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Eficácia do antiveneno Botrópico sobre os efeitos induzidos pelo veneno de serpentes Bothrops jararaca nos vasos da microcirculação (2001)

  • Authors:
  • Autor USP: BATTELLINO, CAROLINA - FMVZ
  • Unidade: FMVZ
  • Sigla do Departamento: VPT
  • Subjects: VENENOS; MICROCIRCULAÇÃO; SERPENTES
  • Language: Português
  • Abstract: Os envenenamentos causados por serpentes Bj são caracterizados por alterações sistêmicas e locais. Os sinais sistêmicos são representados por efeito sobre o sistema cardiovascular, distúrbios severos na coagulação sanguínea e insuficiência renal aguda. No local da picada observa-se dor forte, hemorragia intensa, necrose tecidual e resposta inflamatória. O tratamento de escolha nos casos de acidentes por serpentes do gênero Bothrops é a administração intravenosa do antiveneno específico, capaz de reverter eficientemente os efeitos sistêmicos, mas incapaz de neutralizar totalmente as reações locais. O edema, a hemorragia e a mionecrose progridem, sendo que na dependência da quantidade de veneno inoculada e o tempo de início do tratamento, os eventos locais podem se tornar tão intensos que evoluem para perdas teciduais permanentes ou acarretar disfunções na área lesada. Desta forma, a ineficácia da soroterapia sobre os efeitos locais ainda é um problema sério para o tratamento de humanos. Visto que os mecanismos envolvidos nesta ausência de efeitos não são conhecidos, os objetivos do presente trabalho foram: l) investigar a eficácia da administração sistêmica do antiveneno botrópico (AvBt) sobre as reações provocadas pela aplicação tópica do veneno de serpentes Bj (VBj) sobre os vasos da microcirculação e 2) verificar a dinâmica de distribuição do AvBt na circulação sistêmica e microcirculatória. Para tanto, ensaios de microscopia intravital foramrealizados empregando a fáscia espermática interna de ratos Wistar, machos. O delineamento experimental visou investigar os efeitos da administração intravenosa do AvBt (2,5 mL/Kg) 15 minutos antes, simultaneamente ou 15 minutos após a aplicação tópica do VBj (1 ou 10 'mü'/10 'mü'L). Animais controles receberam volumes equivalentes de soro eqüino normal (SEN) pela mesma via nas mesmas condições temporais. Os resultados obtidos mostraram que os três protocolos ) de tratamento com o AvBt não foram capazes de reverter totalmente os eventos que caracterizam o quadro local - formação de grumos de fibrina e estase sangüínea em vénulas pós-capilares, instalação e desenvolvimento de lesões hemorrágicas em capilares e vénulas pós-capilares e marginação leucocitária em vénulas pós-capilares. A ineficácia da soroterapia não reflete a ausência de anticorpos no AvBt contra as toxinas do veneno responsáveis pela indução do quadro local, uma vez que a incubação do VBj com o AvBt in vitro, previamente aos ensaios de microscopia intravital, aboliu completamente os efeitos desencadeados pela aplicação tópica do veneno. Com o intuito de averiguar se a ineficácia do tratamento realizado previamente à aplicação tópica do VBj (AvBt 15 minutos antes do VBj) era decorrente da rápida depuração do antiveneno, a concentração de AvBt foi determinada em amostras de soro de ratos obtidas a diferentes intervalos de tempo após a administração intravenosa do AvBt. Os dados obtidos em ensaiosimunoenzimáticos (ELISA) mostraram que o AvBt permanece na circulação até 8 horas após sua administração. Ensaios de microscopia intravital subseqüentes, usando o AvBt marcado com isotiocianato de fluoresceína (ITCF) foram realizados empregando os mesmos protocolos de tratamentos descritos anteriormente, para observar a cinética de distribuição do antiveneno nos vasos da microcirculação. As imagens visualizadas demonstraram que: l) o AvBt administrado 15 minutos antes do VBj permanece na microcirculação até 2 a 3 minutos após a aplicação do veneno; 2) quando o AvBt e o VBj são aplicados simultaneamente, o extravasamento do AvBt ocorre também em 2 a 3 minutos após a aplicação do VBj; e 3) o antiveneno, quando administrado 15 minutos após o veneno, não alcança as áreas da microcirculação mais lesadas pela ação do veneno, ) decorrente da estase sanguínea na grande maioria dos vasos; e em regiões onde o fluxo sanguíneo persiste e as lesões hemorrágicas estão se formando, o AvBt extravasa rapidamente para o interstício. Estas imagens sugeriram que o AvBt só atinge o interstício, onde teoricamente há maior concentração do veneno, após a ação do mesmo sobre os vasos. Portanto, é possível supor que a interação AvBt/VBj só ocorre eficientemente após a ação do veneno. Em conjunto, os resultados obtidos neste trabalho mostram que o AvBt é incapaz de neutralizar totalmente os efeitos locais, mesmo quando é administrado previamente ao veneno. Esta ineficácia é decorrente,possivelmente, da incapacidade do AvBt alcançar o foco da lesão sem a ação do VBj. Ainda, quando o tratamento é realizado após a aplicação do VBj, ensaio que mimetiza os casos de acidentes ofídicos, o AvBt não atinge áreas lesadas onde ocorre estase sanguínea nos vasos da microcirculação, dificultando ainda mais a interação AvBt/VBj e a conseqüente neutralização dos componentes do veneno pelo AvBt
  • Imprenta:
  • Data da defesa: 24.08.2001

  • How to cite
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    • ABNT

      BATTELLINO, Carolina. Eficácia do antiveneno Botrópico sobre os efeitos induzidos pelo veneno de serpentes Bothrops jararaca nos vasos da microcirculação. 2001. Dissertação (Mestrado) – Universidade de São Paulo, São Paulo, 2001. . Acesso em: 06 out. 2024.
    • APA

      Battellino, C. (2001). Eficácia do antiveneno Botrópico sobre os efeitos induzidos pelo veneno de serpentes Bothrops jararaca nos vasos da microcirculação (Dissertação (Mestrado). Universidade de São Paulo, São Paulo.
    • NLM

      Battellino C. Eficácia do antiveneno Botrópico sobre os efeitos induzidos pelo veneno de serpentes Bothrops jararaca nos vasos da microcirculação. 2001 ;[citado 2024 out. 06 ]
    • Vancouver

      Battellino C. Eficácia do antiveneno Botrópico sobre os efeitos induzidos pelo veneno de serpentes Bothrops jararaca nos vasos da microcirculação. 2001 ;[citado 2024 out. 06 ]

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