Influência do tempo de vida na pesquisa das emissões otoacústicas evocadas transcientes em recém nascidos (2005)
- Authors:
- USP affiliated authors: ALVARENGA, KATIA DE FREITAS - FOB ; BEVILACQUA, MARIA CECILIA - FOB
- Unidade: FOB
- Subjects: EMISSÕES OTOACÚSTICAS; RECÉM-NASCIDO
- Language: Português
- Abstract: 1 - INTRODUÇÃO As emissões otoacústicas evocadas transientes (EOAet) têm sido amplamente utilizadas para a realização da triagem auditiva universal, em recém-nascidos (MUNHOZ & COAVILLA et al., 2000; GRAVEL & HOOD, 2001; LONSBURY-MARTIN, 2001) Para obter-se o registro das emissões otoacústicas, o estímulo primeiramente é apresentado no conduto auditivo externo (CAE) e transmitido até a cóclea de onde retornará e será captada como resposta no CAE. De acordo com CHANG et al. (1993) pode ocorrer uma alta taxa de falso positivo nos recém-nascidos triados com menos de 48 horas de vida. As condições do CAE são de extrema importância para o registro das mesmas, sendo que a presença de cerúmem, débris, objetos estranhos, vérnix, principalmente em neonatos, nível elevado de ruído ambiental no local da avaliação e a presença de secreção na orelha média deve ser sempre considerada quando não houver emissões otoacústicas inteiramente normais (CHANG et al., 1993; HALL, 2000a). A influência do vérnix é demonstrada por CHANG et al. (1993) que verificaram o aumento na taxa de aprovação (Passa) nas EOAet de 76% para 91% após a limpeza do conduto auditivo externo em recém-nascidos. Outro problema que pode influenciar na captação da resposta no CAE é a presença de líquido amniótico no espaço da orelha média durante o primeiro dia de vida, sendo que exames físicos mostraram que com 48 horas de vida, a orelha média já está arejada e a membrana timpânica móvel. O mesênquimatambém pode ser considerado outra variável na captação das EOAet, pois trata-se de uma forma de tecido conjuntivo localizado entre o epitélio e os ossos, presente na orelha média do feto que é reabsorvido próximo do final da impregnação e um pouco antes do nascimento. No entanto, podem persistir restos de mesênquima no espaço da orelha média de alguns recém-nascidos, que desaparecem geralmente com alguns dias de vida (HALL & MUELLER, 1998b) ou em antes de( Continua) ) completar um ano de vida (HALL, 2000b). MUNHOZ & COAVILLA et al. (2000) também consideraram o colabamento do meato acústico externo como outro fator que impediria o registro das EOAet. questão social é outro problema enfrentado nos programas de triagem auditiva neonatal, visto que os recém-nascidos saudáveis recebem alta hospitalar com 1 ou 2 dias de vida e o problema do vérnix nesta população é em maior proporção de que em uma população com mais de 48 horas de vida e estes recém-nascidos geralmente não retornam aos hospitais para consultas sendo que isto impõe problemas práticos para garantir que a triagem auditiva seja realizada antes da alta hospitalar (HALL & MUELLER, 1998a; WEBER & DIEFENDORF, 2001). OBJETIVO Analisar criticamente a realização da triagem auditiva neonatal universal a partir de 24 horas de vida até a alta hospitalar. 3 - METODOLOGIA Este estudo foi realizado no programa de triagem auditiva neonatal universal, implantado no "Hospital Maternidade Santa Isabel" da cidade deBauru -SP, pelo Departamento de Fonoaudiologia, da Faculdade de Odontologia de Bauru / Universidade de São Paulo. A triagem auditiva neonatal universal (TANU) foi realizada por meio das emissões otoacústicas evocadas transientes (EOAet). O equipamento utilizado foi o Madsen Capella, por meio do estímulo clique, não linear, na intensidade de 80 dBNPS. O critério de Passa/Falha foi a reprodutibilidade da resposta coclear de no mínimo 70% de correlação e relação sinal/ruído de 6 dBNPS em 3 freqüências, incluindo 4 KHz. Participaram deste estudo 261 recém-nascidos apresentando função coclear normal comprovado por meio da presença de EOAet no teste, antes da alta hospitalar, ou no reteste, de 7 a 10 dias após a alta. Foram excluídos os recém-nascidos que apresentaram indicadores de risco para a deficiência auditiva de acordo com JCIH (2000), e os que não ) passaram na triagem auditiva no reteste. O teste foi realizado em sala silenciosa, sendo que os recém nascidos estavam dormindo ou em estado de sonolência. Os resultados foram analisados por meio da análise estatística descritiva e o teste qui-quadrado com nível de significância (p) menor ou igual a 0,3. 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO Foi analisado o registro das emissões otoacústicas evocadas transientes de 261 recém-nascidos (n= 522 orelhas) antes da alta hospitalar, sendo observado que 75% (n= 394) das orelhas triadas passaram na triagem auditiva neonatal universal no teste e 25 % (n=128) destas falharam, masapresentaram presença de EOAe-t no reteste (7 a 10 dias após a alta). Como já descrito anteriormente, o índice de falso positivo (25% de Falha) pode ser explicado pelas condições do conduto auditivo externo e da orelha média, além da possibilidade da presença do mesênquima na orelha média em alguns neonatos (HALL & MUELLER, 1998b; HALL, 2000b; MUNHOZ & COAVILLA et al., 2000; MARGOLIS, 1997; WEBER & DIEFENDORF, 2001; GRAVEL & HOOD, 2001). Considerando os 261 recém-nascidos triados, no teste antes da alta hospitalar, 25% (n 65) orelhas direitas e 24,2% (n 63) orelhas esquerdas falharam. No entanto não foi observado diferença estatisticamente significante entre as orelhas (teste qui-quadrado - p=0,760). Considerando a influência do tempo de vida na pesquisa das EOAet, o total de recém-nascidos triados (n=261) foram divididos em 5 grupos de acordo com as horas de vida no momento da triagem: G I - 24 I--- 30 horas; G II - 30 I--- 36 horas; G III - 36 I--- 42 horas; G IV - 42 I--- 48 horas e G V - 48 I--- 54 horas. Os resultados demonstram que não houve diferença estatisticamente significante entre os grupos, ou seja, a ocorrência de falha foi muito semelhante independente do tempo de vida do recém-nascido no ) no momento da realização da TANU (teste qui-quadrado - p=0,504 na orelha direita e p=0,527 na orelha esquerda), considerando as primeiras 54 horas de vida do recém-nascido. 5 - CONCLUSÃO Pode-se concluir para este estudo que não houve um momento mais adequadoentre o período 24 e 54 horas de vida para realizar a pesquisa das emissões otoacústicas evocadas transientes no programa de triagem auditiva neonatal universal.Este trabalho contribuiu para conscientizar os profissionais envolvidos, que é possível realizar a triagem auditiva neonatal universal antes da alta hospitalar, pois assim asseguramos o maior número possível de triagens tornando o programa mais eficaz
- Imprenta:
- Source:
- Título do periódico: Anais
- Conference titles: Congresso Brasileiro de Fonoaudiologia
-
ABNT
MELO, Ana Dolores Passarelli de et al. Influência do tempo de vida na pesquisa das emissões otoacústicas evocadas transcientes em recém nascidos. 2005, Anais.. Santos: Faculdade de Odontologia de Bauru, Universidade de São Paulo, 2005. . Acesso em: 29 mar. 2024. -
APA
Melo, A. D. P. de, Alvarenga, K. de F., Duarte, J. L., Pesse, R. S. A., & Bevilacqua, M. C. (2005). Influência do tempo de vida na pesquisa das emissões otoacústicas evocadas transcientes em recém nascidos. In Anais. Santos: Faculdade de Odontologia de Bauru, Universidade de São Paulo. -
NLM
Melo ADP de, Alvarenga K de F, Duarte JL, Pesse RSA, Bevilacqua MC. Influência do tempo de vida na pesquisa das emissões otoacústicas evocadas transcientes em recém nascidos. Anais. 2005 ;[citado 2024 mar. 29 ] -
Vancouver
Melo ADP de, Alvarenga K de F, Duarte JL, Pesse RSA, Bevilacqua MC. Influência do tempo de vida na pesquisa das emissões otoacústicas evocadas transcientes em recém nascidos. Anais. 2005 ;[citado 2024 mar. 29 ] - As consequências da otite média na aquisição e desenvolvimento entre 4 e 7 anos: estudo quantitativo e qualitativo
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