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Composição florística e estrutura das florestas estacionais decíduas sobre calcário a oeste da Cadeia do Espinhaço, Minas Gerais, Brasil (2007)

  • Autores:
  • Autores USP: MEGURO, MARICO - IB ; PIRANI, JOSE RUBENS - IB ; SILVA, RENATO DE MELLO - IB
  • Unidade: IB
  • Assuntos: FLORESTAS TROPICAIS; VEGETAÇÃO
  • Idioma: Português
  • Resumo: Visando contribuir para o conecimento dos fragmentos de florestas estacionais decíduas ainda existentes em diferentes áreas do país e de suas relações entre si e com a vegetação dos entornos, este trabalho traz a caracterização fisiográfica e as relações estruturais e flor´sticas de seis manchas desse tipo de floresta sobre afloramentos de calcário (Formação Bambuí) existentes no flanco oeste da Cadeia do Espinhaço em Minas Gerais. A característica fundamental dessas matas é o padrão decíduo, que resulta numa fisionomia marcante e detectável a longa distãncia na época seca. Por isso, o trabalho buscou também verificar o grau de similaridade da flora das matas estudadas com outras florestas decíduas do Brasil. 296 espécies de plantas vasculares foram amostradas nas matas sobre calcário adjacentes ao Espinhaço, sendo as famílias de maior riqueza específica as Leguminosae (33 spp.), Euphorbiaceae sensu stricto (18 spp.), Bignoniaceae (13 spp.), Malvaceae sensu lato (13 spp.), Apocynaceae sensu lato (11 spp.) e Sapindaceae (11 spp.). Todas as outras famílias são representadas por menos de dez espécies. As comparações florísticas entre os componentes arbóreo-arbustivos efetuadas entre duas das matas estudadas junto ao Espinhaço (Santo Hipólito e Serra do Cipó) revelaram baixa similaridade (índices de Jaccard 17,85% e de Sörensen 30,30%), com apenas 25 espécies comuns do total de 165. Da mesma forma, as comparações dessas duas matas com outras florestas decíduasdo país (Bacia do Rio Paraná em Goiás, floresta Atlântica sobre calcário do Alto Ribeira, São Paulo) mostraram dissimilaridade ainda mais marcante (ISj inferiores a 5,5% e ISso inferiores a 10%). O trabalho explora alguns aspectos fisiográficos e estruturais mais detalhados sobre a mata da região de Santo Hipólito, que apresenta estrutura de pequena complexidade, com densidade dos componentes lenhosos com diâmetro superior a 2,5 cm de 3300 por hectare, distribuídos entre 28 espécies lenhosas com diâmetro igual ou superior a 5 cm contabilizaram 1790 indivíduos por ha. O estudo fitossociológico traz também os dados de freqüência e dominância relativas e o valor de importância (VI) das espécies arbóreas e arbustivas com diâmetro (DAP) igual ou superior a 2,5 cm. As espécies com maiores valores de importância nessa floresta são Myracrodruon urundeuva e Anadenathera colubrina, muito bem distribuídas e abundantes, mas com área basal mediana; Ficus calyptroceras, com alta dominância relativa, apresenta, como Ceiba pubiflora e Sterculia striata, indivíduos de porte avantajado, mas de freqüência e densidade baixas. Entre as árvores de porte menor, Dilodendron bipinnatum, Dalbergia foliolosa, Acacia piauhiensis, Tabebuia alba, Aralia warmingiana, Sapium glandulosum e Erythroxylum subrotundum apresentam freqüência e densidade altas, e a distribuição das classes de altura, nas populações de cada espécies, mostrou-se bastante regular econtínua. As análises revelaram, na mata de Santo Hipólito, um solo eutrófito com características químicas bem diversas dos solos litólicos ocorrentes no Planalto do Espinhaço adjacente, e com déficit hídrico sazonal. Algumas dessas espécies são de ocorrência características no semi-árido nordistino sobre calcário (Formação Bamvuí) ou solos férteis originários de rochas cristalinas. A principal conclusão do trabalho é que, embora a presença de um conjunto de espécies vegetais sobre substratos carbonáticos possa ser primariamente relacionada com suas características topográficas e físico- químicas particulares, a composição florística pode ser muito diferente em cada local estudado, estando a flora de cada comunidade localmente influenciada por características topoclimáticas e pela vegetação do entorno. A análise da distribuição geográfica das espécies arbóreas mais proeminentes das matas estudadas revela diversos padrões biogeográficos, com poucas espécies claramente restritas a matas deciduais sobre substrato carbonáticos. Isso, associado à conclusão anterior, implica que os fragmentos de matas deciduais hoje fortemente disjuntos na América do Sul podem efetivamente ser remanescentes de uma formação estacional pretérita de ampla distribuição geográfica, como já proposta na literatura recente. No entanto, eles devem ter alcançado seu atual aspecto "insular numa matriz vegetacional distinta" há muito tempo, muitos milhões de anos:tempo suficiente para que a dinâmica espaço-temporal tenha transformado profundamente a flora de cada fragmento, onde coexistem hoje espécies típicas do substrato carbonático junto a espécies dos domínios vegetacionais adjacentes que, pela proximidade geográfica e condições ecotonais, conseguem estabelecer populações ali
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    • ABNT

      MEGURO, Marico et al. Composição florística e estrutura das florestas estacionais decíduas sobre calcário a oeste da Cadeia do Espinhaço, Minas Gerais, Brasil. Boletim de Botânica da Universidade de São Paulo, v. 25, n. 2, p. 147-171, 2007Tradução . . Acesso em: 18 set. 2024.
    • APA

      Meguro, M., Pirani, J. R., Mello-Silva, R. de, & Cordeiro, I. (2007). Composição florística e estrutura das florestas estacionais decíduas sobre calcário a oeste da Cadeia do Espinhaço, Minas Gerais, Brasil. Boletim de Botânica da Universidade de São Paulo, 25( 2), 147-171.
    • NLM

      Meguro M, Pirani JR, Mello-Silva R de, Cordeiro I. Composição florística e estrutura das florestas estacionais decíduas sobre calcário a oeste da Cadeia do Espinhaço, Minas Gerais, Brasil. Boletim de Botânica da Universidade de São Paulo. 2007 ; 25( 2): 147-171.[citado 2024 set. 18 ]
    • Vancouver

      Meguro M, Pirani JR, Mello-Silva R de, Cordeiro I. Composição florística e estrutura das florestas estacionais decíduas sobre calcário a oeste da Cadeia do Espinhaço, Minas Gerais, Brasil. Boletim de Botânica da Universidade de São Paulo. 2007 ; 25( 2): 147-171.[citado 2024 set. 18 ]


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