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Comunidade fitoplanctonica da represa de guarapiranga: 1991-92. Aspectos ecologicos, sanitarios e subsidios para reabilitacao da qualidade ambiental (1996)

  • Authors:
  • Autor USP: BEYRUTH, ZULEIKA - FSP
  • Unidade: FSP
  • Sigla do Departamento: HSA
  • DOI: 10.11606/T.6.2018.tde-20022018-152807
  • Subjects: FITOPLÂNCTON; REABILITAÇÃO DE ÁREAS DEGRADADAS; SAÚDE PÚBLICA
  • Language: Português
  • Abstract: A represa de Guarapiranga faz parte da sub-bacia do alto Tietê e situa-se entre a Região Metropolitana de São Paulo e cidades vizinhas: Itapecerica da Serra e Embu-guaçu, SP (230 43' S e 46° 32' W). Sua bacia estende-se ainda pelos municípios de Embu e Cotia. Foi construída em 1906 pela barragem do rio Guarapiranga, com o objetivo de regularizar as vazões contribuintes e ampliar a produção de energia elétrica em Santana do Parnaíba. Em 1926 passou a servir ao abastecimento público e atualmente suas finalidades são: controle de enchentes, geração de energia, recreação e abastecimento. É responsável pelo atendimento da demanda hídrica de 60 por cento da população da Região Metropolitana de São Paulo, sendo o segundo sistema produtor da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo, suprindo 21 bairros da cidade de São Paulo e também Taboão da Serra, Osasco e Carapicuíba. Nas últimas décadas a qualidade de suas águas vem sendo submetida a séria deterioração, em virtude da intensa ocupação e usos inadequados do solo de sua bacia de drenagem, bem como dos crescentes aportes de esgotos, que incrementaram sua eutrofização e o desenvolvimento explosivo da comunidade fitoplanctônica.Este trabalho relata aspectos ecológicos, sanitários e indica ações para um manejo mais adequado da represa de Guarapiranga, a partir da análise da comunidade fitoplanctônica e suas relações com as variáveis ambientais, estudadas no período entre maio de 1991 e julho de 1992. Os dados foram obtidos em campanhas semanais de amostragem em dois pontos da área de água aberta superficial da represa. Neste estudo foram analisadas as características e flutuações da comunidade fitoplanctônica (riqueza, densidade, bioárea, biovolume, diversidade de espécies, uniformidade, estratégias adaptativas, bem como taxas de alteração). Propôs-se um método para avaliação da persistência dos grupos analisados, que mostrou-se eficiente, especialmente para a avaliação sanitária. Foram analisadas simultaneamente as características climatológicas e hidrológicas atuantes na represa e também os aspectos fisicos e químicos da qualidade da água (temperatura, profundidade, transparência, cor, turbidez, condutividade, potencial hidrogeniônico, oxigênio dissolvido, demanda bioquímica de oxigênio, alcalinidade, dureza, teor de sólidos totais em suspensão, fósforo solúvel reativo, fosfato total, nitrogênio amoniacal, nitrato, sulfato, cloreto, cálcio, potássio, silício, sódio, magnésio, manganês, cobre, alumínio, ferro e zinco). Os resultados mostraram a ocorrência de 240 táxons, sendo que as clorococales e as zignemaficeas destacaram-se pela riqueza de espécies. A comunidade demonstrou os efeitos da eutrofização, através da alta produção algácea expressa pelas elevadas densidades e biovolumes, especialmente de espécies indicadoras de eutrofização.Os fatores climáticos e a influência antrópica (expressa pela eutrofização, operação hidráulica e controle algáceo) atuaram como as principais forçantes de alterações da comunidade fitoplanctônica. Os dados obtidos para a estação de coleta mais próxima da barragem e captação de água para abastecimento - denominado ponto 1- mostraram a influência da urbanização de suas margens, e os obtidos na estação mais a montante - ponto 4 - indicaram as influências de desmatamentos recentes. Observou-se que as chuvas promovem entrada de nutrientes e contaminantes, magnificando os resultados da degradação ambiental. Estes ingressos de nutrientes favorecem um maior desenvolvimento algáceo. Entre os efeitos da degradação na qualidade da água, o mais deletério é o ingresso de teores elevados de metais, entre estes o alumínio, citado na literatura médica por sua relação com doenças neurológicas crônicas como o mal de Alzheimer. O risco à saúde humana é discutido neste trabalho. O teor deste metal mostrou correlação negativa com densidade, bioárea e riqueza de espécies do fitoplâncton. A espécie que mais se destacou na represa, em densidade e biomassa, foi Dictyosphaerium ehrenberghianum.Criptoficeas e zignemaficeas mostraram maior taxa de alteração das comunidades, devido às aplicações de sulfato de cobre para o controle algáceo, realizadas na área de captação para abastecimento - ponto 1. Rhizosolenia eiriensis mostrou correlação negativa com o teor aplicado deste algicida, o que pode indicar sensibilidade desta espécie em água aberta, durante as fases de maior movimentação, períodos estes de intensa pluviosidade. A estabilidade da comunidade fitoplanctônica foi espressa por algumas fases de equilíbrio verificadas apenas na estação de captação, bem como pela persistência de penales nesta estação e de volvocales na estação a montante. Diatomáceas atingiram seu auge nos períodos de inverno, clorococales e zignemaficeas, no verão. O aumento da disponibilidade de nutrientes por aporte da bacia ou por senescência das algas, especialmente de clorococales e zignemaficeas no verão e a concentração de nutrientes durante a seca mais intensa, favoreceram o desenvolvimento de Cyanophyceae/Cyanobacteria como Aphanocapsa, Synechoccocus, Oscillatoria e Pseudoanabaena. As florações de cianoficeas são discutidas sob o aspecto ecológico e sanitário, incluindo os riscos à saúde humana. As espécies que se destacaram em biovolume ou densidade são, em geral, relatadas na literatura como indicadoras de ambiente eutrofizado. Espécies oportunistas, r-estrategistas tiveram seu desenvolvimento favorecido no ambiente estudado, não sendo encontradas quantidades expressivas de espécies estritamente K-estrategistas. A teoria ecológica que mostrou-se mais adequada, provendo maior quantidade de informação foi a teoria do não equilíbrio, com a aplicação do teste da hipótese do distúrbio intermediário.A qualidade ambiental e em especial a da comunidade fitoplanctônica, foi analisada quanto às características sanitárias. A partir dos resultados obtidos e considerando-se também a realidade atual das forças econômicas, políticas e sociais atuantes, propõe-se medidas de melhoramento do manejo e qualidade ambiental, estabelecendo-se prioridades de curto, médio e longo prazo para sua aplicação. Este estudo permitiu concluir que a represa de Guarapiranga é um ambiente de alta taxa de transferência de matéria e energia que as recebe, transforma em biomassa planctônica e as exporta, configurando-se desta forma uma reciclagem muito intensa. Esta reciclagem intensa e o elevado potencial de autodepuração permitem concluir que ações para o melhoramento da qualidade ambiental podem apresentar resultados favoráveis a curto prazo. A importância da eficiência destas ações relaciona-se ao melhoramento da qualidade da água fornecida à população humana, bem como da qualidade de vida dos usuários da represa.
  • Imprenta:
  • Data da defesa: 17.06.1996
  • Acesso à fonteDOI
    Informações sobre o DOI: 10.11606/T.6.2018.tde-20022018-152807 (Fonte: oaDOI API)
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    • ABNT

      BEYRUTH, Zuleika. Comunidade fitoplanctonica da represa de guarapiranga: 1991-92. Aspectos ecologicos, sanitarios e subsidios para reabilitacao da qualidade ambiental. 1996. Tese (Doutorado) – Universidade de São Paulo, São Paulo, 1996. Disponível em: https://doi.org/10.11606/T.6.2018.tde-20022018-152807. Acesso em: 24 abr. 2024.
    • APA

      Beyruth, Z. (1996). Comunidade fitoplanctonica da represa de guarapiranga: 1991-92. Aspectos ecologicos, sanitarios e subsidios para reabilitacao da qualidade ambiental (Tese (Doutorado). Universidade de São Paulo, São Paulo. Recuperado de https://doi.org/10.11606/T.6.2018.tde-20022018-152807
    • NLM

      Beyruth Z. Comunidade fitoplanctonica da represa de guarapiranga: 1991-92. Aspectos ecologicos, sanitarios e subsidios para reabilitacao da qualidade ambiental [Internet]. 1996 ;[citado 2024 abr. 24 ] Available from: https://doi.org/10.11606/T.6.2018.tde-20022018-152807
    • Vancouver

      Beyruth Z. Comunidade fitoplanctonica da represa de guarapiranga: 1991-92. Aspectos ecologicos, sanitarios e subsidios para reabilitacao da qualidade ambiental [Internet]. 1996 ;[citado 2024 abr. 24 ] Available from: https://doi.org/10.11606/T.6.2018.tde-20022018-152807


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