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Infecção perinatal pelo citomegalovírus (CMV) em prematuros com muito baixo peso alimentados com leite materno cru: incidência e morbidade em uma população com elevada soropositividade (2015)

  • Authors:
  • Autor USP: CELINI, FÁBIA PEREIRA MARTINS - FMRP
  • Unidade: FMRP
  • Sigla do Departamento: RPP
  • Subjects: RECÉM-NASCIDO DE MUITO BAIXO PESO; HERPESVIRIDAE
  • Language: Português
  • Abstract: Embora o leite humano traga inúmeras vantagens para a alimentação do recém-nascido pré-termo, esse pode ser a principal via de transmissão da infecção pelo citomegalovírus (CMV). Diferentemente de recém-nascidos a termo, prematuros podem ter consequências dessa infecção. Anticorpos neutralizantes são adquiridos das mães a partir de 28 semanas gestacionais, sendo seus títulos proporcionais aos níveis de anticorpos maternos contra o CMV. Supomos que em populações nas quais a reatividade sorológica para CMV seja elevada, a ocorrência de doença em prematuros que adquiram a infecção pelo CMV por meio do aleitamento materno seja amenizada pelos anticorpos passivamente adquiridos. Os objetivos deste estudo foram verificar a incidência, gravidade e fatores determinantes da infecção perinatal em prematuros de muito baixo peso, nascidos de mulheres soropositivas para este vírus, avaliando o curso clínico e laboratorial destas crianças e verificando a influência da carga viral e do nível dos anticorpos séricos neutralizantes na ocorrência da infecção. O estudo foi observacional, de coorte longitudinal, prospectivo, envolvendo recém-nascidos com idade gestacional < 30 semanas que tivessem o início da alimentação com leite materno cru até 15 dias de vida. As mães foram testadas quanto à soropositividade para o CMV. Quantificou-se a atividade neutralizante de anticorpos contra o CMV no soro dos recém-nascidos dos quais se descartou a infecção congênita por este vírus. Para identificação da infecção pós-natal pelo CMV realizada através da reação de cadeia em polimerase (PCR), amostras de saliva foram coletadas a cada duas semanas até 45 dias após a inclusão no estudo e a cada 3 semanas até a alta hospitalar. Dados de avaliação clínica diária foram compilados, assim como testes laboratoriais (hematologia e enzimas hepáticas) foram colhidos na inclusão e periodicamente, a cada2 a 3 semanas e até a alta hospitalar. Consideraram-se relacionadas à infecção pelo CMV qualquer uma das alterações clínico-laboratoriais identificadas 4 semanas antes e até 4 semanas após a data estimada da infecção. Foram colhidas amostras do leite materno cru oferecido para os recém-nascidos durante todo o período de permanência hospitalar a fim de se avaliar a magnitude da exposição ao CMV por esta via, tendo-se também registrado o volume e a frequência do leite materno cru ingerido pela criança. A incidência de infecção pós-natal pelo CMV foi de 15,3% (IC95% 9,8%; 22,6%). Os fatores de risco associados à infecção foram a prematuridade e a exposição a cargas virais lácteas mais elevadas. Comparando-se com aqueles de idade gestacional de 29 a 30 semanas, crianças < 29 semanas tiveram de 2 a 8 vezes maior risco de adquirirem infecção. Apenas 12,5% das crianças incluídas foram assintomáticas, sendo que 75% das crianças sintomáticas apresentaram manifestações clínico-laboratoriais transitórias e 12,5% quadros mais graves. Não houve diferença entre os grupos estudados quanto ao curso clínico, entretanto as alterações laboratoriais foram mais frequentes no grupo dos infectados quando comparados aos não infectados pelo CMV. Os pacientes infectados ficaram períodos mais prolongados internados (RR= 2,1; IC95% 1,33-3,22) e apresentaram maior incidência de retinopatia da prematuridade de graus 2 e 3, além de maior risco de óbito (RR= 3,19; IC 95% 1,32- 7,7). Nenhum óbito foi atribuído primariamente ao CMV. Conclui-se que a infecção pós-natal pelo CMV em prematuros < 30 semanas é frequente e dependente da idade gestacional, atingindo até 60% dos RN com 23-24 semanas. A exposição a altas cargas lácteas virais lácteas também aumenta o risco de infecção. Entretanto, a infecção pós-natal por CMV pouco frequentemente desencadeia sinais clínicos compatíveis coma doença citomegálica, sendo que apesar de frequentes, as alterações laboratoriais são transitórias. A ocorrência de ROP II ou III foi cerca de 3 vezes maior nas crianças com infecção pós-natal por este vírus, fato que deve ser considerado um sinal de alerta.
  • Imprenta:
  • Data da defesa: 11.02.2015

  • How to cite
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    • ABNT

      CELINI, Fábia Pereira Martins. Infecção perinatal pelo citomegalovírus (CMV) em prematuros com muito baixo peso alimentados com leite materno cru: incidência e morbidade em uma população com elevada soropositividade. 2015. Tese (Doutorado) – Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto, 2015. . Acesso em: 23 abr. 2024.
    • APA

      Celini, F. P. M. (2015). Infecção perinatal pelo citomegalovírus (CMV) em prematuros com muito baixo peso alimentados com leite materno cru: incidência e morbidade em uma população com elevada soropositividade (Tese (Doutorado). Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto.
    • NLM

      Celini FPM. Infecção perinatal pelo citomegalovírus (CMV) em prematuros com muito baixo peso alimentados com leite materno cru: incidência e morbidade em uma população com elevada soropositividade. 2015 ;[citado 2024 abr. 23 ]
    • Vancouver

      Celini FPM. Infecção perinatal pelo citomegalovírus (CMV) em prematuros com muito baixo peso alimentados com leite materno cru: incidência e morbidade em uma população com elevada soropositividade. 2015 ;[citado 2024 abr. 23 ]

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