinações do Conselho Nacional da Saúde (Resolução CONEP 196/96). O contato com indivíduos portadores da DP foi realizado por meio de consultas a instituições de abrigo para idosos e a clínicas de neurologia e geriatria do município de Bauru/SP. Para pertencerem ao grupo experimental, os sujeitos deveriam ter o diagnóstico de DP confirmado por avaliação médica, nunca ter realizado fonoterapia e pertencer ao município de Bauru e região. Não participaram da amostra os indivíduos que apresentaram antecedentes de alterações da comunicação oral ou escrita, histórico de doenças neuromusculares, ) queixas de disfunções laríngeas e outros transtornos associados que comprometessem a validade do trabalho. No presente estudo, o grupo experimental foi formado por 10 indivíduos portadores da DP, sendo que cinco tiveram que ser avaliados a domicílio, pela dificuldade de locomoção, de transporte, dependência de terceiros e outros. Inicialmente, foi elaborado pelas pesquisadoras um protocolo de avaliação clínica fonoaudiológica, que abrangiam os seguintes aspectos: comunicação oral e gráfica, processos perceptuais (audibilização e visualização), sistema sensório motor oral (tonicidade, sensibilidade e mobilidade dos órgãos fonoarticulatórios, bem como expressão facial), funções estomatognáticas (respiração, mastigação e deglutição), voz (qualidade vocal, pitch, loudness, capacidade potencial de modulação parafreqüência e intensidade, resistência vocal e suporte respiratório) e audição.Devido ao número restrito da amostra, a pesquisa fundamenta-se na análise descritiva, por apresentação de porcentagens, englobando, portanto, o aspecto qualitativo quanto à investigação das manifestações fonoaudiológicas.RESULTADOS: Na comunicação oral, não foram observados comprometimentos nas habilidades receptivas da linguagem. Já no que se refere aos aspectos expressivos, verificou-se alteração no aspecto semântico (20% da amostra), o que se pode ser conseqüência do déficit de memória observado. Outra característica foi a produção dos fonemas plosivos com fraca pressão intra-oral (10% da amostra). Quanto à fala, o tipo articulatório mais comum foi o travado (50%), a velocidade foi acelerada (50%) e o ritmo monótono (70%).A seguir serão descritos os achados referentes à comunicação gráfica dos pacientes avaliados. O número total de indivíduos desta amostra é nove em função de um avaliado ser analfabeto. Foram observadas alterações quanto ao tipo de letra empregada na escrita ( Continua) ) (presença de tremor e micrografia) em todos os sujeitos, organização espacial inadequada (67% da amostra), pressão do lápis alterada (78%), pobreza na entonação da leitura (56%) e comprometimento da coordenação motora fina (presença de tremor e rigidez) em toda a amostra.A avaliação dos processos perceptuais evidenciou déficit de memória imediata auditiva (em 60% da amostra) e visual (70%), justificável peloavanço da idade dos sujeitos, bem como pelo efeito dos medicamentos, particularmente os anti-colinérgicos. ) inadequada em todos os indivíduos.O suporte respiratório foi avaliado por meio do tempo máximo de fonação (T.M.F.), que indica a habilidade do paciente em controlar as forças aerodinâmicas da corrente pulmonar e as forças mioelásticas da laringe. Todos os sujeitos da amostra tiveram desempenho insatisfatório, sendo que 90% dos mesmos tiveram o desempenho insatisfatório e anormal.Quanto à audição periférica dos pacientes avaliados, verificou-se predomínio de perda auditiva neurossensorial descendente, com timpanograma tipo A e variação quanto a presença ou ausência dos reflexos em função do tipo de perda auditiva. Esses achados são condizentes com presbiacusia, não podendo ser caracterizados como decorrentes da DP.CONCLUSÃO: Como pode ser notado pelos achados da pesquisa, o indivíduo parkinsoniano apresenta, com o decorrer da doença, alterações significativas nas áreas da comunicação oral e gráfica, memória auditiva e visual, sistema sensório motor oral, funções estomatognáticas e voz. Por esse motivo, o fonoaudiólogo tem importante papel junto à equipe de reabilitadores, visando prolongar as habilidades dos indivíduos para viverem independentemente o maior tempo possível. Uma avaliação bem detalhada torna-se fundamental para se compreender as reais necessidades desses pacientes
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  • Conference titles: Congresso Brasileiro de Fonoaudiologia

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    • ABNT

      JORGE, Tatiane Martins e CALDANA, Magali de Lourdes e LAMÔNICA, Dionísia Aparecida Cusin. Manisfestações fonoaudiológicas na doença de PARKINSON. Revista da Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia. São Paulo: SBFa. . Acesso em: 25 abr. 2025. , 2004
    • APA

      Jorge, T. M., Caldana, M. de L., & Lamônica, D. A. C. (2004). Manisfestações fonoaudiológicas na doença de PARKINSON. Revista da Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia. São Paulo: SBFa.
    • NLM

      Jorge TM, Caldana M de L, Lamônica DAC. Manisfestações fonoaudiológicas na doença de PARKINSON. Revista da Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia. 2004 ; 9[citado 2025 abr. 25 ]
    • Vancouver

      Jorge TM, Caldana M de L, Lamônica DAC. Manisfestações fonoaudiológicas na doença de PARKINSON. Revista da Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia. 2004 ; 9[citado 2025 abr. 25 ]


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