Yo el supremo: o confinamento da escrita e o ditador cinzento - Augusto Roa Bastos (2008)
- Autores:
- Autor USP: VEIGA, RUI GERBI - FFLCH
- Unidade: FFLCH
- Sigla do Departamento: FLM
- Assunto: LITERATURA PARAGUAIA (CRÍTICA E INTERPRETAÇÃO)
- Idioma: Português
- Resumo: Os três enfoques principais deste estudo dissertativo envolvem componentes de ordens diversas. A primeira destas focaliza a questão do Poder Ditatorial no processo de construção de Yo el Supremo, um romance que se utiliza da história não se colocando assim como um romance histórico clássico -. Sob a óptica da ditadura, enfatiza-se a construção de uma poética da violência, que se concentra na denúncia e na descrição do autoritarismo de Estado e seus processos de dominação do cidadão. O segundo fator refere se à esfera da relação entre imaginação literária 'e história na construção desse romance peculiar. Chama a atenção a formulação concebida pelo autor ao montar uma trama textual constituída de fragmentos que se justapõem entre si, sem uma relação de causa e efeito para dar continuidade necessária à teia escrita. Conseqüentemente, o texto está repleto de elementos heterodoxos para uma construção ficcional, porém essa relação complexa forma ao final uma fragmentação politicamente coerente e racional compatível com as concepções absolutistas e concentradoras do poder. A opção de escrita do autor foi a de valorizar a ficção e a forma narrativa e situar a história como um pano de fundo da teia narrativa. O romance pelo fato de ser construído e narrado todo ele em primeira pessoa (Yo) abarca - um alto)grau de subjetividade em seu corpo, ampliando as tensões, entre a imaginação literária (na ordem da subjetividade) e a própria história, no campo objetivo.Esse embate mobiliza diversos artifícios da (ficção na construção da trama. Estes mecanismos são díspares como a atemporalidade do personagem central, o Ditador; seu caráter bufão e histriônico; sua movimentação corporal em espaços exíguos e restritivos; a relação de dominação com seu secretário Patiño; embate permanente com a escrita e os escritores e na sua luta contínua pelo reconhecimento de seu governo na História. O terceiro fator relaciona o anacronismo presente no personagem central - este circula livremente pelas dimensões do tempo passado, presente e futuro - dentro da trama. Os espaços temporais livres são identificados através da forte intertextualidade construída nos diálogos explícitos e implícitos do Ditador com personagens históricos, mitológicos e homens comuns em todas as épocas. As relações de intertextos adensam e aprofundam a atemporalidade e servem de fiador da movimentação permanente do romance nas dimensões temporais mencionadas o romance de Roa Bastos coloca-se como uma verdadeira revolução novelesca à proporção que, amplia o estudo do fenômeno das ditaduras e do absolutismo em qualquer escala de tempo )e em qualquer espaço. Não se trata, pois, de uma ficção presa a um lugar específico ou a uma época, como era usual na escritura latino-americana durante os anos 60 e 70 do século XX. Sua preocupação principal é demonstrar o caráter repressivo, egocêntrico e violento das ditaduras, através de uma metáfora pelo autor construídaficcionalmente, a Suprema Ditadura. Um regime restritivo e discricionário, cujo governante sequer tem nome e que pode ser ambientado em qualquer lugar, portanto universa1. O déspota na representação se coloca sempre como uma figura cinzenta e militarizada acima de toda sociedade e afastado de todos os indivíduos
- Imprenta:
- Data da defesa: 11.04.2008
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ABNT
VEIGA, Rui Gerbi. Yo el supremo: o confinamento da escrita e o ditador cinzento - Augusto Roa Bastos. 2008. Dissertação (Mestrado) – Universidade de São Paulo, São Paulo, 2008. . Acesso em: 28 mar. 2024. -
APA
Veiga, R. G. (2008). Yo el supremo: o confinamento da escrita e o ditador cinzento - Augusto Roa Bastos (Dissertação (Mestrado). Universidade de São Paulo, São Paulo. -
NLM
Veiga RG. Yo el supremo: o confinamento da escrita e o ditador cinzento - Augusto Roa Bastos. 2008 ;[citado 2024 mar. 28 ] -
Vancouver
Veiga RG. Yo el supremo: o confinamento da escrita e o ditador cinzento - Augusto Roa Bastos. 2008 ;[citado 2024 mar. 28 ]
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