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Sedimentação e tectônica cenozóicas no médio Vale do Rio Doce (MG, sudeste do Brasil) e suas implicações na evolução de um sistema de lagos (1997)

  • Authors:
  • Autor USP: MELLO, CLAUDIO LIMEIRA - IGC
  • Unidade: IGC
  • Sigla do Departamento: GPE
  • Subjects: GEOMORFOLOGIA; GEOMORFOLOGIA ESTRUTURAL; SEDIMENTOLOGIA
  • Language: Português
  • Abstract: Aspectos geomorfológicos e sedimentares na região do médio vale do rio Doce (MG) têm sido referidos na literatura como de grande interesse para a compreensão da evolução dos ambientes tropicais úmidos durante o Quaternário. Esses aspectos podem sustentar discussões importantes sobre a influência de condicionantes paleoclimáticos e/ou neotectônicos. Destaca-se, na região, a presença de notável sistema de lagos barrados. Neste estudo, um novo enfoque é dado à história da evolução cenozóica regional, através da análise estatigráfica dos depósitos cenozóicos, sistematizada pela Aloestratigrafia e apoiada em datações por radiocarbono. Além disso, propõe-se um modelo sobre a origem e evolução do sistema de lagos no contexto evolutivo, com base em levantamentos geofísicos (sismoestratigráficos). Análises geomorfológicas regionais (mapas de hipsometria e de desnivelamentos altimétricos) e levantamentos detalhados de aspectos geológico-estruturais (particularmente de juntas e falhas que afetam os depósitos cenozóicos identificados) subsidiam idéias sobre a atuação de mecanismos neotectônicos. No quadro estratigráfico regional, são estabelecidas quatro unidades aloestratigráficas, designadas como aloformações, que possuem, também significado morfoestratigráfico: a) Aloformação Macuco - compreende os depósitos mais antigos identificados, compostos de sedimentos argilosos e areno-argilosos, amarelados a avermelhados, maciços, com nível de cascalhos grossos na base. Sãointerpretados como sedimentos de sistemas fluviais torrenciais e de leques aluviais. Caracterizam uma superfície geomorfológica aplainada, em discordância erosiva sobre uma provável couraça ferruginosa decomposta. A estes depósitos é atribuída, tentativamente, idade pliocêntrica; b) Aloformação Ribeirão Santa Isabel - areias médias a grossas, argilosas, amareladas, tendo a base marcada por camadas de cascalhos arredondados. Preservam-se em feições de terraços fluviais reafeiçoados como interflúvios. Estes depósitos são interpretados como de origem fluvial torrencial e por processos de fluxos de detritos. Admite-se para esta unidade uma idade pleistocênica; c) Aloformação Santo Antônio do Requerente - sedimentos arenosos e argilosos, oxidados, amarelados e avermelhados, em camadas tabulares, preservados sob uma superfície de entulhamento regional dos vales fluviais e cabeceiras de drenagem. Constituem depósitos de origem aluvial a alúvio-coluvial, datados como holocênicos (Holoceno inicial e médio) e relacionados a um importante evento de sedimentação em leques aluviais e canais fluviais de baixa sinuosidade; d) Aloformação Ribeirão Mombaça - areais e siltes argilosos, castanhos, orgânicos, em camadas tabulares e lenticulares depositados em um ambiente fluvial meandrante. Estão preservados nos terraços baixos e planícies de inundação dos cursos fluviais atuais. Apresentam idades que atestam sua origem sub-atual, apresentando, pelo menos emparte, evidências de ação antrópica, constituindo depósitos tecnogênicos. Conjuntos de juntas e falhas afetam as unidades estratigráficas de modo diferenciado, permitindo reconhecer a atuação de quatro fases tectônicas durante a evolução cenozóica da região: a) regime tectônico transcorrente sinistral E-W - fase tectônica mais antiga, cujas estruturas afetam somente os sedimentos de Aloformação Macuco. Esta fase tectônica provavelmente deu origem à depressão topográfica do médio vale do rio Doce, levando à fragmentação da antiga superfície de aplainamento, em blocos escalonados com orientação NE-SW; b) regime tectônico transcorrente dextral E-W - fase de tectonismo de idade holocênica, que afeta os sedimentos das aloformaçòes Macuco e Ribeirão Santa Isabel, sendo responsável po uma importante segmentação estrutural da depressão do médio vale do rio Doce em blocos topográficos orientados segundo direções NW-SE e E-W. Propõe-se a sua influência, pelo menos em parte, durante o evento deposicional da Aloformação Santo Antonio do Requerente; c) regime tectônico de extensão NW-SE - afeta os depósitos das aloformações Macuco, Ribeirão Santa Isabel e Santo Antônio do Requerente, sendo responsável por migrações fluviais abruptas que se relacionam à origem dos lagos; d) regime tectônico de compressão E-W - trata-se do regime de esforços tectônicos atual. Levantamentos sismoestratigráficos realizados no lago Dom Helvécio permitiram a identificaçãode sucessões sedimentares coluviais e aluviais anteriores à formação do lago, sobrepostas por depósitos lacustres. Ressalta-se que as análises estratigráficas documentam uma contemporaneidade entre o início da sedimentação lacustre (em torno de 9.000 anos A.P.) e a deposição aluvial registrada pela Aloformação Santo Antônio do Requerente, sugerindo um provável condicionamento neotectônico. A barragem e instalação definitiva do lago Dom Helvécio deveu-se a um mecanismo de falhamento normal relacionado ao regime tectônico de extensão NW-SE, também responsável pela migração abrupta do curso fluvial do rio Doce. O paleocanal do rio Doce encontra-se, atualmente, bordejado pela principal concentração de depressões lacustres no sistema de lagos. Todas estas características geomorfológicas relacionam-se ao mecanismo tectônico descrito. Embora os estudos palinológicos na região reconheçam condições paleoclimáticas mais secas que as atuais durante o Holoceno, e associem-se à elevada produção de sedimentos aluviais e à consequente barragem dos lagos, considera-se neste estudo que o principal mecanismo de formação do sistema de lagos do médio vale do rio Doce seja neotectônico. O quadro estratigráfico apresentado correlaciona-se ao da região do médio vale do rio Paraíba do Sul, principalmente no intervalo quaternário. As fases tectônicas identificadas possuem, também, (copntinuação) correspondência com o modelo de evolução tectônica discutido para o RifteContinental do Sudeste do Brasil. Todos estes fatos constituem argumentos importantes para o futuro estabelecimento de uma cronologia de eventos sedimentares e tectônicos abrangendo o Cenozóico da região Sudeste do Brasil
  • Imprenta:
  • Data da defesa: 27.11.1997
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    • ABNT

      MELLO, Claudio Limeira. Sedimentação e tectônica cenozóicas no médio Vale do Rio Doce (MG, sudeste do Brasil) e suas implicações na evolução de um sistema de lagos. 1997. Tese (Doutorado) – Universidade de São Paulo, São Paulo, 1997. Disponível em: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/44/44136/tde-22122015-102604/. Acesso em: 23 abr. 2024.
    • APA

      Mello, C. L. (1997). Sedimentação e tectônica cenozóicas no médio Vale do Rio Doce (MG, sudeste do Brasil) e suas implicações na evolução de um sistema de lagos (Tese (Doutorado). Universidade de São Paulo, São Paulo. Recuperado de http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/44/44136/tde-22122015-102604/
    • NLM

      Mello CL. Sedimentação e tectônica cenozóicas no médio Vale do Rio Doce (MG, sudeste do Brasil) e suas implicações na evolução de um sistema de lagos [Internet]. 1997 ;[citado 2024 abr. 23 ] Available from: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/44/44136/tde-22122015-102604/
    • Vancouver

      Mello CL. Sedimentação e tectônica cenozóicas no médio Vale do Rio Doce (MG, sudeste do Brasil) e suas implicações na evolução de um sistema de lagos [Internet]. 1997 ;[citado 2024 abr. 23 ] Available from: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/44/44136/tde-22122015-102604/


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