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Petrologia da Ilha da Trindade (1962)

  • Autor:
  • Autor USP: ALMEIDA, FERNANDO FLAVIO MARQUES DE - EP
  • Unidade: EP
  • Sigla do Departamento: PMI
  • Assunto: PETROLOGIA
  • Language: Português
  • Abstract: Sem outros vizinhos que os inabordáveis rochedos de Martim Vaz, 48 quilômetros a leste, é a pequena ilha da Trindade uma das mais desoladas paragens do Atlântico. Contudo, tal isolamento nem sempre existiu; durante o terciário houve ao largo da costa brasileira, entre o sul da Bahia e o Estado do Rio de Janeiro, um arquipélago de vulcões ativos, semelhante ao de Cabo Verde ou às ilhas do Golfo da Guiné. No quaternário, quando ainda não de todo extinto o vulcanismo, viram-se arrasadas as ilhas pelo mar, que acabou por cobri-las. O que se vai ler é parte da história de uma delas, que até agora logrou resistir à total destruição. Trindade sempre foi, como hoje, uma pequenina ilha, porém representa as culminâncias de uma das maiores montanhas que nessas bandas do Atlântico se ergueram das profundezas oceânicas. Trindade dista cerca de 1140 quilômetros da costa brasileira, situando-se logo a sul do paralelo de Vitória. Em direção à África, além dos rochedos de Martim Vaz , a terra mais próxima é a ilha da Ascenção, 2400 quilômetros a nordeste . Elevando-se 5500 metros sobre o soalho oceânico, representa o cimo de uma montanha vulcânica comparável em tamanho às maiores dos continentes. Trindade é uma ilha oceânica, sem qualquer ligações como craton americano, sendo verdadeiro componente estrutural oceânico. Surgiu numa zona de fraturas que dela se estende à plataforma continental exatamente a oeste. Não parece ter relações estruturais com a cadeia médio-atlântica, da qual se separa pela grande e profunda bacia do Brasil, a maior do Atlântico. Apresenta a ilha máxima altitude de quase 600m. Sua área não alcança 10 km². Às suas bordas desenvolve-se estreita plataforma insular, com não mais que 3 quilômetros de largura, esculpida em terraços de provável origem glácio e ustática, além da qual crescem rapidamente os fundos.Representa a plataforma a truncatura do edifício vulcânico ante o embate das vagas, com níveis do mar bem mais baixos que o atual. Impossível saber quando se iniciou o vulcanismo que deu origem à ilha, mas a julgar pelo que se conhece de outras regiões do Atlântico ele não seria mais antigo que o cretáceo. Certo é, porém, que nela se fez sentir até muito tarde, no quaternário, quando já se achava entalhada sua plataforma insular. De escabroso relevo, desprovida de aguadas, parca em solos lavráveis e situada longe dos roteiros que demandam a África e Europa ou perlongam a costa, sempre viveu relegada; apesar disso, Trindade foi descoberta muito cedo, pois figura em posição relativamente correta, ao lado dos rochedos de Martim Vaz, no mapa de Kunstman III, que se julga ter sido impresso em 1507. Ignora-se, todavia, quem a descobriu, em que data e qual a razão de seu nome. Tampouco se sabe quando foi pela primeira vez abordada, embora tenha sido doada por D. João III a Belchior de Carvalho ainda em 1539. A primeira notícia de sua abordagem data de 1700, quando o célebre astrônomo inglês Edmund Halley, julgando haver descoberto uma nova ilha, dela se apossou em nome da Inglaterra. As ocupações permanentes de Trindade tem sido raras e pouco duradouras, prendendo-se à única coisa que parece ter valor na ilha: sua posição geográfica. Foi ocupada pelos portugueses entre 1783 e 1795, que a fortificaram, pois havia sido tomada pelos ingleses pouco antes, em 1781. Durante o império teria sido valhacouto de piratas, que naturalmente, lá deixaram tesouros enterrados. Diz-se que de 1885 em diante, e várias estão confirmadas, mais de 12 expedições teriam sido a ela feitas, em busca de tais tesouros. Estudamos a ilha com minúcias que provavelmente, nunca ninguém antas de nós o fez, mas o único tesouro que de lá trouxemos foram as amostras e ascadernetas de campo. Em 1895 foi a ilha novamente ocupada pelos ingleses, agora para nela estabelecerem uma estação do cabo submarino que se estendia à Argentina, mas logo a seguir se retiraram. Trindade tem sido visitada por diversos exploradores, desde James Cook (1775), dois anos antes de sua morte em mãos dos nativos do Hawaii. Lá estiveram Sir James Clark Ross quando de sua viagem ao continente Antártico entre 1839 e 1843. Em 1876 recebeu a visita dos ilustres naturalistas do Navio “Challenger”. Durante a primeira Grande Guerra visitaram-na cientistas do Museu Nacional, Jardim Botâncio e Observatório Nacional. Em 1950 realizou-se a expedição à ilha, chefiada pelo Ministro João Alberto Lins de Barros, de que participavam o geológico finlandês Roope Valto Vetheim e o engenheiro J. Andrade Ramos. Os conhecimento geológicos e petrográficos auferidos de todas essas viagens são mínimos. G.T. Prior descreveu, em 1900, espécimes de rochas coletadas pela expedição Ross, nas vizinhanças do Monumento. Veltheim, em 1950, publicou uma nota nos Anais da Academia Brasileira de Ciências, sobre suas observações. Bem mais numerosas são as informações sobre a geografia e biologia da ilha. Em 1957 a Diretoria de Hidrografia e Navegação do Ministério da Marinha promoveu a ocupação da ilha, para servir de base de estudos oceanográficos, relacionados com o programa de pesquisasdo Ano Geofísico Internacional. Apresentava-se-nos , então, oportunidade há muito aguardada, de visitarmos a ilha, para servir de base de estudos oceanográficos, relacionados com o programa de pesquisas do Ano Geofísico Internacional. Apresentava-se-nos, então, oportunidade há muito aguardada, de visitarmos a ilha, e para lá partimos em8 de janeiro do ano seguinte, para uma permanência de dois meses. Acompanharam-nos o engenheiro Shigemi Fujimori, que na ocasião era Assistente da Cadeira de Mineralogia, Petrografia e Geologia da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, e o Sr. Tibério Ceccon, então aluno do curso de Minas e Metalurgia dessa Escola. Nesse período percorremos toda a área acessível da ilha, coletamos cerca de 500 amostras e executamos sua carta geológica. O estudo de tão abundante material durou três anos, e em fins de 1960 entregamos à Divisão de Geologia e Mineralogia do Departamento Nacional da Produção Mineral para impressão, o trabalho definitivo contendo o resultado de nossas pesquisas.
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  • Data da defesa: 27.06.1962

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      ALMEIDA, Fernando Flávio Marques de. Petrologia da Ilha da Trindade. 1962. Provimento de Cátedra – Universidade de São Paulo, São Paulo, 1962. Disponível em: https://repositorio.usp.br/directbitstream/e9854a6e-ad60-4192-828d-7ca6c5668765/FT-328.pdf. Acesso em: 24 abr. 2024.
    • APA

      Almeida, F. F. M. de. (1962). Petrologia da Ilha da Trindade (Provimento de Cátedra). Universidade de São Paulo, São Paulo. Recuperado de https://repositorio.usp.br/directbitstream/e9854a6e-ad60-4192-828d-7ca6c5668765/FT-328.pdf
    • NLM

      Almeida FFM de. Petrologia da Ilha da Trindade [Internet]. 1962 ;[citado 2024 abr. 24 ] Available from: https://repositorio.usp.br/directbitstream/e9854a6e-ad60-4192-828d-7ca6c5668765/FT-328.pdf
    • Vancouver

      Almeida FFM de. Petrologia da Ilha da Trindade [Internet]. 1962 ;[citado 2024 abr. 24 ] Available from: https://repositorio.usp.br/directbitstream/e9854a6e-ad60-4192-828d-7ca6c5668765/FT-328.pdf


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