Surrealismo: polêmica de sua recepção no Brasil modernista (1998)
- Autor:
- Autor USP: LIMA, SERGIO CLAUDIO DE FRANCESCHI - FFLCH
- Unidade: FFLCH
- Sigla do Departamento: FLC
- Subjects: SURREALISMO; LITERATURA; MODERNISMO (LITERATURA); LITERATURA BRASILEIRA
- Language: Português
- Abstract: O surrealismo fez-se presente em momentos diversos do Modernismo no Brasil, embora mantendo-se à margem das chamadas correntes estéticas predominantes. Situando-se por difinição fora da seriação histórica dos "ismos", em nenhum momento de suatrajetória, do começo dos "campos magnéticos" (1919) à atualidade, jamais se apresentou enquanto mais uma corrente estética, escola ou capítulo de reivindicações formais. A violenta proclama do "Largai tudo" (1922) ou do primeiro Manifesto(1924), na contramão da volta à ordem modernista, vinha instaurar contudo ilações e decorrências inaceitáveis aos olhos conservadores, minado seus campos exclusivos de domínio. O movimento surrealista defrontou-se diretamente com a instauraçãode uma "identidade nacional" e com quesitos do Modernismo brasileiro, sobretudo em suas reivindicações de "originalidade" e de "processo autonômico - ressalva apontada, contemporaneamente, por um vulto destacado como Andrade Muncy. O perfilexemplar do modelo resultava de uma rejeição precisa: - rejeição declarada a qualquer embate ou contestação do estudo adquirido pelo Modernismo brasileiro. Pode-se constatar com isso que a rejeição do Surrealismo, na movimentação nacionalista econservadora local, passou a servir de modelo e molde de exclusão, enfim todo um programa praticamente institucional pois modelar rapto normativo, verdadeiro paradigma do Modernismo brasileiro e sua clara petição "automatica". Mas, sabidamente,o contextoartístico, sócio-cultural e político brasileiro via de regra prima por negar (como tem se caracterizado), por evitar qualquer situação indicadora de conflito, além de privilegiar os acomodamentos. Estratégia esta que vigorouplenamente, haja visto os anos modernistas, com seus êxitos e prejuizos conhecidos. Assim falseadas tivemos por um bom tempo várias das coordenadas em questão, não tendo sido outro o quadro que se oficializou da "Revolução de 30" ontinuação) até 1970 e logo do Modernismo brasileiro, pois, sublunhemos, ambos são frutos da mesma razão, do mesmo momento histórico. Nossa hipótese apóia-se na investigação dos fatos que marcaram a trajetória do movimento do Surrealismo noâmbito brasileiro e nas vozes que o enunciaram de modo plural, em seus múltiplos aspectos. Diversamente e distintas daquelas outras que insistem em o descrever e entender nos termos de mais uma das correntes modernistas que aqui chegaram. Quernos parecer que houve inclusive um deslizamento entre as proposições expressas do Movimento e as articulações de sua recepção, problematizadas pela declarada rejeição. Não raro passou-se a discutir, ao início do debate que então formava, asposições enunciadas a partir da provocação e da ruptura gerada pela presença do Movimento, e não propriamente o seu ponto de partida. Começou-se por encobrir sua explosão. Não restrito em nossa proposição a uma história descritiva dos fatos" massim levantando e trazendo a público uma "históriainvestigadora (das razões subjacentes) dos fatos", procuramos expor uma perspectiva crítica, apresentando uma visão mais elaborada e fiel a seus propósitos. A partir da hipósitese que se baseiano encobrimento sistemático. Apresentamos assim, em discordância do tom geral da não pertinência ou da ausência, toda uma série de comprovações e elucidações dessa posição favorável. Posição favorável ao movimento surrealista que vemexpressa emmanifestos, obras, gestos e exposições, realizações de sua ação direta e mesmo decorrências primeiras de sua presença; enfim ums "aceitação" constatável, emora sempre à margem dos parâmetros do oficial. Momentos exemplares do movimentosurrealista no Brasil que incluimos, que testemunham e sinalizam não apenas a aceitação das proposições do Surrealismo, como também uma sua transformação a partir do contexto brasileiro, como sempre a margem. As afirmações de Oswald de Andrade ("já tinhamos a língua surrealista") e de Murilo Mendes ("surrealismo à moda brasileira"), indicam o diapasão em que oscilavam os vínculos e as interações do movimento surrealista no Brasil, animado em duas ocasiões pelo próprioBenjamin Péret. Conjuntamente ao problema central da ausência ou presença do Surrealismo, do movimento surrealista no Brasil, procuramos conceituar o impasse polêmico que o encobre, e buscamos traçar o perfil das principais figuras que seenvolveram nesse questionamento, no Surrealismo, a aventura "maisrevolucionária do espírito", no dizer de Octávio Paz, Hoje é fato incontestável e internacionalmente reconhecido, a pertinência do Surrealismo à formação do período do Modernismo,como contribuição ao dito "espírito novo"do Moderno, entretanto, por sua definição de praxis dialética e questionante utópico-revolucionária, não necessariamente numa acepção modernista, ou dos vanguardismos. Desta forma podemos deduzir comcerta propriedade que a atualização do debate passa situá-lo no contexto histótico devido, e permite clarear pontos até então relativamente obscuros ou expressamente encobertos - como a posição do Surrealismo e sua permanente face questionante
- Imprenta:
- Data da defesa: 23.11.1998
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ABNT
LIMA, Sérgio Cláudio de Franceschi. Surrealismo: polêmica de sua recepção no Brasil modernista. 1998. Tese (Doutorado) – Universidade de São Paulo, São Paulo, 1998. . Acesso em: 04 ago. 2025. -
APA
Lima, S. C. de F. (1998). Surrealismo: polêmica de sua recepção no Brasil modernista (Tese (Doutorado). Universidade de São Paulo, São Paulo. -
NLM
Lima SC de F. Surrealismo: polêmica de sua recepção no Brasil modernista. 1998 ;[citado 2025 ago. 04 ] -
Vancouver
Lima SC de F. Surrealismo: polêmica de sua recepção no Brasil modernista. 1998 ;[citado 2025 ago. 04 ] - Estudo de mecanismos de propagação de discordâncias em intermetálicos ordenados ´NI IND.3 AL´ pelo método de atrito interno
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