Exportar registro bibliográfico

O efeito da morfodinâmica praial e suas variações temporais de curto e médio prazo sobre a macrofauna bentônica de três praias arenosas expostas de Santa Catarina, Brasil (2004)

  • Authors:
  • Autor USP: ALVES, ELIANA DOS SANTOS - IB
  • Unidade: IB
  • Sigla do Departamento: BIE
  • Subjects: BENTOS; PRAIAS; AREIA; ECOLOGIA MICROBIANA; ECOLOGIA MARINHA
  • Language: Português
  • Abstract: Este trabalho teve por objetivo investigar os efeitos das alterações espaço-temporais das características morfodinâmics sobre a macrofauna bentônica da porção subaérea de praias arenosas expostas. Para tanto, três praias do litoral centro-norte de Santa Catarina, caracterizadas como expostas e dominadas por ondas, sujeitas a regimes de micro-maré, e variando de estágios dissipativo a refletivo foram amostradas em duas escalas de tempo: a) médio prazo - coletas realizadas com freqüência mensal (extremos morfodinâmicos) e bimestral (estágio intermediário) para avaliar as alterações ao longo de um ano nas características morfodinâmicas das praias e seu efeito na composição, abundância, biomassa e padrões de zonação da macrofauna bentônica da porção sub-aérea do perfil praial; e b) curto prazo - coletas efetuadas antes, durante e após a passagem de eventos de tempestade, para avaliar as distintas alterações de curto prazo ocorridas em praias com diferentes estágios morfodinâmicos e sua conseqüente enfluência na composição, abundância e padrões de zonação da macrofauna bentônica da porção sub-aérea do perfil. O acompanhamento de médio prazo revelou que as características ambientais e a dinâmica temporal das praias selecionadas foram bastante particulares e estiveram relacionadas com seu estágio modal. A praia de Navegantes (dissipativa), esteve sujeita a reduzidas variações morfológicas e sedimentares durante o ano, e caracterizou-se pela presença de uma ampla zona de surge compredomínio de ondas do tipo deslizante/megulhante e uma extensa zona de espraiamento de ondas. Com gradiente suave, apresentou grande homogeneidade sedimentar ao longo do perfil e esteve composta por areias finas, moderadamente bem selecionadas a bem selecionadas, com elevados teores de umidade associados a superficialidade do lençol freático. A praia de Taquaras (refletiva) caracterizou-se pela ausência de zona de surfe e pelo predomínio de ondas do tipo ascendente/frontal, cuja dissipação de energia ocorreu diretamente sobre a face de praia. Apresentou declividade acentuada, estreita zona de espraiamento de ondas e profundidades elevadas para o lençol freático. Esteve composta por areia grossa moderadamente bem selecionada e bem selecionada com reduzido teor de umidade, e apresentou as maiores variações espaciais e temporais nas características sedimentares e morfológicas. A praia Brava (intermediária), esteve composta por areias médias moderadamente bem selecionadas a bem selecionadas, e aresentou características com relação a extensão das zonas de surfe e espraiamento de ondas, profundidade do lençol freático, teor de umidade do sedimento e intensidade das alterações sedimentares e morfológicas. As variações ambientais de médio prazo identificadas ao longo do espectro morfodinâmico e seu comportamento temporal condicionaram alterações na composição, abundância e padrões de zonação da macrofauna bentônica das praias estudadas.O número de espécies e a abundância da macrofauna diminuiu do extremo dissipativo para o refletivo, enquanto o tamanho médio individual dos organismos aumentou no mesmo sentido. A biomassa do macrobentos não esteve relacionada com o gradiente morfodinâmico e parece ter sido condicionada pelo tipo e quantidade de alimento disponível ao longo da área de estudo. Embora relações espaciais consistentes na riqueza e abundância do macrobentos tenham sido verificadas ao longo do gradiente morfodinâmico das praias expostas catarinenses, a ausência de relação temporal entre as variáveis ambientais e os descritores da macrofauna bentônica em cada um dos estágios morfodinâmicos sugere que a estrutura das comunidades macrobentônicas de praias arenosas expostas de micromaré é determinada pelas condições ambientais prevalecentes e associadas com cada estágio morfodinâmico, o que inclui a magnitude da instabilidade sedimentar. Os padrões de zonação da macrofauna bentônica e sua dinâmica temporal também diferiram ao longo do espectro morfodiâmico e resultaram, respectivamente, dos distintos gradientes ambientais (teor de umidade, tamanho de grão e remobilização sedimentar) existentes ao longo do perfil das praias estudadas e do comportamento temporal distinto dos gradeintes de umidade e posicionamento da zona de espraiamento de ondas ao longo do espectro morfodinâmico. As principais diferenças identificadas para o padrão de zonação damacrofauna do extremo refletivo para o dissipativo foram: a) incremento no número de espécies nas zonas inferiores da praia; b) incremento na amplitude das zonas correspondentes as regiões de elevada umidade no sedimento; c) aumento na sobreposição das zonas faunísticas, principalmente nos níveis inferiores da praia; e d) diminuição da correspondência entre a distribuição das espécies e limites impostos pelo espraiamento de ondas. As coletas de curto prazo revelaram que os eventos de tempestade monitorados exerceram diferentes efeitos nas características morfológicas e sedimentares das praias em extremos morfodinâmicos. O extremo refletivo apresentou maior suscetibilidade ao incremento de onda causado pelas tempestades e caracterizou-se por rápidos e intensos processos erosivos. Além disso, apresentou uma rápida capacidde de restauração do perfil praial com a redução na energia de onda. No extremo dissipativo, por sua vez, os processos erosivos decorrentes das tempestades operaram de forma lenta e progressiva na porção sub-aérea da praia e causaram erosão pouco intensa apenas durante um dos eventos (agosto/2002). Além disso, este tipo de praia caracterizou-se por uma reduzida capacidade de recuperação do perfil sub-aéreo. Mesmo considerando as diferentes respostas dos extremos morfodinâmicos com relação a alteração d energia de onda, efeitos negativos na composição de espécies e abundância da macrofauna bentônica, induzidos pelos eventos detempestade, não foram evidentes para nenhuma das praias estudadas. De modo geral, a abundância média de muitas espécies foi mais variável entre diferentes eventos e/ou entre amostras realizadas na ausênica de tempestades, do que propriamente em função do incremento de onada e/ou erosão praial observada dentro de um mesmo evento. Isto sugere que os distúrbios de tempestade, com a intensidade e duração observadas neste estudo, não exerceram um papel mais expressivo no condicionamento da variabilidade temporal na composição e abundância do macrobentos do que os processos de recrutamento e variabilidade ambiental natural observados ao longo do ano nas praias de Taquaras e Navegantes. Por outro lado, alterações no padrão de distribuição da macrofauna bentônica, induzidos pelos eventos de tempestade, foram verificadas nas duas praias estudadas porém tenderam a ser mais intensas e duradouras no extremo dissipativo. Estas alterações estiveram relacionadas com as variações no nível do mar, no posicionamento da zona de espraiamento de ondas e nos gradientes de umidade daí decorrentes. Os resultados obtidos neste trabalho permitiram concluir que: a) as variações espaciais observadas ao longo do gradiente morfodinâmico, para a riqueza, abundância e padrões de zonação da macrofauna bentônica da porção sub-aérea das praias arenosas expostas de Santa Catarina, são determinadas pelas características ambientais prevalecentes e pela magnitude de remobilização sedimentarassociadas com cada tipo de praia; b) os eventos de tempestade, com a intensidade e duração consideradas neste estudo, não exercem efeitos negativos na riqueza e abundância da macrofauna bentônica de praias expostas de micromaré, independente de seu estágio morfodinâmico, demonstrando que a fauna residente é adaptada à dinâmica ambiental de curto prazo de cada tipo de praia; e c) uma vez estabelecidas, as assembléias macrobentônica características de cada tipo de praia sofrem acomodações de médio e curto prazo em sua estrutura espacial (padrões de distribuição) como resposta as alterações nas condições ambientais, de acordo com a dinâmica temporal de cada estágio morfodinâmico
  • Imprenta:
  • Data da defesa: 25.06.2004

  • How to cite
    A citação é gerada automaticamente e pode não estar totalmente de acordo com as normas

    • ABNT

      ALVES, Eliana dos Santos. O efeito da morfodinâmica praial e suas variações temporais de curto e médio prazo sobre a macrofauna bentônica de três praias arenosas expostas de Santa Catarina, Brasil. 2004. Tese (Doutorado) – Universidade de São Paulo, São Paulo, 2004. . Acesso em: 04 out. 2024.
    • APA

      Alves, E. dos S. (2004). O efeito da morfodinâmica praial e suas variações temporais de curto e médio prazo sobre a macrofauna bentônica de três praias arenosas expostas de Santa Catarina, Brasil (Tese (Doutorado). Universidade de São Paulo, São Paulo.
    • NLM

      Alves E dos S. O efeito da morfodinâmica praial e suas variações temporais de curto e médio prazo sobre a macrofauna bentônica de três praias arenosas expostas de Santa Catarina, Brasil. 2004 ;[citado 2024 out. 04 ]
    • Vancouver

      Alves E dos S. O efeito da morfodinâmica praial e suas variações temporais de curto e médio prazo sobre a macrofauna bentônica de três praias arenosas expostas de Santa Catarina, Brasil. 2004 ;[citado 2024 out. 04 ]


Digital Library of Intellectual Production of Universidade de São Paulo     2012 - 2024