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O gênero Mysella Angas, 1877 (Bivalvia: Galeommatoidea) na Baía do Almirantado, Ilha Rei George, Antártica: taxonomia, anatomia funcional comparativa e hábito incubador (2003)

  • Authors:
  • Autor USP: PASSOS, FLAVIO DIAS - IB
  • Unidade: IB
  • Sigla do Departamento: BIZ
  • Subjects: ZOOLOGIA (CLASSIFICAÇÃO); BIVALVIA; DISSECAÇÃO ANIMAL; ANATOMIA COMPARADA; COMPORTAMENTO INSTINTIVO ANIMAL
  • Language: Português
  • Abstract: O gênero Mysella Angas, 1877 (Bivalvia, Galeommatoidea, Lasaeidae) é representado por espécies que raramente ultrapassam 10 milímetros de comprimento de concha, esta com fraca ornamentação externa, quando presente. A despeito dessa simplicidade morfológica, reúne espécies com diferentes hábitos, umas endofaunais de vida livre, outras comensais, epibiontes, e mesmo simbiontes e parasitas de invertebrados. Os conhecimentos quanto a biologia e a anatomia dessas espécies são restritos, sendo as de águas antárticas, subantárticas e da fauna magelânica conhecidas apenas por seus caracteres conquiliológicos, por citações sobre sua distribuição geográfica e batimétrica, e por observações pontuais acerca do hábito incubador e aspectos da ecologia. Para a Baía do Almirantado, Ilha Rei George, das Shetland do Sul, Antártica, são conhecidas Mysella miniuscula (Martens & Pfeffer, 1886) e Mysella charcoti (Lamy, 1906), a primeira como uma espécie de ocorrência rara, e a segunda como o molusco mais frequentemente encontrado, e muito abundante. A partir da análise de amostras recolhidas nessa mesma localidade, em uma área em frente à Estação Antártica "Comandante Ferraz" (EACF), além das duas já registradas, foi detectada a existência de uma terceira espécie, semelhante externamente a M. charcoti. Em um primeiro Capítulo da Tese (Taxonomia), é investigada a identidade específica dessa terceira Mysella da Baía do Almirantado, através da comparação de suas característicasconquiliológicas com as de M. miniuscula, M. charcoti e das outras espécies do gênero registradas para águas antárticas, subantárticas e da fauna magelânica. A "terceira Mysella" distingui-se pela forma das valvas, posição dos umbos e, mais caracteristicamente, pelas estruturas da charneira (ligamento e dentição). Assemelha-se, entretanto, a Montaguia turqueti Lamy, 1906, espécie considerada sinônimo de M. charcoti e que se encontra com material-tipo extraviado. Dessa forma, a terceira espécie de Mysella da Baía do Almirantado é tratada como nova em um segundo Capítulo (Anatomia funcional comparativa), que a aborda, comparativamente a M. charcoti, quanto a anatomia e ao funcionamento dos órgãos e estruturas da cavidade palial envolvidos nos mecanismos de escavação e de captura e seleção do alimento a ser ingerido. Observações do comportamento e dissecções de espécimes vivos foram feitas nos laboratórios da EACF, onde também foram preparados espécimes relaxados e fixados adequadamente, tanto para o exame sob microscópio eletrônico de varredura (MEV) como para o estudo histológico, estes feitos no Brasil. M. charcoti e a Mysella sp. n. são espécies infaunais cavadoras, vivendo enterradas nos primeiros milímetros superficiais do sedimento. A primeira espécie é sempre mais abundante, colonizando também substrato lodoso; é frequentemente encontrada com pólipos de Monobrachium Mereschkowsky, 1877 (Cnidaria) fixos externamente à concha naregião dos umbos. Mysella sp. n. exibiu geotactismo negativo, não foi encontrada com epibiontes e ocorre mais restrita a sedimento arenoso; a glândula do bisso produz um fio de secreção viscosa, com o qual se fixa ao substrato. Em ambas, a corrente inalante é anterior, carreando partículas minerais e orgânicas para o interior da cavidade palial, o que as caracteriza como "comedoras de depósito". Em M. charcoti, grande parte desse material é conduzido para rejeição pelas correntes ciliares do manto, enquanto em Mysella sp. n. essas correntes transportam partículas para os palpos para serem selecionados antes da ingestão. Ambas possuem ctenídios homorhábdicos. Em Mysella sp. n. são completos, mas a demibrânquia externa é composta apenas pela lamela descendente rebatida; a demibrânquia interna possui um sulco alimentar marginal e sua lamela ascendente é reduzida. M. charcoti possui apenas a demibrânquia interna, (continução) na qual uma "membrana suspensória" ocorre em lugar de uma lamela ascendente típica; não há sulco alimentar marginal. Os palpos são muito pequenos, apresentando pregueamento raso em Mysella sp. n. Em ambas espécies as pseudofezes são expelidas por mecanismo ciliar. A cavidade suprabranquial é examinada no terceiro Capítulo (Hábito incubador). É registrado na literatura o fato de que as espécies de Mysella do hemisfério norte incubam a prole na cavidade suprabranquial até a fase de véliger, enquanto M. miniuscula, da Antártica, é a únicaespécie do gênero onde a ocorrência de ovoviviparidade é conhecida. O grau de incubação em M. charcoti e Mysella sp. n. foi estudado através de observações diretas de espécimes vivos na EACF, e através das medidas do comprimento da prodissoconcha I. As adaptações morfológicas ao hábito incubador são também registradas. Espécimes fixados foram estudados através de cortes histológicos e sob a MEV. Os ctenídios de M. charcoti e Mysella sp. n. não possuem junções interlamelares, a cavidade suprabranquial atuando como uma "câmara incubadora". Ovos e embriões são grandes, ricos em vitelo, sendo retidos até a fase de juvenis (ovoviviparidade). Em Mysella sp. n. o tecido do sulco alimentar marginal expande-se para acomodar os juvenis. O epitélio da massa visceral produz correntes ciliares que agem como mecanismos de limpeza; as partículas são conduzidas ventralmente. Glândulas paliais estão presentes de cada lado da abertura exalante e provavelmente auxiliam a condução desses dejetos e das fezes para o exterior
  • Imprenta:
  • Data da defesa: 23.10.2003

  • How to cite
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    • ABNT

      PASSOS, Flávio Dias. O gênero Mysella Angas, 1877 (Bivalvia: Galeommatoidea) na Baía do Almirantado, Ilha Rei George, Antártica. 2003. Tese (Doutorado) – Universidade de São Paulo, São Paulo, 2003. . Acesso em: 01 out. 2024.
    • APA

      Passos, F. D. (2003). O gênero Mysella Angas, 1877 (Bivalvia: Galeommatoidea) na Baía do Almirantado, Ilha Rei George, Antártica: taxonomia, anatomia funcional comparativa e hábito incubador (Tese (Doutorado). Universidade de São Paulo, São Paulo.
    • NLM

      Passos FD. O gênero Mysella Angas, 1877 (Bivalvia: Galeommatoidea) na Baía do Almirantado, Ilha Rei George, Antártica: taxonomia, anatomia funcional comparativa e hábito incubador. 2003 ;[citado 2024 out. 01 ]
    • Vancouver

      Passos FD. O gênero Mysella Angas, 1877 (Bivalvia: Galeommatoidea) na Baía do Almirantado, Ilha Rei George, Antártica: taxonomia, anatomia funcional comparativa e hábito incubador. 2003 ;[citado 2024 out. 01 ]

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