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A experiência materna de mulheres brasileiras, francesas e magrebinas e desenvolvimento do Self infantil (2015)

  • Autor:
  • Autor USP: BARBIERI, VALERIA - FFCLRP
  • Unidade: FFCLRP
  • Sigla do Departamento: 594
  • DOI: 10.11606/T.59.2015.tde-16082023-155857
  • Subjects: MÃES; CULTURA; CRIANÇAS; TÉCNICAS PROJETIVAS
  • Keywords: Criança; Cultura; Maternidade; Self; Técnicas projetivas; Children; Culture; Maternity; Projective techniques
  • Agências de fomento:
  • Language: Português
  • Abstract: As experiências da criança junto à família, incluindo o modo como os pais exercem a parentalidade, são fundamentais para o seu desenvolvimento emocional, conforme definido pelo conceito psicanalítico de séries complementares. Essa constatação originou várias pesquisas sobre estilos e práticas parentais e sua influência sobre a criança. Contudo, a História e a Antropologia mostraram a insuficiência de estudar essas variáveis em si mesmas, desvinculadas do significado que elas apresentam em uma determinada comunidade cultural. Nesse contexto, o presente trabalho visou conhecer como mães brasileiras, francesas e magrebinas vivenciam a maternidade, associando suas experiências ao desenvolvimento do Self de suas crianças. Foram estudadas 27 díades mães-filhas, 10 delas naturais do Brasil, 10 da França e 7 procedentes da região do Magreb. A estratégia metodológica utilizada foi a das narrativas psicológicas, empregando os quadros 1, 2, 3, 4 e 8 do Teste de Apercepção Temática Infantil (CAT-A) como mediadores da comunicação, tanto para as crianças como para as mães. As crianças foram todas do sexo feminino, com idade variando entre 4 anos e meio e 10 anos e ocupando diferentes posições na ordem de nascimento. Os dados foram analisados qualitativamente, sendo redigidas sínteses para cada um dos grupos de mães e de crianças, de modo a associar, em cada realidade cultural, a experiência materna e o desenvolvimento do Self das meninas. Os resultados mostraram que todas as díades fazem face aos desafios do estágio de dependência relativa do amadurecimento emocional, mas o manejam de modo diferente. As mães francesas valorizam e incentivam a independência de suas filhas e esforçam-se, elas mesmas, para conciliarem a autonomia individual e a devoção maternal. Para elas a maternidade implica em um projeto de superação pessoal e elas buscam aprimorar o que receberamdos pais, procurando não cometer os mesmos erros que eles. A autoridade no lar é compartilhada entre os cônjuges e os limites são impostos à criança de modo flexível, pois a oposição infantil é considerada como um modo de firmar a identidade pessoal da criança. As meninas francesas, cientes de que suas mães valorizam a autonomia, veem o ingresso no mundo exterior de maneira positiva e esforçam-se por assimilar as normas e regras de um modo criativo e pessoal. As mães magrebinas, por sua vez, concebem a maternidade como uma chance de perpetuarem a dinastia familiar. Elas são bastante apegadas às tradições e desejam educar suas filhas do mesmo modo como foram educadas por seus pais. Para elas, diferenciar-se muito dos seus tem um status de rejeição aos antepassados, o que desencadeia um intenso sentimento de culpa. Para elas, a crescente autonomia da criança provoca o temor de que a filha prefira os valores do meio extrafamiliar e se extravie da família. Embora o homem seja mais distante do cotidiano doméstico, ele é figura de autoridade do lar, o que desencadeia na mulher sentimentos de injustiça. As crianças magrebinas experimentam forte ambivalência para com o pai no início da dependência relativa, mas aos poucos essa relação evolui para positiva. Elas também receiam que a autonomia as deixe vulneráveis, já que suas mães não lhes mostram que o mundo extrafamiliar é continuidade do lar; mesmo assim, têm esperança de um dia conseguirem alcançar uma inserção criativa nele. Finalmente, as mães brasileiras, como as francesas, valorizam a autonomia pessoal, mas temem serem ingratas com seus pais caso eduquem suas filhas de maneira muito diferente da que foram educadas. Elas somente conseguem desenvolver um estilo educativo próprio quando se sentem seguras da incondicionalidade do amor dos pais. Nos seus lares, o homem é geralmente a figura de autoridadee, embora ela desempenhe funções tradicionalmente masculinas, ele não efetua o movimento recíproco, o que resulta em sobrecarga da mulher. Sobre as crianças, o ingresso na dependência relativa provoca-lhes inicialmente o temor de perder o encontro criativo com a mãe e com o mundo. A descoberta de que a mãe continua a amá-las, mesmo se agora elas são diferentes de antes, e a conquista da capacidade simbólica lhes asseguram que existe lugar para o viver criativo na vida adulta; a partir disso, o crescimento passa a ser visto por elas com entusiasmo. Os resultados mostraram que o desenvolvimento do Self infantil ocorre em estreita sintonia com a experiência das mães, havendo variações importantes segundo a pertinência cultural
  • Imprenta:
  • Data da defesa: 08.10.2015
  • Acesso à fonteAcesso à fonteDOI
    Informações sobre o DOI: 10.11606/T.59.2015.tde-16082023-155857 (Fonte: oaDOI API)
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    • Cor do Acesso Aberto: gold
    • Licença: cc-by-nc-sa

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    • ABNT

      BARBIERI, Valéria. A experiência materna de mulheres brasileiras, francesas e magrebinas e desenvolvimento do Self infantil. 2015. Tese (Livre Docência) – Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto, 2015. Disponível em: https://doi.org/10.11606/T.59.2015.tde-16082023-155857. Acesso em: 19 abr. 2024.
    • APA

      Barbieri, V. (2015). A experiência materna de mulheres brasileiras, francesas e magrebinas e desenvolvimento do Self infantil (Tese (Livre Docência). Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto. Recuperado de https://doi.org/10.11606/T.59.2015.tde-16082023-155857
    • NLM

      Barbieri V. A experiência materna de mulheres brasileiras, francesas e magrebinas e desenvolvimento do Self infantil [Internet]. 2015 ;[citado 2024 abr. 19 ] Available from: https://doi.org/10.11606/T.59.2015.tde-16082023-155857
    • Vancouver

      Barbieri V. A experiência materna de mulheres brasileiras, francesas e magrebinas e desenvolvimento do Self infantil [Internet]. 2015 ;[citado 2024 abr. 19 ] Available from: https://doi.org/10.11606/T.59.2015.tde-16082023-155857


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