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Diversidade, estrutura e dinâmica do componente arbóreo de uma floresta de terra firme de Manaus, Amazonas (1997)

  • Autores:
  • Autor USP: OLIVEIRA, ALEXANDRE ADALARDO DE - IB
  • Unidade: IB
  • Sigla do Departamento: BIB
  • Assunto: FLORESTAS
  • Idioma: Português
  • Resumo: A Amazônia brasileira abriga mais de 3 milhões de k'm POT.2' de áreas florestadas, sendo a maior parte ocupada por matas de terra firme. Para a análise da comunidade árborea da Reserva 1501, do Projeto Dinâmica Biológica de Fragmentos Florestais (PDBFF), a cerca de 90 NNE de Manaus, Amazonas, foram inventariadas três parcelas de 100x100 m, sorteadas aleatoriamente entre 100 previamente demarcadas. Todos os indivíduos com diâmetro à altura do peito (DAP) maior ou igual a 10 cm foram mapeados, etiquetados e monitorados a cada 15 dias, por um período de dois anos. Durante o monitoramento foram coletados material botânico dos indivíduos em fenofase reprodutiva e, ao final dos dois anos, material-testemunha de todo o restante dos indivíduos. O material botânico coletado foi identificado e as exsicatas depositadas em herbários (INPA, SPF, NY). A análise estrutural da comunidade foi efetuada através de descritores de densidade, dominância, freqüência e valor de importância. Foram reconhecidas 513 morfoespécies e identificadas entre 280 e 285 espécies por hectare. Das 57 famílias amostradas, 40% estão representadas por menos de 10 indivíduos e as nove famílias mais importantes contribuem com mais de 65% das árvores amostradas. Sapotaceae, Lecythidaceae e Burseraceae são, nessa ordem, as três famílias mais importantes para qualquer dos hectares amostrados. As espécies com maior valor de importância (VIE) variam muito entre as amostras; apenas três aparecem entre as dez maisimportantes em todos os hectares: Scleronema micranthum (Bombacaceae), Protium hebetatum (Burseraceae) e Minquartia guianensis (Olacaceae). Nenhuma espécie contribui com mais de 4% do VIE, e mais da metade (56-61%) das espécies em cada um dos hectares são representadas por apenas um indivíduo, mostrando uma alta taxa de espécies raras sem qualquer dominância ao nível de espécies. Essa elevada quantidade de espécies raras e a ausência de dominância ) impedem uma descrição satisfatória da vegetação, através de parcelas de um hectare. As parcelas deste estudo mostram grande similaridade aos níveis de gêneros e famílias, principalmente quanto aos táxons mais abundantes, sendo possível a caracterização da comunidade nesses níveis taxonômicos. Um novo descritor para a vegetação é apresentado, denominado de Valor de Importância Genérico (VIG), que hierarquiza os gêneros conforme a contribuição relativa de número de indivíduos, área basal e número de espécies nas amostras. A partir do VIG, podemos caracterizar as matas de terra firme de Manaus como associações de Pouteria (Sapotaceae), Eschweilera (Lecythidaceae) e Protium (Burseraceae). As observações de fenologia reprodutiva mostram certa uniformidade nos padrões observados entre as parcelas. Um pico de floração ocorreu no final da estação seca e no início da estação chuvosa, nos meses de outubro a dezembro, enquanto a maior diversidade de espécies em frutificação ficou concentrada no período de maiorpluviosidade, entre os meses de fevereiro a maio. A alta porcentagem de espécies (52%) que não apresentaram nenhum tipo de fenofase reprodutiva, durante os dois anos de observação, indica que grande parte das espécies arbóreas em matas de terra firme da região de Manaus apresentam ciclos reprodutivos supra-anuais. A diferença, entre os anos de observação, com relação ao número de indivíduos e espécies que apresentaram flores e frutos, foi muito grande. Tais dados indicam que a disponibilidade de recursos vegetais para a fauna, principalmente de frutos e sementes, varia sazonalmente e também anualmente. As variações supra-anuais na frutificação parecem estar associadas a anos atípicos de secas drásticas que levam a uma grande porcentagem de aborto de frutos imaturos. As variações na produção de frutos podem afetar consideravelmente o sucesso reprodutivo das espécies e ocasionar flutuações nas ) densidades das populações. Flutuações climáticas provocando variações nas densidades das populações foram consideradas por diversos autores como responsáveis pela manutenção da diversidade biológica por evitarem a exclusão competitiva. Dessa forma, os padrões fenológicos reprodutivos pouco predizíveis podem ser um dos mecanismos responsáveis pela manutenção da alta diversidade biológica nas florestas de terra firme de Manaus. Extrapolações do número de espécies esperadas para a região estudada demonstram que vários estimadores alcançam bom desempenho, quando aplicados paraáreas maiores do que dois hectares. São esperadas, para uma área de 100 ha, entre 700-900 espécies, o que representa por volta de 90% das espécies listadas até o momento para a floresta de terra firme sensu strictu da região de Manaus. Em um hectare foram amostradas menos de 40% das espécies esperadas para a área de 100 ha, existindo, portanto, a possibilidade de dois hectares próximos e em semelhantes condições ambientais serem totalmente dissimilares quanto à composição florística e estrutura da comunidade. A alfa-diversidade das três parcelas estudadas (280-285 spp/ha) é uma das mais altas já obtidas em florestas tropicais, estando muito próxima aos inventários mais ricos em espécies, na Amazônia Ocidental. Os principais fatores usualmente correlacionados à alta diversidade de árvores em florestas tropicais são a pluviosidade, a sazonalidade climática, a qualidade do solo e a dinâmica de mortalidade de árvores. Como Manaus apresenta solos menos férteis, menor quantidade de chuva e maior sazonalidade que árvores na Amazônia Ocidental, estimou-e a taxa de mortalidade com o objetivo de verificar se a riqueza encontrada poderia estar relacionada com a dinâmica da floresta. As parcelas apresentam uma taxa de mortalidade de 0,98 '+OU-' 0,30% indivíduos/ano, o que implica um tempo de substituição médio de 109 '+OU-' 39 anos. ) Portanto, os resultados obtidos estão em desacordo com a postulada correlação positiva entre a taxa de mortalidade e a diversidade de árvores,encontrada em estudo prévio em florestas tropicais de todo o mundo. As florestas de Manaus estão entre as mais ricas em espécies mas entre as menos dinâmicas, segundo a taxa de mortalidade. A análise dos padrões de distribuição geográfica demonstra que 82,7% das espécies arbóreas encontradas em matas de terra firme na região de Manaus são exclusivas das florestas da Amazônia e Guianas e que 7,1% são endêmicas da região. Das espécies analisadas, 41,2% apresentam a região de Manaus como um de seus limites geográficos de distribuição. Outras localidades da Amazônia foram testadas, sendo a porcentagem de limites de ocorrência em Manaus significativamente maior. A alta porcentagem de limites de distribuição geográfica indica tratar-se de uma área de confluência de províncias florísticas distintas, o que explicaria a alta riqueza de espécies arbóreas encontradas na região. As análises multivariadas em 31 áreas de terra firme, demonstram que as florestas da região de Manaus apresentam fortes relações florísticas e estruturais com florestas a leste e a oeste na Amazônia, corroborando a idéia daquela ser uma área de confluência de províncias fitogeográficas
  • Imprenta:
  • Data da defesa: 15.08.1997

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    • ABNT

      OLIVEIRA, Alexandre Adalardo. Diversidade, estrutura e dinâmica do componente arbóreo de uma floresta de terra firme de Manaus, Amazonas. 1997. Tese (Doutorado) – Universidade de São Paulo, São Paulo, 1997. . Acesso em: 19 abr. 2024.
    • APA

      Oliveira, A. A. (1997). Diversidade, estrutura e dinâmica do componente arbóreo de uma floresta de terra firme de Manaus, Amazonas (Tese (Doutorado). Universidade de São Paulo, São Paulo.
    • NLM

      Oliveira AA. Diversidade, estrutura e dinâmica do componente arbóreo de uma floresta de terra firme de Manaus, Amazonas. 1997 ;[citado 2024 abr. 19 ]
    • Vancouver

      Oliveira AA. Diversidade, estrutura e dinâmica do componente arbóreo de uma floresta de terra firme de Manaus, Amazonas. 1997 ;[citado 2024 abr. 19 ]


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