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Condicionamento alimentar e exigências nutricionais de espécies carnívoras: desenvolvimento de uma linha de pesquisa (2000)

  • Autor:
  • Autor USP: CYRINO, JOSE EURICO POSSEBON - ESALQ
  • Unidade: ESALQ
  • Sigla do Departamento: LPA
  • Subjects: PISCICULTURA; NUTRIÇÃO ANIMAL; TUCUNARÉ; CANIBALISMO ANIMAL
  • Language: Português
  • Abstract: O ciclídeo amazônico tucunaré (Cichla sp) tem atraído a atenção de técnicos e piscicultores porque é um peixe tanto esportivo como de mesa. Entretanto, devido o hábito alimentar carnívoro, a espécie não aceita voluntariamente dietas secas, o queinviabiliza sua utilização em criação intensiva. Um dos objetivo da linha de pesquisa foi condicionar alevinos de tucunaré a ingerir dietas secas inertes, visando viabilizar sua utilização em piscicultura. Para tanto, 1.0 1 5 alevinos detucunaré Cichla sp (peso médio 0,5 g) foram condicionados a aceitar alimento inerte na forma de filé de peixe moído (FP) por um período de 7 dias, com um sucesso de treinamento de 76% - 771 peixes. Estes 771 peixes (peso médio 0,63 ± 0,03 g)foram estocados em 12 gaiolas de volume 0,03 m3 (63 peixes/gaiola) e condicionados a aceitar uma dieta seca (FP-00) pelo método da transição gradual dos ingredientes da ração (TGIR) recebendo, durante 4 dias, grânulos úmidos com 90% (FP-90), 80%(FP-80), 70% (FP-70) ou 60% (FP-60). Nenhum peixe aceitou FP-00 no final da TGIR. Os peixes alimentados com FP-90 e FP-80 aceitaram bem as dietas enquanto a quantidade de FP não caiu para níveis inferiores a 40%. Mais um ensaio foi entãorealizado visando melhorar a aceitação das dietas contendo 30% ou menos FP. Para tanto, quatro gaiolas de 0,03 m3 foram estocadas com 120 peixes cada (peso médio 0,5 g), os quais foram inicialmente alimentados com FP e submetidos a TGIR comdietas FP-90, FP-80, FIP-70, FP-60,FP-50 e FP-40 por períodos subsequentes de 3 dias. Os peixes que aceitaram GF-40 (81% do total) foram agrupados e estocados em 9 gaiolas de 0,03 m3 e treinados por 3 dias a aceitar FP-00 pelo uso de dietascontendo 30, 20 ou 10% de FP e flavorízadas com: (1) alimento comercial seco sabor carne (ACSC); (2) alimento comercial seco sabor peixe (ACSP) ou (3) ACSC mais 10% de farinha de krill Euphausía sp (ACSP+FK). A aceitação de ACSP foi melhor queACSC. ) A adição de KM ao ACSC melhorou a aceitabilidade da dieta em comparação com outros aditivos alimentares, mesmo quando a quantidade de FP nas dietas foi reduzida para 10%. Entretanto, ao final dos ensaios, nenhum peixe aceitougrânulos alimentares isentos de FP (FP-00). Em outro experimento, 1.134 alevinos com 0,27 + 0,1 g foram condicionados a ingerir filé de peixe moído (FP-100), obtendo-se um sucesso de condicionamento de 31,8%. Estes peixes foram estocados em seisgaiolas de 25L recebendo duas seqüências de dietas contendo 80%, 60%, 40%, 20% e 0% de filé de peixe, sendo uma delas flavorizada com 10% de farinha de krill - FK. Não foram observadas diferenças (P>0,05) entre os tratamentos. Num último ensaio,969 peixes com 1,7 ± 1,0 g foram condicionados a ingerir uma dieta inerte a partir de uma dieta inicial FP-100, conseguindo-se um sucesso de 39,8%. Os peixes foram então condicionados a ingerir uma dieta FP-45 (37,2% de sucesso), e novamenteestocados em nove gaiolas de 25 L, recebendo dietas FP-30, FP-10 eFP-00, testando-se o óleo de figado de bacalhau e umidade das dietas como palatabilizantes. A dieta seca e sem palatabilizantes ofereceu maior porcentagem de condicionamento(P<0,05), mas não foram observadas diferenças estatisticamente significativas entre os três tratamentos, mesmo quando os ingredientes palatabilizantes foram retirados. Estes resultados permitem inferir que o tucunaré pode ser condicionado aingerir dietas secas inertes, sem necessidade de inclusão de ingredientes palatabilizantes nas rações de condicionamento alimentar. Entretanto, condicionar os alevinos de tucunaré a ingerir o filé de peixe moído parece ser o principal entravepara aumentar o sucesso desta técnica. Na seqüência foi conduzido um estudo cujo objetivo foi avaliar o efeito da relação energia: proteína no desempenho e composição corporal do tucunaré. Cento e noventa e seis alevinos de tucunarés ) (Cichla sp), condicionados a aceitar alimentos secos, com peso médio vivo de 1O g, foram estocados em gaiolas de tela de volume igual a 25 L, alojadas em 16 caixas de cimento amianto com volume igual a 500 L, instaladas em umaestufa e abastecidas por um sistema fechado de recirculação de água. Os peixes foram alimentados ad libitum com ração seca em duas refeições diárias, por um período de 65 dias com quatro rações isoenergéticas (3.500 kcal de ED/kg de ração), comníveis de proteína bruta de 41%, 37%, 33% e 30%, de forma a obter umas relações ED:PB de 8 kcal, 9 kcal, 1 O kcal e 11 kcal de ED/g de PB, estabelecendo-se um delineamento experimental inteiramente casualizado com 4 tratamentos e 4 repetições.No início do experimento um lote de peixes foi sacrificado para determinação dos teores corporais de proteína, gordura, água e matéria mineral. No final do período experimental, foram sacrificados lotes de peixes de cada tratamento para novaanálise de composição corporal. Os dados obtidos foram submetidos à análise de variância utilizando-se do software SAS, e aplicando-se regressão polinomial para avaliar o efeito das relações ED:PB nas variáveis analisadas ao nível de 5% deprobabilidade. Os resultados permitem inferir que a exigência nutricional do tucunaré pode ser suprida por uma ração contendo entre 8 e 9 kcal de ED/g de PB, ou seja, 37 a 41% de PB e 3.500 kcal de ED/kg de alimento. Uma vez que tipos de modelosestatísticos e matemáticos utilizados na determinação destas exigências podem ou não ser adequados à estimativa dos parâmetros avaliados, foi conduzida uma avaliação crítica da adequação do modelo "broken-line" na análise de resultados de umexperimento de exigências nutricionais por proteína do peixe tambaqui. Os resultados permitem inferir que a aplicação do modelo "broken-line analysis", feito pelo procedimento PROC NLIN do SAS, é um método de análise simples, rápido e ) eficiente na determinação de exigências nutricíonais, que resultam de dados tomados em experimentos de ganho de peso para peixes. O modelo poderia, entretanto,subestimar valores determinados por outros modelos tradicionalmenteutilizados que, mesmo assim, podem não ser necessariamente mais precisos. Com o objetivo de determinar as exigências nutricionais por proteína e energia de juvenis de "black bass" (14,46 ± 0,81 g de peso vivo), peixes condicionados a aceitaralimento artificial, foram estocados em 90 gaiolas de 60 L alojadas em caixas de 1.000 L em laboratório com condições ambientais controladas, e alimentados por 64 dias com raçoes extrusadas com níveis de proteína variando entre 34% e 54%(incrementos de 4%) e teores de energia digestível variando de 3.600 kcal a 4.100 kcal/kg de alimento (incrementos de 125 kcal/kg). O experimento foi desenvolvido em um delineamento inteiramente casualizado em esquema fatorial 6 x 5 (n=3),analisando parâmetros de ganho de peso, consumo alimentar diário, conversão alimentar, eficiência protéica, taxa de crescimento específico e retenção de nutrientes na carcaça. Não houve interação (P>0,05) entre os níveis de proteína e energiadas rações para os parâmetros avaliados. Através do método da regressão segmentada, foi determinado o ponto de exigência nutricional mínima com máximo ganho de peso relativo diário e melhor conversão alimentar. Foi determinado um nível mínimo deproteína dietética de 43,59% para um ganho de peso relativo diário máximo de 0,80%, mas a variação dos níveis de energia dietética não afetou significativamente este parâmetro. Foi determinada uma exigêncianutricional mínima de 44,82% deproteína na dieta para uma conversão alimentar de 1,04. O nível de energia dietética de 3.871 kcal/kg garantiu uma conversão alimentar de 1913. O consumo diário de alimento diminuiu com o aumento dos níveis de proteína (P<0,0001) e energia(P<0,0237) ) na dieta. A melhor taxa de eficiência protéíca (16,65%) e de crescimento específico (0,70 e 0,60%), ficaram em torno dos níveis de 46 a 50% de proteína dietética, respectivamente. Os melhores valores de deposição de proteína(33,14%) e energia na carcaça (111,61%) corroboraram os resultados de níveis minimos de proteína determinados, apresentando um melhor resultado em tomo do agrupamento das médias com 42% de PB. Os resultados permitiram inferir que os limites darelação energia:proteína para nutrição do "black bass" estão entre 7,78 e 8,83 kcal/g, com conversão alimentar entre 0,96 a 1,10. Finalmente, foram avaliadas alterações nas formas de reserva de energia na carcaça de juvenis de "black bass"(14,46 ± 0,81 g de peso vivo). Peixes condicionados a aceitar alimento artificial foram estocados em 90 gaiolas de volume 60 L alojadas em caixas de 1.000 L em um laboratório com condições ambientais controladas, e alimentados por 64 dias comrações extrusadas com níveis de proteína variando entre 34% e 54% (incrementos de 4%) e teores de energia digestível variando de 3.600 kcal a 4.100 kcal/kg de alimento (incrementos de 125 kcal/kg). Foram analisados os parâmetros de ganho depeso,consumo alimentar diário, relação hepato-somática, relação víscero-somática, deposição protéica e energética, glicogênio tecidual hepático e lipídio visceral. Não houve interação (P>0,05) entre níveis de proteína e energia para osparametros avaliados. Os níveis de proteína e energia digestível dietética que garantiram melhor desempenho foram 42% e 3.850 kcal/kg, respectivamente. Dietas com teores médios de 42% de proteína bruta, induziram um alto acúmulo de glicogêniohepático (P<0,0442), assim como aumento da relação hepato-somática (P<0,0001), mostrando um alta eficiência no acúmulo de energia prontamente utilizável bem como melhor capacidade de retenção dos nutrientes, quando os níveis de carboidratosforam ) inferiores a 30% na ração. O aumento dos níveis de energia das dietas através da inclusão de óleo nas rações induziu aumentos significativos no acúmulo total de lipídios na carcaça quando as médias eram agrupadas por níveis deenergia, e induziu acúmulo de lipídios nas vísceras para os agrupamentos de médias tanto por teor de proteína (P<0,0001) como de energia dietética (P<0,0021)
  • Imprenta:
  • Data da defesa: 28.06.2000

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    • ABNT

      CYRINO, José Eurico Possebon. Condicionamento alimentar e exigências nutricionais de espécies carnívoras: desenvolvimento de uma linha de pesquisa. 2000. Tese (Livre Docência) – Universidade de São Paulo, Piracicaba, 2000. . Acesso em: 14 nov. 2024.
    • APA

      Cyrino, J. E. P. (2000). Condicionamento alimentar e exigências nutricionais de espécies carnívoras: desenvolvimento de uma linha de pesquisa (Tese (Livre Docência). Universidade de São Paulo, Piracicaba.
    • NLM

      Cyrino JEP. Condicionamento alimentar e exigências nutricionais de espécies carnívoras: desenvolvimento de uma linha de pesquisa. 2000 ;[citado 2024 nov. 14 ]
    • Vancouver

      Cyrino JEP. Condicionamento alimentar e exigências nutricionais de espécies carnívoras: desenvolvimento de uma linha de pesquisa. 2000 ;[citado 2024 nov. 14 ]


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