O embaraço da inclusão escolar: considerações psicanalíticas acerca da presença de crianças com dificuldades nas escolas (2003)
- Authors:
- Autor USP: LUCA, SANDRA RENATA DE - FE
- Unidade: FE
- Subjects: EDUCAÇÃO INCLUSIVA; PSICOLOGIA EDUCACIONAL
- Language: Português
- Abstract: O movimento da inclusão escolar de crianças que estavam até alguns anos atrás fora do sistema regular de ensino trouxe importantes reflexões para os profissionais que se ocupam da infância com problemas. Revendo escritos pedagógicos que sustentam a idéia da inclusão, observou-se um caráter inicial ufanista, apresentado-a como parte de um movimento social e democrático, a ser conquistada a qualquer custo. Já a literatura atual faz ressalvas a este processo, considerando sua pertinência, mas apontando, como principal obstáculo de viabilização, a penumbra do princípio de normalização. Percebe-se um tom queixoso no discurso pedagógico, sempre à procura do que falta para que a inclusão se concretize. Nesse trabalho faz-se referência a este discurso como o da impotência contingencial. A hipótese está em afirmar que o problema é de outra ordem, dificilmente tocada pelo discurso pedagógico. Trata-se da influência da visão normalizada sobre as crianças com problemas e da hipótese corretiva da educação. A inclusão visa, na maior parte das vezes, a normalização. Acredita-se ser este o ponto que a impossibilita, apesar das boas intencões que a cercam. Assim busca-se nos estudos filosóficos de G. Canguilhem e M. Foucault, constribuições para pensar o conceito de norma ao longo da história, e sua influência no discurso psico-pedagógico. A contribuição destes dois filósofos nos estudos sobre o surgimento, durante a modernidade, da sociedade da normalização traz importantes reflexõessobre as organizações sociais e, principalmente, sobre a dicotomia normal/anormal. Recorrendo ao conceito psicanalítico de estrangeiro, pode-se acrescentar uma outra "faceta"do princípio da normalização: a do estrangeiro como estranho e ao mesmo tempo familiar, que toca no recalcado e pede uma distância prudente e asseguradora das certezas do Eu. A presença do diferente, do estrangeiro, incomoda e, portanto, há uma tentativa de, na aproximação, normalizá-lo, em uma ilusão de homogeneidade. Mas ele resiste, devido às suas "diferenças naturais". Assim, só resta ao outro retornar ao seu lugar ou permanecer congelado em sua estranheza. Acredita-se ser este o paradoxo da inclusão, o que foi chamado aqui de embaraço: este fantasma do outro anormal que retorna e ameaça o Eu pretensamente normal. As tentativas de tê-lo por perto são incômodas e uma saida encontrada para a inclusão seria a hospedagem, conforme disse C. Skliar. Utilizando-se de dois fragmentos de casos clínicos de crianças que foram incluídas pelo sistema regular de ensino e da experiência por ocasião de um estágio na Escola Experimental de Bonneuil-sur-Marne, questionou-se as possibilidades da inclusão, concluindo que ela só é possível se o outro for tomado como fraterno. Se for possível para o Eu posicionar-se de uma outra forma em relação à norma, suportando a diferença, por mais que ela desperte o que de estrangeiro há em cada um
- Imprenta:
- Data da defesa: 19.08.2003
-
ABNT
LUCA, Sandra Renata De. O embaraço da inclusão escolar: considerações psicanalíticas acerca da presença de crianças com dificuldades nas escolas. 2003. Dissertação (Mestrado) – Universidade de São Paulo, São Paulo, 2003. . Acesso em: 23 abr. 2024. -
APA
Luca, S. R. D. (2003). O embaraço da inclusão escolar: considerações psicanalíticas acerca da presença de crianças com dificuldades nas escolas (Dissertação (Mestrado). Universidade de São Paulo, São Paulo. -
NLM
Luca SRD. O embaraço da inclusão escolar: considerações psicanalíticas acerca da presença de crianças com dificuldades nas escolas. 2003 ;[citado 2024 abr. 23 ] -
Vancouver
Luca SRD. O embaraço da inclusão escolar: considerações psicanalíticas acerca da presença de crianças com dificuldades nas escolas. 2003 ;[citado 2024 abr. 23 ]
How to cite
A citação é gerada automaticamente e pode não estar totalmente de acordo com as normas
